A escrita tem desempenhado um papel fundamental na evolução da civilização humana ao longo de milênios. Desde as primeiras tábuas de argila e pergaminhos até os livros modernos, os meios de registro do conhecimento passaram por mudanças significativas ao longo do tempo.
Determinar qual é o livro mais antigo que sobreviveu é uma questão complexa, pois depende da definição de um livro e de seu significado. Neste artigo, iremos explorar os 10 dos livros mais antigos do mundo, cada um representando uma parte valiosa do patrimônio literário da humanidade.
CÓDICE DE MADRI (IDADE ESTIMADA: 494 ANOS)
O Códice de Madri, também identificado como Códice Tro-Cortesianus, constitui um exemplar singular no âmbito da cultura maia pré-colombiana, cuja origem remonta aproximadamente ao período compreendido entre os anos 900 e 1521 d.C. Sua descoberta ocorreu na Espanha durante a década de 1860, e atualmente encontra-se sob guarda e preservação no Museo de América, em Madri.
Quanto à datação precisa de sua confecção, os especialistas debatem, embora existam sugestões que apontam para uma possível anterioridade à chegada dos espanhóis, no século XVI. Este manuscrito, redigido na língua Yucatecan, pertencente ao grupo de línguas maias, detém inestimável relevância na disponibilização de informações sobre a civilização maia.
BÍBLIA DE GUTENBERG (IDADE ESTIMADA: 559 ANOS)
A Bíblia de Gutenberg, também reconhecida como a Bíblia de 42 linhas, representa o mais antigo exemplar de um livro produzido por meio de impressão mecânica em todo o mundo, tendo suas primeiras edições confeccionadas no período compreendido entre os anos de 1454 e 1455 d.C.
"Tal feito foi realizado por Johannes Gutenberg, na cidade de Mainz, situada na Alemanha. Embora a China já possuísse precursores no que concerne à impressão de obras literárias, notadamente o Sūtra de Diamante, a mencionada Bíblia simboliza um avanço notório no domínio da tecnologia de impressão no contexto ocidental.
Existem, até o momento, registros de 48 exemplares originais desta obra, dos quais 21 se encontram integralmente preservados. Cumpre destacar que uma das edições icônicas deste trabalho encontra-se sob a custódia da Biblioteca Pública de Nova York.
SALTÉRIO CELTA (IDADE ESTIMADA: 938 ANOS)
A resposta escocesa ao Livro de Kells, conhecida como o Saltério Celta, constitui-se em um livro de Salmos de dimensões reduzidas. Sua origem remonta ao século XI d.C., representando o mais antigo volume literário ainda preservado na Escócia.
Em 2009, esta obra foi exibida publicamente na Universidade de Edimburgo, propiciando, dessa forma, a apreciação de sua significativa relevância tanto no âmbito histórico quanto artístico por parte dos apreciadores.
SUTRA DE DIAMANTE (IDADE ESTIMADA: 1.145 ANOS)
O Sūtra do Diamante, uma obra considerada sagrada no âmbito do budismo, ostenta a distinção de ser o mais antigo livro impresso com datação reconhecida em todo o mundo. Sua descoberta ocorreu na China, no interior de uma caverna hermeticamente lacrada.
Este pergaminho se compõe de caracteres chineses impressos em papel cinza e sua origem remonta ao mês de maio do ano 868 d.C. O que singulariza sobremaneira este manuscrito é a presença de uma inscrição no seu desfecho, a qual detalha o processo de criação da obra por Wong Jei, atendendo às instruções recebidas de seus progenitores.
SIDDUR, LIVRO DE ORAÇÕES JUDAICO (IDADE ESTIMADA: 1.173 ANOS)
No ano de 2013, uma descoberta de notável relevância veio à tona, a qual consiste em um “siddur”, ou seja, um livro de orações de tradição judaica, cuja datação remonta aproximadamente ao ano de 840 d.C.
Este pergaminho, ainda mantendo sua encadernação original, apresenta vogais babilônicas, as quais refletem a linguagem dos geonim, destacados líderes religiosos judaicos da Idade Média. Essa descoberta de caráter notável proporciona uma perspectiva singular das práticas religiosas que eram observadas naquele período histórico.
