A cooperação espacial internacional alcançou um novo marco significativo com o acordo entre a China e o Egito para a construção da Estação Internacional de Pesquisa Lunar (ILRS). O documento foi assinado em Pequim, na quarta-feira, pelos representantes das respectivas agências espaciais: Zhang Kejian, diretor da Administração Espacial Nacional da China (CNSA), e Sherif Sedky, diretor de operações da Agência Espacial Egípcia.
A parceria entre os dois países abrangerá diversos aspectos, desde o desenvolvimento da estação lunar até missões espaciais, sistemas espaciais, subsistemas, instalações e segmentos terrestres. Além disso, está previsto um intercâmbio de conhecimento e treinamento de talentos, conforme informações divulgadas pelo site da CNSA.
O acordo é visto como uma oportunidade estratégica para ambas as nações. Para John B Sheldon, sócio da AzurX, uma empresa de serviços espaciais em Dubai, a parceria beneficia a China ao acessar o mercado espacial significativo do Egito, que serve como uma porta de entrada para o maior mercado espacial da África.
Além disso, o Egito torna-se um parceiro diplomático valioso nos debates multilaterais sobre governança lunar e acordos de compartilhamento de recursos.
Sheldon destaca que a adesão à ILRS representa uma confirmação pública da parceria entre Egito e China, proporcionando benefícios duradouros ao Cairo em termos de apoio contínuo ao seu programa espacial em expansão. A expectativa é que, com essa colaboração, um astronauta egípcio possa caminhar na lua ao lado de colegas chineses na próxima década.
"A escolha do Egito em participar do ILRS não é surpreendente, considerando os laços espaciais profundos estabelecidos nos últimos anos com a China. Enquanto os Estados Unidos têm tido uma cooperação limitada com o Egito, a China tem fornecido apoio substancial em termos de financiamento, know-how e instalações reais para o programa civil de observação da Terra do Egito.
“Nos últimos anos, a China forneceu ajuda significativa em termos de financiamento, know-how e instalações e serviços reais para o programa civil de observação da Terra do Egito”, disse Sheldon. Enquanto isso, com os Estados Unidos, “não há cooperação espacial entre os EUA e o Egito além de alguns programas educacionais da Nasa”.
A recente colaboração foi evidenciada pelo lançamento do satélite de observação da Terra MisrSat-2 para o Egito pela China. Com 350 kg, o satélite coletará imagens de recursos hídricos, agrícolas e minerais, contribuindo para o monitoramento das mudanças climáticas na região.
O desenvolvimento conjunto do MisrSat-2, no âmbito da Iniciativa Cinturão e Rota, destaca a cooperação técnica entre engenheiros chineses e egípcios.
A China também desempenhou um papel crucial na construção do maior centro de montagem, integração e testes de satélites na África e no Oriente Médio, localizado no Cairo. Esse centro é fundamental para a transferência de tecnologias de satélite para o continente africano, conforme destacado por Sedky.
“A resolução desse satélite é muito alta em comparação com os satélites anteriores que temos”, disse Sedky à emissora estatal chinesa CGTN na segunda-feira. “Ter a resolução de 2 metros atenderá a um setor mais amplo de interesses para diferentes entidades governamentais e para diferentes usuários das imagens de satélite”, disse ele.
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Além da base lunar, o Egito e a China firmaram um memorando de entendimento sobre a cooperação e o uso pacífico do espaço sideral. Os planos incluem o desenvolvimento conjunto de naves espaciais, infraestrutura espacial, compartilhamento de dados de satélite e observação conjunta da astronomia, consolidando ainda mais os laços entre as duas nações.
Com a adesão do Egito ao ILRS, torna-se o oitavo país e o segundo da África, após a África do Sul, a participar desse projeto ambicioso, elevando o número total de parceiros para pelo menos 14. Enquanto isso, os Acordos Artemis, liderados pelos EUA, contam com 33 signatários, demonstrando a diversidade de colaborações internacionais no campo da exploração espacial.