Mada’in Saleh é uma antiga cidade localizada ao norte de Hejaz, na Arábia Saudita, a cerca de 22 quilômetros da cidade de al-Ula.
A cidade é um testemunho histórico da arquitetura dos povos da região, notadamente os nabateus, que habitaram a região há cerca de 2 mil anos.
A cidade é também conhecida como al-Hijr e foi um posto avançado do reino nabateu, que governava seu império na deslumbrante cidade de Petra, na Jordânia.
Mada’in Saleh foi designada como Patrimônio Mundial da UNESCO em 2008, tornando-se o primeiro Patrimônio Mundial da Arábia Saudita.
A História dos Nabateus
Os nabateus eram uma antiga tribo árabe que se estabeleceu na região da Arábia Saudita, Jordânia, Síria e Egito.
"Eles eram conhecidos por sua habilidade em controlar rotas comerciais importantes, especialmente a Rota da Seda, que conectava a China ao Mediterrâneo. A cidade de Petra, na Jordânia, era a capital do reino nabateu, e a cidade de Mada’in Saleh era um importante posto avançado.
Os nabateus eram uma civilização rica e sofisticada, conhecida por sua habilidade em esculpir edifícios e túmulos diretamente nas rochas.
Eles também eram conhecidos por sua habilidade em coletar e armazenar água em um ambiente desértico. A civilização nabateia floresceu entre o século IV a.C. e o século II d.C., quando foram conquistados pelos romanos.
A Descoberta de Mada’in Saleh
Mada’in Saleh foi descoberta em 1818 pelo explorador suíço Johann Ludwig Burckhardt. Desde então, a cidade tem sido objeto de estudo de arqueólogos e historiadores, que buscam entender a história e a cultura dos nabateus.
Escavações estão sendo realizadas há algum tempo em Mada’in Saleh e outros locais reconhecidos como nabateus por arqueólogos sauditas.
Recentemente, a cidade começou a receber visitas de turistas. Uma equipe composta por 60 especialistas iniciou um projeto para pesquisar uma área de 3,3 mil km², habitada pelos nabateus por 200 anos.
A grande quantidade de informações coletadas pela equipe internacional de al-Ula provavelmente será útil para sítios arqueológicos como Petra, incluindo a revelação de possíveis rotas entre Petra e Mada’in Saleh.
A Arquitetura de Mada’in Saleh
Mada’in Saleh é conhecida por sua arquitetura impressionante, que inclui edifícios e túmulos esculpidos diretamente nas rochas.
A cidade possui uma necrópole impressionante, onde os túmulos são esculpidos no arenito em meio a formações rochosas espetaculares.
Os nabateus eram conhecidos por sua habilidade em esculpir edifícios e túmulos diretamente nas rochas, e Mada’in Saleh é um exemplo impressionante dessa habilidade.
Os edifícios em Mada’in Saleh são esculpidos em uma variedade de estilos, incluindo o estilo nabateu clássico e o estilo helenístico.
Os edifícios nabateus clássicos são caracterizados por colunas e frontões esculpidos na rocha, enquanto os edifícios helenísticos são mais elaborados e incluem elementos como arcos e frisos.
Intercâmbio Espiritual e Cultural
Mada’in Saleh exerceu um papel de relevância primordial no contexto do comércio ao longo da Rota do Incenso, uma antiquíssima rede de vias comerciais que interligava o sul da Arábia ao mundo Mediterrâneo.
Esta rota desempenhou um papel fundamental na facilitação do intercâmbio de mercadorias valiosas, tais como o incenso e a mirra, cuja alta demanda remontava à antiguidade, em virtude de sua profunda importância religiosa em diversas sociedades ancestrais.
Os Nabateus, que estabeleceram sua presença em Mada’in Saleh, exerciam controle sobre uma parte significativa da mencionada rota, possibilitando-lhes a regulação e o proveito do próspero comércio de incenso.
