No coração do Levante do Sul, uma região rica em história e antiguidades, arqueólogos da Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA) fizeram uma descoberta extraordinária que lança uma nova luz sobre as práticas de guerra há 7.200 anos.
O estudo, intitulado “Up in Arms: Slingstone Assemblages from the Late Prehistoric Sites of ‘En Zippori and ‘En Esur”, revela as primeiras evidências de guerra organizada e produção em massa de armamentos na região durante o período Calcolítico inicial (c. 5800-4500 a.C.).
Os pesquisadores, liderados por Gil Haklay, Hendrik (Enno) Bron, Dina Shalem, Ianir Milevski e Nimrod Getzov, detalham em 22 páginas as descobertas feitas em dois grandes sítios arqueológicos – ‘En Esur, na planície norte de Sharon, e ‘En Zippori, na Baixa Galileia.
O foco principal da pesquisa recai sobre 424 pedras de funda do período Calcolítico Inicial, revelando uma produção sistemática em larga escala de armas de guerra.
As pedras de funda, aparentemente seixos naturais desgastados pela água, surgem como os primeiros vestígios de armamento na região, desaparecendo e ressurgindo no registro arqueológico apenas no período helenístico.
"A uniformidade impressionante dessas pedras sugere não apenas uma produção em grande escala, mas também um esforço coordenado e organizado para a preparação da guerra.
As análises detalhadas mostram que essas pedras eram fabricadas com calcário duro/dolomita, apresentando uma forma aerodinâmica bicônica específica. “As pedras que deveriam ser projetadas de uma funda são alisadas, permitindo uma projeção exata e eficaz”, explicam os arqueólogos.
A uniformidade no tamanho, com média de 52 mm de comprimento, 321 mm de largura e peso médio de 60 g, indica uma produção industrial em larga escala, o que os pesquisadores interpretam como uma preparação organizada para a batalha.
O estudo destaca que essas pedras de funda são as evidências mais antigas de guerra no sul do Levante, apontando para uma mudança significativa no paradigma da produção de armas durante o período Calcolítico Inicial.
A concentração impressionante dessas pedras sugere uma intensificação nos preparativos para a guerra, possivelmente entre potências locais, marcando uma transição da produção individual para um esforço comunitário na produção de munição.
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Eli Escusido, diretor-geral do IAA, destaca a importância da descoberta, afirmando que “mais uma vez, a arqueologia nos ensina que a história se repete. Os entendimentos de nossos pesquisadores abrem uma janela para uma compreensão mais profunda da vida e das relações entre grupos de pessoas em períodos pré-históricos.”
Essa revelação proporciona uma visão única das práticas de guerra antigas, revelando um passado surpreendentemente organizado e estratégico na região do Levante do Sul.