LIVRO DE KELLS (IDADE ESTIMADA: 1.213 ANOS)
Abrigado na Biblioteca do Trinity College em Dublin, Irlanda, encontra-se o Livro de Kells, uma obra-prima concebida por monges celtas por volta do ano 800 d.C. Este manuscrito iluminado do Evangelho, elaborado em latim, compreende a integra dos quatro Evangelhos do Novo Testamento.
Os seus desenhos intricados e ilustrações vívidas conferem-lhe a condição de uma notável maravilha no contexto da arte medieval.
EVANGELHO DE ST CUTHBERT (IDADE ESTIMADA: 1.315 ANOS)
O Evangelho de São Cuthbert, reconhecido como o mais antigo livro intacto da Europa, passou a integrar a coleção da Biblioteca Britânica em 2012, mediante um investimento de £9 milhões, no contexto de uma campanha de angariação de fundos.
Este manuscrito foi originalmente depositado junto aos restos mortais de São Cuthbert, uma figura proeminente nos primórdios do cristianismo britânico, por volta de 698 d.C. A sua notável trajetória histórica, marcada pela sobrevivência a eventos como as incursões vikings e, posteriormente, sua redescoberta em 1104 d.C., realça sobremaneira a sua significância no âmbito histórico.
BIBLIOTECA NAG HAMMADI (IDADE ESTIMADA: 1.693 ANOS)
A Biblioteca de Nag Hammadi, notável por ser uma das mais antigas coleções de códices encadernados preservadas até os dias atuais, é composta por 13 códices confeccionados em papiro e encadernados em couro, os quais foram descobertos em 1945 na região do Alto Egito.
Estes códices abrigam textos de natureza gnóstica e datam da primeira metade do século IV d.C. Atualmente, encontram-se sob custódia do Museu Copta, localizado no Cairo, e desempenham um papel fundamental na iluminação do pensamento cristão nas suas formas mais primordiais.
TABULETAS DE OURO DE PYRGI (IDADE ESTIMADA: 2.513 ANOS)
No ano de 1964, emergiram três placas de ouro de um sítio arqueológico na antiquíssima cidade de Pyrgi, localizada na Itália. Estas relíquias remontam a um período datado por volta de 500 a.C. Notavelmente inscritas em etrusco e fenício, tais placas carreiam uma dedicatória formulada pelo rei Thefarie Velianas à divindade fenícia Astarte.
A atual exposição destes artefatos no Museu Nacional Etrusco, situado em Roma, oferece uma janela de apreciação ao âmago da civilização etrusca, permitindo uma imersão nas suas antigas tradições e práticas religiosas.
LIVRO DE OURO ETRUSCO (IDADE ESTIMADA: 2.673 ANOS)
O Livro de Ouro Etrusco, cuja origem remonta aproximadamente a 660 a.C., ostenta o título de ser o mais antigo livro composto por múltiplas páginas em todo o mundo. Este notável artefato é constituído por seis folhas confeccionadas em ouro de 23,82 quilates, interligadas por meio de anéis.
- Veja também: A fascinante história da Grande Pirâmide de Cholula
Sua composição contempla representações de personagens etruscos, bem como imagens de um cavalo, um cavaleiro, uma sirene, uma lira e soldados. Por um ato de generosidade por parte de um doador anônimo, o livro foi gentilmente oferecido ao Museu Nacional de História da Bulgária, localizado em Sofia, onde se encontra em exposição, constituindo um testemunho valioso da arte etrusca antiga.
Estes dez manuscritos históricos que perduraram ao longo do tempo proporcionam perspectivas significativas para o exuberante cenário da história, cultura e acervo de conhecimento da humanidade.
Desde a antiga civilização maia até o período inaugural da disseminação da tecnologia de impressão na Europa, e desde textos religiosos até manuscritos iluminados, tais obras literárias transcendem as fronteiras temporais, estabelecendo uma ligação profunda com os nossos antepassados e o saber que possuíam. Estes não se limitam a ser meros registros do passado, mas, antes, são preciosidades que continuam a exercer um poder de inspiração e educação sobre as gerações vindouras.