Tal domínio conferia-lhes, ademais, um poder de natureza sócio-política. Nesse contexto, Mada’in Saleh assumiu o papel de um caldeirão multicultural, no qual comerciantes, viajantes e peregrinos provenientes de distintas regiões interagiam, compartilhavam ideias e contribuíam para a rica tapeçaria cultural que caracterizava o sítio.
O Significado de Mada’in Saleh
Mada’in Saleh (“cidade de Salih”), é um testemunho da habilidade e sofisticação dos nabateus, uma civilização antiga que governou uma grande parte do Oriente Médio há cerca de 2 mil anos.
A cidade é um exemplo impressionante da habilidade dos nabateus em esculpir edifícios e túmulos diretamente nas rochas, e é um importante sítio arqueológico que tem muito a ensinar sobre a história e a cultura da região.
A descoberta e a preservação de Mada’in Saleh são importantes não apenas para a história e a cultura da região, mas também para a compreensão da história e da cultura do mundo em geral.
A cidade é um exemplo impressionante da habilidade humana em criar e construir, mesmo em um ambiente desértico e hostil.
O nome Mada’in Saleh (“cidade de Salih”) está associado a um profeta pré-islâmico, Salih, da tribo de Thamud, que também é mencionado no Alcorão. Sua comunidade é descrita como “perversa” e, por causa disso, Deus os destruiu.
Mesmo hoje, os restos do antigo local são considerados malditos pelos muçulmanos. Salih (ou Saleh) é equivalente a Salah no Antigo Testamento da Bíblia Hebraica.
“Ó Salih! Você foi uma figura de grande esperança entre nós, e desejávamos que você fosse nosso líder, até que trouxe essa nova ideia de abandonarmos nossos deuses e adorarmos apenas o seu Deus (Alá)! Você agora nos proíbe de adorar o que nossos pais adoravam? Mas estamos realmente em sérias dúvidas em relação ao que você nos convida, que é o monoteísmo.” (Surata 11:62, Alcorão).
A tribo de Thamud é considerada, de acordo com a tradição, como descendente de um bisneto bíblico de Noé.
No entanto, ao longo do tempo, os Thamud foram caracterizados por um crescente nível de corrupção e materialismo, culminando na sua renúncia à crença em Deus.
Consequentemente, em resposta a essa situação, a narrativa sustenta que Deus enviou o profeta Salih como portador de uma mensagem de advertência à comunidade Thamudita.
A mensagem proclamava que, caso persistissem em seus desvios e comportamentos impróprios, enfrentariam a destruição como consequência de suas ações.
“Então os terremotos os atingiram, e eles jaziam mortos, prostrados em suas casas. Então, ele (Salih) se afastou deles e disse: ‘Ó meu povo! Certamente, transmiti a você a Mensagem do meu Senhor e dei-lhes bons conselhos, mas vocês não apreciam bons conselheiros.'” (Surata 7:73-79, Alcorão)
O reino dos nabateus experimentou um declínio progressivo devido à alteração das rotas comerciais para Palmira, na Síria, e ao crescimento do comércio marítimo da Península Arábica em direção ao Egito.
Em algum momento durante o século IV d.C., os nabateus tomaram a decisão de abandonar definitivamente sua capital em Petra e realizar uma migração em direção ao norte.
Esse movimento migratório pode ser considerado como um evento significativo na história do povo nabateu, marcando o fim de sua influência e prosperidade na região.
Inscrições e segredos de Mada’in Saleh
Tudo o que se sabe sobre Mada’in Saleh é obtido a partir das inscrições exibidas no local, que consiste em mais de 100 túmulos e monumentos decorados.
As inscrições são escritas em um script conhecido como Lihyanite, que é considerado uma das formas mais antigas da língua árabe.
As inscrições fornecem informações valiosas sobre a cultura nabateia, incluindo suas crenças religiosas, costumes sociais e sistema político.Um terço das tumbas, entre as maiores, são datadas entre 0-75 EC.
Inscrições gravadas em rochas e fachadas de sepulturas de Mada’in Saleh fornecem informações valiosas sobre a cultura nabateia, incluindo suas crenças religiosas, costumes sociais e sistema político.
