Os mistérios do cosmos continuam a intrigar os astrônomos, e mais uma descoberta fascinante foi anunciada recentemente por uma equipe de pesquisadores dos Estados Unidos. Eles encontraram novas evidências de raios X que podem fornecer insights cruciais sobre como os buracos negros supermassivos desempenham um papel na formação das galáxias que os cercam.
A pesquisa, liderada pela astrofísica Dra. Kimberly Weaver do Goddard Space Flight Center da NASA, revela a detecção de raios X em torno de nuvens de gás frio em uma galáxia próxima.
Esses raios X parecem ser o subproduto de uma erupção de um buraco negro supermassivo, adicionando uma peça crucial ao quebra-cabeça da evolução galáctica.
O cerne da questão reside no debate em curso na comunidade científica sobre como as galáxias evoluem. Dra. Weaver destaca: “Encontramos buracos negros supermassivos no centro de quase todas as galáxias do tamanho da Via Láctea, e uma questão em aberto é quanta influência eles têm em comparação com os efeitos da formação de estrelas.”
A pesquisa se concentrou na galáxia espiral NGC 4945, localizada a impressionantes 13 milhões de anos-luz de distância. Esta galáxia é classificada como “ativa” devido ao comportamento brilhante e variável de seu buraco negro supermassivo central, o que a torna uma área de estudo fascinante para os astrônomos.
"Ao utilizar o satélite XMM-Newton da Agência Espacial Europeia e o observatório de raios X Chandra da NASA, os pesquisadores conseguiram analisar a atividade de raios X na NGC 4945. Eles identificaram um sinal específico chamado de “linha K-alfa de ferro”, originado do choque entre raios X de um buraco negro e gás extremamente frio, a uma temperatura de -200°C.

O interessante é que essas linhas, conhecidas como “linha K-alfa de ferro”, já foram observadas em galáxias ativas, mas nunca tão distantes do buraco negro que as gerou. Dra. Jenna Cann, pesquisadora de pós-doutorado no Goddard, explica: “O Chandra mapeou o ferro K-alfa em outras galáxias. Nessa galáxia, ele nos ajudou a estudar fontes individuais de raios X brilhantes na nuvem para nos ajudar a descartar outras possíveis origens além do buraco negro.”
Uma descoberta intrigante é que a linha observada na NGC 4945 se estende significativamente longe do centro da galáxia, exigindo o amplo campo de visão do XMM-Newton para ser completamente observada.
Os pesquisadores sugerem que o gás frio encontrado pode ser o remanescente de um jato ejetado pelo buraco negro há aproximadamente 5 milhões de anos. Esse evento pode ter desencadeado uma era de “explosão estelar” na galáxia, caracterizada por uma taxa significativamente elevada de formação de estrelas.
O Dr. Edmund Hodges-Kluck, astrofísico do Goddard, destaca a importância dessas descobertas: “Há várias linhas de evidência que indicam que os buracos negros desempenham papéis importantes em algumas galáxias, determinando suas histórias de formação de estrelas e seus destinos.”
Ao estudar galáxias como a NGC 4945, que se acredita estar em um período de transição, os cientistas conseguem aprimorar modelos que explicam como estrelas e buracos negros influenciam as mudanças galácticas.
O Dr. Hodges-Kluck acrescenta: “O XMM-Newton nos ajudou a descobrir um fóssil galáctico que não sabíamos que deveríamos procurar, mas que provavelmente é apenas o primeiro de muitos.”
Essa pesquisa oferece uma visão fascinante sobre a complexidade das interações cósmicas e destaca a importância de continuar explorando os mistérios do universo para compreendermos melhor nossa própria existência e a evolução das galáxias que nos cercam.