A NASA está prestes a dar um salto significativo na exploração espacial com o anúncio recente de seus planos de construir uma espaçonave alimentada por plutônio-238, recebido em uma remessa do Departamento de Energia (DOE). Este marco é celebrado como um passo crucial em direção à meta ambiciosa de produzir três vezes a quantidade atual desse material radioativo anualmente até 2026.
Carl Sandifer, gerente do Programa de Sistemas de Energia de Radioisótopos da NASA, destaca a importância dessa colaboração com o DOE. “O Programa de Sistemas de Energia de Radioisótopos da NASA trabalha em parceria com o Departamento de Energia para permitir que as missões operem em alguns dos ambientes mais extremos do nosso sistema solar e do espaço interestelar”, afirmou Sandifer durante o anúncio.
Essa iniciativa não é nova; há uma década, o DOE retomou a produção de plutônio-238, essencial para as missões espaciais. No entanto, a última remessa de 0,5 kg desse material é considerada um avanço significativo, indicando a progressão rumo à produção em escala que permitirá à NASA impulsionar suas missões espaciais.
O destaque dessa inovação é o uso de Geradores Térmicos de Radioisótopo (RTGs) e tecnologias semelhantes, como a Unidade de Aquecimento de Radioisótopo Leve (LWRHU) desenvolvida pela NASA.
Esses dispositivos convertem o calor gerado pelo decaimento radioativo do plutônio-238 em energia térmica, essencial para manter componentes críticos e computadores operacionais nos ambientes hostis do espaço.
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O Multi-Mission Radioisotope Thermoelectric Generator (MMRTG) da NASA é uma expressão dessa tecnologia avançada. Utilizando o decaimento do plutônio-238, o MMRTG não apenas gera calor, mas também produz eletricidade, tornando-se uma fonte versátil de energia para missões espaciais prolongadas.
O filme “The Martian” popularizou a ideia do uso de RTGs, onde o personagem principal, interpretado por Matt Damon, dependia de um Gerador Térmico de Radioisótopo para sobreviver nas duras condições marcianas. Embora o filme seja ficção científica, a realidade por trás desses dispositivos é fascinante.
A NASA observa que as espaçonaves alimentadas por energia nuclear, como o MMRTG, oferecem vantagens cruciais em comparação com fontes de energia convencionais.
Em missões no espaço profundo, onde os painéis solares enfrentam limitações crescentes quanto mais longe do sol, os sistemas movidos a radioisótopos continuam operacionais, possibilitando a exploração de destinos remotos no sistema solar e além.
O MMRTG, por exemplo, desempenhou um papel crucial no sucesso do rover Perseverance em Marte. Além de manter o rover aquecido nas gélidas temperaturas marcianas, ele forneceu uma constante fonte de 110 watts de eletricidade, permitindo descobertas significativas e a coleta de amostras promissoras.
Ao receber a recente remessa de plutônio-238 do Laboratório Nacional de Los Alamos, a NASA está avançando em direção a uma série de missões futuras. Esses planos visam explorar as profundezas do sistema solar e até mesmo além, impulsionados pelo poder do decaimento nuclear.
A confiança na eficácia e segurança desses sistemas é evidente quando a NASA destaca mais de sessenta anos de experiência no uso de RTGs para missões espaciais. A parceria contínua com o DOE visa garantir que o país esteja preparado para enfrentar os desafios das futuras missões que exigirão o uso de radioisótopos nas décadas seguintes.
Em suma, a NASA está preparada para dar um passo ousado em direção ao futuro, utilizando a energia nuclear para explorar os cantos mais distantes do espaço, confiante em sua longa história de sucesso com sistemas de energia elétrica baseados em radioisótopos.
O desenvolvimento contínuo dessas tecnologias promete abrir novas fronteiras na exploração espacial e na busca por respostas sobre a vida no universo.