A mídia chinesa expressou entusiasmo ao chamar a futura base lunar planejada pela China em parceria com a Rússia de “combinação perfeita”. Essa afirmação ocorreu após a aprovação, por parte de Moscou, do plano para levar adiante essa colaboração “sem limites” na Lua.
A Comissão Legislativa do Governo russo deu sinal verde à ratificação do acordo assinado pelos dois países no ano passado, visando a estabelecer uma estação lunar conjunta.
O cenário geopolítico atual, marcado por tensões entre China, Rússia e os Estados Unidos, acrescenta um elemento intrigante ao projeto. Enquanto os EUA também planejam retornar à Lua e explorar além, especulações sobre uma nova corrida espacial têm permeado o ambiente internacional.
A parceria sino-russa, anunciada pouco antes da invasão russa à Ucrânia em 2022, é, portanto, analisada à luz desses eventos e como parte de uma possível reconfiguração na exploração espacial.
A conclusão da base lunar conjunta está prevista para a década de 2030, conforme relatado pela mídia chinesa e russa. Em comparação, a NASA, agência espacial dos Estados Unidos, espera ter astronautas vivendo na Lua por longos períodos até 2030. Esse cronograma paralelo ressalta a competição e a colaboração simultâneas entre as potências espaciais.
"O projeto russo-chinês se desdobrará em três estágios distintos. Primeiramente, ambos os países explorarão a Lua para determinar a localização ideal da base.
Em seguida, estabelecerão um centro de controle, começarão a entregar cargas e instalarão módulos em órbita, proporcionando energia, transporte e comunicações. Por fim, a exploração da paisagem lunar, o desenvolvimento contínuo dos módulos e a presença humana na superfície serão priorizados.
O jornal Global Times destacou que essa colaboração “melhoraria muito as capacidades de exploração espacial de ambos os países”, aproveitando as respectivas forças: a China contribuindo com recursos e habilidades abundantes, enquanto a Rússia aporta sua experiência e pensamento inovador.
A análise sugere que, embora a União Soviética tenha sido inovadora durante a corrida espacial há décadas, a Rússia pós-soviética enfrentou desafios em manter o mesmo nível de destaque. Aqui, a China, com sua dominância econômica, entra como uma peça-chave, estreitando a lacuna entre seu setor espacial e o dos EUA.
Desde 2013, quando a China se tornou o terceiro país a pousar um rover na Lua, até o pouso bem-sucedido do rover Zhurong em Marte sete anos depois, o país asiático demonstrou avanços notáveis em sua exploração espacial.
O Global Times, ao comparar o projeto sino-russo com os Acordos Artemis liderados pelos EUA, ressalta uma abordagem mais inclusiva, em contraste com a “natureza exclusiva para imitar uma OTAN espacial” dos Acordos Artemis.
Enquanto os Acordos Artemis, lançados pela NASA e pelo Departamento de Estado dos EUA, são assinados por 32 países como princípios orientadores para a exploração espacial civil, a Estação Internacional de Pesquisa Lunar sino-russa liderada pela Roscosmos russa e pela Administração Espacial Nacional da China convida a participação de todas as partes interessadas.
Até o momento, países como África do Sul, Venezuela, Azerbaijão, Paquistão e Belarus já aderiram a essa colaboração.
A parceria sino-russa na exploração lunar emerge, assim, como um exemplo intrigante de cooperação internacional em um campo que historicamente testemunhou rivalidades. À medida que avançamos em direção à próxima década, o mundo observa atentamente como essa combinação moldará o futuro da exploração espacial e possivelmente influenciará dinâmicas geopolíticas globais.