Uma única peça ornamental – um colar elaborado proveniente do túmulo de uma criança na antiga Jordânia – oferece novas perspectivas acerca da complexidade social da cultura Neolítica.
Este achado foi objeto de estudo por Hala Alarashi, pesquisadora do Consejo Superior de Investigaciones Científicas, Espanha, e da Université Côte d’Azur, França, juntamente com seus colegas, cujos resultados foram publicados em 2 de agosto de 2023, no periódico científico de acesso aberto PLOS ONE.
Os adornos corporais têm sido amplamente reconhecidos como poderosos símbolos de comunicação de valores culturais e identidades pessoais, e, portanto, desempenham um papel significativo no estudo das culturas antigas.
Nesta pesquisa, Alarashi e sua equipe analisaram os materiais que adornavam o corpo de uma criança de oito anos, cujo sepultamento foi identificado no sítio arqueológico Neolítico de Ba’ja, localizado na Jordânia, com datação situada entre 7400 e 6800 a.C.
Os artefatos em questão consistem em mais de 2.500 pedras e conchas coloridas, além de duas contas de âmbar excepcionais – as mais antigas conhecidas até o momento no Levante – acompanhadas por um grande pingente de pedra e um anel delicadamente gravado em madre-pérola.
"Por meio da análise minuciosa da composição, técnicas de fabricação e disposição espacial desses elementos, os pesquisadores puderam inferir que eles faziam parte de um único colar composto por múltiplas fileiras, que havia se desintegrado ao longo do tempo.
Como parte do estudo, foi realizada uma reconstrução física do colar original, que atualmente está exposta no Museu Petra, no sul da Jordânia.
Este colar de múltiplas fileiras se configura como um dos mais antigos e impressionantes ornamentos neolíticos, fornecendo novos insights sobre as práticas funerárias da época, especialmente para indivíduos que aparentemente detinham elevado status social.
A fabricação meticulosa do colar sugere a realização de um trabalho minucioso e a importação de materiais exóticos de outras regiões.
A análise detalhada deste colar revela dinâmicas sociais complexas entre os membros da comunidade de Ba’ja, incluindo artesãos, comerciantes e figuras de alto status, que possivelmente encomendaram peças semelhantes.
Essas descobertas, portanto, despertam o interesse e a necessidade de investigações adicionais sobre a cultura Neolítica em questão.
Os autores acrescentam: “Adornando a criança falecida, estabelecendo uma ponte entre os mundos da vida e da morte. A descoberta e reconstrução de um colar extraordinário proveniente da vila de Ba’ja, com 9.000 anos de idade, na Jordânia.”