O universo sempre oferece surpresas e desafios aos cientistas, e recentemente, o asteroide 2009 DQ118 trouxe à tona uma questão intrigante sobre a classificação dos objetos em nosso Sistema Solar.
Cientistas cidadãos envolvidos no projeto Active Asteroids detectaram “atividade semelhante à de um cometa” ao redor deste objeto, originalmente considerado um asteroide. Esta descoberta levanta questões sobre a natureza muitas vezes arbitrária de nossas classificações e a complexidade dos corpos celestes que habitam o espaço.
O projeto Active Asteroids, que mobiliza voluntários para analisar dados de arquivo, revelou mais de 20 imagens do 2009 DQ118, datando de março de 2016, evidenciando “sinais claros de uma cauda semelhante à de um cometa”.
A confirmação dessa atividade foi obtida por meio de observações posteriores com o Magellan Baade Telescope. Essa constatação intrigante desafia explicações convencionais, uma vez que as causas comuns para comportamento cometa, como sublimação de gelo devido ao calor solar, colisões entre asteroides ou rotação rápida, parecem não se encaixar nas observações.
Ao explorar a órbita do 2009 DQ118, uma conexão com os chamados quasi-Hildas surge. Enquanto os Hildas são asteroides e cometas que compartilham uma órbita específica com Júpiter, os quasi-Hildas, como o 2009 DQ118, são objetos temporariamente influenciados por essa órbita. Essa distinção sublinha a complexidade das interações gravitacionais no Sistema Solar.
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A incerteza sobre a natureza exata desses quasi-Hildas é evidente. Distinguindo entre cometas e asteroides à distância é desafiador, levantando a questão crucial: o 2009 DQ118 é, de fato, um cometa disfarçado de asteroide? Ou há processos ainda desconhecidos que tornam alguns asteroides ativos? A equipe do Active Asteroids defende a necessidade de investigações mais profundas para desvendar esse mistério cósmico.
A intrigante descoberta do 2009 DQ118 ressalta a contribuição significativa dos cientistas cidadãos na exploração espacial. Este fenômeno, cada vez mais comum, destaca a capacidade única desses voluntários em detectar o que os computadores ainda não conseguem e o tempo escasso que os cientistas profissionais têm para realizar essas observações detalhadas.
A questão fundamental sobre a existência de asteroides ativos permanece sem resposta. Menos de 50 desses objetos são conhecidos, tornando cada um deles uma peça valiosa no quebra-cabeça cósmico.

A origem desses asteroides ativos, que representam uma parcela tão pequena dos quasi-Hildas, permanece inexplicada. Contudo, a possível ligação entre esses quasi-Hildas e a atividade cometária sugere que há muito a ser explorado no vasto espaço entre as órbitas planetárias.
O Active Asteroids desempenha um papel crucial na resolução desse enigma. Ao reunir padrões encontrados em suas pesquisas, espera-se que os cientistas possam esclarecer a origem desses objetos e, consequentemente, expandir nosso entendimento sobre a distribuição e origem dos gelos voláteis no Sistema Solar.
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Esses asteroides ativos, anteriormente desconhecidos, podem até se tornar recursos valiosos para futuras missões de exploração espacial.
Em última análise, o 2009 DQ118 destaca a necessidade contínua de explorar, questionar e colaborar, não apenas entre cientistas profissionais, mas também com a crescente comunidade de cientistas cidadãos. O universo reserva inúmeras surpresas, e cada descoberta nos aproxima de desvendar os mistérios do cosmos.
O estudo foi publicado no The Astrophysical Journal Letters.