Algumas inscrições descrevem quem construiu a tumba, quem está enterrado ali e quem pode usar a tumba. Em 1962, exemplos de muitas inscrições foram descobertos e renovados na avaliação arqueológica de Hijr (Mada’in Salih) por Winnett e Reed.
A inscrição acima foi descoberta em Meda’in Saleh. Ela foi traduzida por Rudulf Haensch, do Instituto Arqueológico Alemão em Munique, e diz o seguinte:
“Pelo bem-estar do Imperador César Marcus Aurelius Antoninus Augustus Armeniacus Parthicus Medicus Germanicus Sarmaticus Maximus, a comunidade dos Hegreni restaurou a parede, destruída pelo passar do tempo, às suas próprias custas, sob o governo de Iulis Firmanus, legado do imperador com o posto de pretor; o trabalho foi organizado por Pomponius Victor, centurião da Legião III Cyrenaica, e seu colega Numisius Clemens, e a construção foi supervisionada por Amrus, filho de Haian, o líder de sua comunidade.”
Embora o sítio Al-Hijr tenha sido proclamado como um tesouro arqueológico no início dos anos 1970, poucas investigações foram realizadas desde então.
No entanto, escavações recentes foram realizadas em torno de Mada’in Saleh e outros locais nabateus reconhecidos por um grupo de arqueólogos sauditas, incluindo Abdulrahman Alsuhaibani, professor da Universidade King Saud em Riad.
As inscrições em Mada’in Saleh ainda estão sendo estudadas e continuam a revelar novos insights sobre a cultura e o modo de vida dos nabateus. Eles são um testemunho da rica herança do povo nabateu e sua contribuição para a história do Oriente Médio.
Em conclusão, Mada’in Saleh é um sítio arqueológico notável que oferece um vislumbre da antiga cultura nabateia. As inscrições encontradas no local são uma valiosa fonte de informações sobre os nabateus e seu modo de vida.
À medida que mais escavações são realizadas, podemos esperar aprender ainda mais sobre essa fascinante civilização.
Conclusão
Mada’in Saleh é uma cidade antiga localizada na Arábia Saudita, que foi um importante posto avançado do reino nabateu.
A cidade é conhecida por sua arquitetura impressionante, que inclui edifícios e túmulos esculpidos diretamente nas rochas.
A cidade é um testemunho da habilidade e sofisticação dos nabateus, uma civilização antiga que governou uma grande parte do Oriente Médio há cerca de 2 mil anos.
A descoberta e a preservação de Mada’in Saleh são importantes não apenas para a história e a cultura da região, mas também para a compreensão da história e da cultura do mundo em geral.
Referências:
[1] https://theculturetrip.com/middle-east/saudi-arabia/articles/saudi-arabia-s-hidden-city-exploring-mada-in-saleh/
[2] https://nabataea.net/explore/medain_saleh/medain-saleh/
[3] https://www.bbc.com/news/science-environment-49424036
[4] https://www.ancientpages.com/2020/08/18/madain-saleh-spectacular-rock-cut-tombs-and-monuments-reflect-great-skills-of-nabataean-builders/ [5] https://www.bbc.com/portuguese/geral-49941991 [6] https://olhardigital.com.br/2023/05/17/ciencia-e-espaco/cidade-perdida-de-civilizacao-misteriosa-comecou-a-receber-visitas-recentemente/ [7] https://artsandculture.google.com/entity/m02r25xs?hl=pt [8] https://ar-ar.facebook.com/UtopiaDistopiabyAlmeidAlma/ [9] https://youtube.com/watch?v=5Fahs-yf5YA [10] https://www.historiaemdestaque.com.br/post/apos-2-mil-anos-a-misteriosa-cidade-hegra-abre-suas-portas
[11] https://en.wikipedia.org/wiki/Hegra_(Mada%27in_Salih)
[12] https://www.ancient-origins.net/ancient-places-asia/madain-saleh-001322