Há anos, os astrônomos têm estudado o comportamento peculiar de planetas anões, cometas e outros corpos celestes no nosso sistema solar. Essas observações instigantes desencadearam um debate na comunidade científica sobre a possível existência de um nono planeta, ainda não detectado, que poderia estar escondido nas profundezas do nosso sistema solar.
As evidências de tal planeta foram buscadas devido a fenômenos como agrupamento de órbitas e altos periélios de certos objetos celestes, que parecem desafiar a gravidade conhecida.
Os astrônomos estão cientes de que algo incomum está acontecendo no nosso sistema solar, e querem entender o porquê disso.
No entanto, nos últimos anos, a ideia de um nono planeta tem enfrentado ceticismo, com estudos independentes sugerindo que as anomalias observadas poderiam ser resultado de artefatos observacionais, em vez de uma influência gravitacional de um grande corpo celeste invisível.
Agora, uma nova teoria proposta por dois físicos teóricos, Harsh Mathur e Katherine Brown, lança uma perspectiva intrigante sobre o problema. Eles argumentam que a gravidade, embora ainda esteja envolvida, pode não ser a causa do comportamento peculiar desses objetos celestes.
"A teoria que Mathur e Brown propõem é conhecida como a Dinâmica Newtoniana Modificada (MOND), que desafia a nossa compreensão da lei da gravitação universal de Newton. A MOND foi apresentada há quatro décadas por Mordehai Milgrom e oferece interpretações alternativas para fenômenos observados em galáxias e outros objetos celestes, além de questionar as teorias convencionais sobre matéria escura.
“A MOND é realmente boa para explicar observações em escala galáctica”, afirma Mathur. “Queríamos ver se os dados que apoiam a hipótese do Planeta Nove efetivamente excluiriam a MOND”, complementa Katherine Brown, professora associada de física do Hamilton College.
Os astrônomos ficaram especialmente intrigados com a possibilidade de um nono planeta após observações que indicaram órbitas anômalas de objetos no sistema solar externo. Essas observações, juntamente com descobertas anteriores relacionadas ao comportamento orbital de objetos celestes, aumentaram o interesse de Mathur e Brown na investigação de como a MOND se relaciona com o mistério do nono planeta.
Em vez de refutar a MOND, a dupla de pesquisadores descobriu que essa hipótese controversa poderia explicar de maneira precisa as características orbitais anômalas que intrigam os astrônomos. Segundo a MOND, as órbitas dos objetos distantes do sistema solar não seriam afetadas por um planeta oculto, mas sim pela influência gravitacional da própria Via Láctea.
Mathur e Brown testaram essa teoria ao traçar as órbitas dos objetos que fazem parte do conjunto de dados do nono planeta em relação ao campo gravitacional da nossa galáxia. Os resultados foram impressionantes, sugerindo um alinhamento notável.
Embora a pesquisa esteja em estágios iniciais e baseada em um conjunto limitado de dados, essas descobertas se somam a uma crescente série de estudos que desafiam nossa compreensão convencional da gravidade.
Embora a hipótese do Planeta Nove continue a ser investigada, a proposta de Mathur e Brown abre um novo horizonte de possibilidades e nos lembra que a ciência é um processo em constante evolução.
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À medida que exploramos as profundezas do nosso sistema solar e além, teorias como a MOND continuam a desafiar nossos conceitos sobre o cosmos, mostrando-nos que ainda temos muito a descobrir sobre o universo e as forças que o governam. A busca pelo nono planeta, seja ele real ou não, é uma lembrança poderosa de que a curiosidade humana e a exploração espacial são motores para avanços científicos notáveis.
Brown e Mathur detalham suas descobertas em um novo artigo, “Modified Newtonian Dynamics as an Alternative to the Planet Nine Hypothesis”, publicado recentemente no The Astrophysical Journal.