Desde tempos imemoriais, a humanidade voltou seus olhos curiosos para o vasto cosmos, questionando se estamos sozinhos ou se compartilhamos o universo com formas de vida inteligente além de nosso planeta.
Em uma busca contínua por respostas, cientistas revelam estratégias para estabelecer contato com extraterrestres no espaço sideral, e até mesmo prevenir uma potencial guerra intergaláctica, caso essa comunicação seja mal interpretada.
O cerne dessa abordagem repousa sobre o desenvolvimento da “ciência da linguagem extraterrestre”, uma compilação elaborada por 25 especialistas de diversas disciplinas, incluindo linguística, antropologia, comunicação animal, filosofia, ciência da computação e biologia.
Este projeto ambicioso visa assegurar que qualquer interação com vida extraterrestre seja pacífica e não interpretada como hostil.
Em um estudo de 2020 publicado no Astrophysical Journal, estimou-se a existência de aproximadamente 36 civilizações “avançadas” somente na Via Láctea. No entanto, a identificação ou contato com essas civilizações permaneceu fora do alcance humano até agora.
"A esperança reside na possibilidade de recebermos ou enviarmos mensagens, potencialmente através dos programas Seti (Search for Extraterrestrial Intelligence), que há décadas têm sondado o espaço em busca de sinais de vida além da Terra.
O volume compilado pelos especialistas destaca a contribuição de figuras notáveis, como Noam Chomsky, conhecido como o “pai da linguística moderna”.
O editor do volume, o astrobiólogo Dr. Douglas Vakoch, expressa otimismo ao afirmar: “Sou otimista. Acho realista a possibilidade de recebermos uma mensagem durante nossa vida por meio dos programas Seti ou enviarmos mensagens que, algum dia, poderão receber uma resposta”.
A pesquisa se baseia nos conhecimentos atuais sobre as línguas humanas e nas diversas formas de comunicação animal para decifrar a possível “comunicação intencional de outro mundo”.
Os cientistas reconhecem que, embora exista uma pequena chance de contato, são necessários grandes avanços na Terra para aumentar as probabilidades de sucesso. Isso inclui a decodificação de idiomas antigos, como o Linear A, utilizado pelos minoanos de Creta até 1.400 a.C., que permanece não traduzido.
No entanto, enquanto a humanidade busca se comunicar com o desconhecido, é impossível ignorar as tentativas do passado. A espaçonave Voyager, lançada para explorar além do nosso sistema solar, desempenha um papel crucial nessa narrativa.
Equipada com um “Disco de Ouro”, a Voyager carrega saudações em 54 idiomas, sons de cumprimento de animais e até mesmo músicas representativas da diversidade cultural da Terra.
Uma proposta intrigante é a criação de uma espécie de “Pedra de Roseta” extraterrestre, um manual de tradução que incluiria palavras-chave significativas no espaço.
Os autores sugerem o envio de sinais curtos e simples para “um milhão de sistemas estelares uma vez por dia”, uma tentativa de estabelecer um diálogo com possíveis civilizações avançadas.
Em caso de detecção de contato extraterrestre, a sugestão é reenviar exatamente a mesma mensagem como prova de recebimento antes de embarcar na decifração da mensagem. Contudo, os cientistas alertam que a comunicação será lenta, pois levaria quatro anos para alcançar a estrela mais próxima na velocidade da luz.
Apesar dos desafios, os pesquisadores acreditam que civilizações avançadas compartilharão características cruciais, como o “uso de ferramentas, símbolos, comunicação, criação de cultura e curiosidade”.
Essa semelhança sugere que muitas características da linguagem humana podem ser compartilhadas com os extraterrestres, aumentando as chances de sucesso na análise de suas mensagens.
No entanto, os cientistas advertem que, sem uma abordagem cuidadosa, qualquer relacionamento com vida extraterrestre pode permanecer como “náufragos acenando uns para os outros a partir de ilhas separadas”, conscientes da existência uns dos outros, mas incapazes de compreender plenamente. Assim, o desafio de estabelecer uma comunicação intergaláctica continua a intrigar e inspirar a imaginação humana.
Enquanto a humanidade continua sua busca por respostas cósmicas, o legado da Voyager e os esforços atuais se entrelaçam em uma narrativa que transcende as fronteiras da Terra.
O que há no disco de ouro da Voyager?
A mensagem da Voyager é codificada em um disco fonográfico, feito de cobre e banhado a ouro, com 12 polegadas de diâmetro, que abriga uma cuidadosa seleção de sons e imagens destinada a representar a vasta diversidade da vida e cultura terrestres.
Este disco contêm mapas, gráficos e imagens, incluindo 117 fotografias, sons intrigantes de baleias jubarte, saudações expressas em 54 idiomas, um “ensaio sonoro” de 20 minutos delineando a vida na Terra, e uma extensa seleção musical que se estende por 90 minutos.
Entre as composições musicais escolhidas, destaca-se “Johnny B Goode”, de Chuck Berry.