A corrida espacial pela dominação na oferta de internet via satélite acaba de esquentar ainda mais, e a Amazon, por meio de seu Projeto Kuiper, demonstrou uma jogada significativa ao utilizar com sucesso a tecnologia de laser espacial chamada “link óptico entre satélites” (OISL).
Essa recente conquista pode posicionar a empresa e seu CEO, Jeff Bezos, como competidores sérios para a SpaceX, liderada pelo bilionário Elon Musk.
Na última quinta-feira, a Amazon anunciou que alcançou com êxito uma conexão de 100 gigabits por segundo entre dois satélites do Projeto Kuiper, localizados a impressionantes 621 milhas de distância um do outro na órbita baixa da Terra.
Esse feito representa um avanço significativo na transmissão de dados espaciais e sinaliza a possibilidade de fornecer internet de banda larga rápida e confiável para regiões remotas do planeta.
O diferencial da tecnologia OISL reside na capacidade de eliminar a necessidade de downlink imediato de dados para o solo, o que pode resultar em aumento de velocidade e redução de latência, especialmente para usuários finais em áreas remotas.
"A comunicação direta entre satélites significa que a Amazon pode potencialmente oferecer conexões robustas em locais remotos, como navios de cruzeiro no oceano ou plataformas de petróleo offshore.
O vice-presidente de tecnologia do Projeto Kuiper, Rajeev Badyal, destaca a natureza inovadora da tecnologia, afirmando em um comunicado que “com links ópticos entre satélites em toda a nossa constelação de satélites, o Projeto Kuiper funcionará efetivamente como uma rede de malha no espaço”.
Esse conceito de “redes em malha” refere-se a dispositivos conectados trabalhando juntos para formar uma única rede, algo que pode revolucionar a conectividade espacial.
Os testes bem-sucedidos realizados em novembro envolveram dois satélites, KuiperSat-1 e KuiperSat-2, que alcançaram velocidades de transmissão de cerca de 100 gigabits por segundo durante um período de teste de uma hora, mantendo a conexão enquanto se moviam a uma velocidade impressionante de até 15.534 milhas por hora.
A capacidade da rede do Projeto Kuiper de oferecer “vários caminhos para rotear através do espaço”, conforme apontado por Ricky Freeman, vice-presidente da Kuiper Government Solution, pode atrair clientes interessados em evitar arquiteturas de comunicação interceptáveis ou bloqueáveis, seja no setor militar ou empreiteiro de defesa.
Ao ser questionada sobre o potencial uso militar da tecnologia, a Amazon enfatizou que o Projeto Kuiper está, em primeiro lugar, focado em fornecer cobertura de internet para clientes residenciais em comunidades remotas e carentes. No entanto, não descartou a possibilidade de abordar parceiros governamentais no futuro.
O Projeto Kuiper foi lançado em 2019 com o objetivo ambicioso de criar uma constelação de 3.236 satélites em órbita baixa da Terra.
Embora tenha levado algum tempo para decolar, a Amazon demonstra agora que está avançando com firmeza, colocando-se como um concorrente sério para a SpaceX, que já lançou mais de 5.000 satélites Starlink e oferece serviço de internet via satélite aos clientes.
Apesar da notável conquista da Amazon, a SpaceX ainda mantém uma vantagem considerável no número de satélites em órbita e na oferta de serviços.
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O acordo recente entre as duas empresas, onde a Amazon utilizará os foguetes da SpaceX para lançar mais satélites da Kuiper, sugere uma competição feroz, mas também uma cooperação estratégica entre os gigantes da tecnologia espacial.
Os próximos capítulos dessa corrida espacial pela supremacia na internet via satélite prometem ser empolgantes, com a Amazon demonstrando que está disposta a competir em pé de igualdade com a SpaceX.
Resta agora aguardar para ver como essas tecnologias avançadas transformarão o cenário da conectividade global nos próximos anos.