Hattusa, ocasionalmente referida como Hattusha, é um sítio histórico localizado na região do Mar Negro da Turquia, próximo à moderna cidade de Boğazkale, na província de Çorum. Esta cidade milenar foi a capital do Império Hitita, uma das principais potências mundiais na antiguidade.
Os egípcios mencionaram os hititas como uma notável potência, juntamente com a Assíria, Mitani e Babilônia, nas Cartas de Amarna, datadas do século XIV a.C., tratando-os como equivalentes.
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Hattusa foi estabelecida pelos Hatti, uma tribo nativa que habitava a região antes da chegada dos hititas. As origens dos hititas permanecem desconhecidas.
Hattusa: O Início

No terceiro milênio a.C., o povo Hatti ergueu majestosamente uma cidade-estado no coração de Hattusa. Essa cidade, que se destacava entre as numerosas cidades-estados menores da região, testemunhou o poder e a influência dos Hatti.
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Não muito distante dali, encontra-se Kanesh, uma outra cidade-estado potencialmente associada aos Hatti. Foi somente por volta de 2.000 a.C. que os assírios estabeleceram uma colônia comercial nas proximidades, e é a partir desse período que a palavra “Hattusa” é descoberta nos registros escritos pela primeira vez.
"Infelizmente, a história grandiosa de Hattusa chegou a um abrupto fim por volta de 1700 a.C. Nessa época, um rei chamado Anitta, proveniente de Kussara, conquistou e reduziu a cidade a escombros, cuja localização exata permanece um mistério para os estudiosos até hoje.
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Conta-se que o rei deixou uma inscrição, proclamando seu triunfo sobre Hattusa e lançando uma maldição sobre a terra onde a cidade outrora existiu, bem como sobre qualquer um que ousasse reconstruí-la e governá-la. Anitta é considerado um governante hitita ou um ancestral dos hititas que surgiriam posteriormente.
A ironia permeia a história de Hattusa quando, por volta do século XVII a.C., a cidade é colonizada por Hattusili, um monarca hitita renomado como o “Homem de Kussara”.
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A própria nomenclatura desse soberano, Hattusili, cujo significado é “Um de Hattusa”, sugere uma relação intrínseca com a cidade que viria a governar. É plausível considerar que Hattusili adotou esse nome simbólico durante sua ocupação em Hattusa, como uma afirmação de sua autoridade sobre aquele lugar sagrado.
A ausência de documentos históricos dificulta a compreensão do destino de Hattusa após sua destruição. Não se sabe ao certo se Anitta, o conquistador implacável, empreendeu a tarefa de reconstruir a cidade.
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Essa lacuna na história levanta indagações intrigantes sobre a ascensão de Hattusili. Será que ele, assim como Anitta, precisou empregar a força para tomar Hattusa ou, em vez disso, ergueu seu reino sobre os escombros da antiga cidade, edificando uma nova era sobre suas ruínas?
Hattusa Estruturas

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O que se destaca, indubitavelmente, é o impacto imponente dos hititas na região, erguendo um império e fazendo de Hattusa a sua capital imperial. Durante esse período de esplendor, estruturas monumentais foram erigidas em Hattusa, cujas ruínas ainda hoje testemunham sua grandiosidade.
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Dentre elas, descobriu-se que a cidade era guardada por uma muralha imensa, com extensão superior a 8 quilômetros (4,97 milhas). Além disso, a cidade alta era protegida por uma dupla fortificação de muralhas, salpicada por quase uma centena de torres.
Essa muralha monumental revela-se através de cinco majestosas portas, sendo a renomada Porta do Leão e a Porta da Esfinge algumas das mais conhecidas. Contudo, Hattusa não se limitava apenas à sua defesa impressionante.
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A cidade abrigava uma profusão de templos magníficos, ao lado dessas estruturas defensivas. Dentre eles, destaca-se o Grande Templo, localizado na parte baixa da cidade, cuja construção remonta ao século XIII a.C. e que permanece excepcionalmente preservado ao longo dos séculos.

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Em 2016, os arqueólogos fizeram uma descoberta notável em Hattusa: um túnel oculto com mais de 2.300 anos. Essa passagem secreta desvenda segredos há muito perdidos.
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Segundo os pesquisadores, uma tabuleta cuneiforme foi encontrada no local, na qual um rei instruía os sacerdotes sobre os rituais a serem realizados. Tudo indica que esse túnel misterioso possuía um propósito sagrado, uma conexão íntima com as práticas cerimoniais da época.
Outra característica fascinante em Hattusa é a imponente e enigmática rocha verde, conhecida pelos habitantes locais como a “pedra do desejo”. Acredita-se que essa maciça rocha seja composta de serpentina ou nefrita, minerais raros na região.
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O propósito exato dessa pedra permanece envolto em mistério, deixando-nos a imaginar o que ela representava para os antigos habitantes de Hattusa.

A Queda de Hattusa: O Crepúsculo de um Império Glorioso
As sombras do declínio pairaram sobre o Império Hitita no auge do século XIII a.C., desencadeando um tumultuado e inexorável processo de desintegração, em grande parte impulsionado pelo surgimento dos seus vizinhos orientais, os assírios.
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Além disso, invasões implacáveis de grupos hostis, como os misteriosos Povos do Mar e os Kaska, corroeram as fundações do Império Hitita, precipitando o seu fim durante a primeira metade do século XII a.C.
Foi nesse contexto tenebroso que Hattusa, outrora grandiosa, foi “capturada” pelos Kaska no ano de 1190 a.C., submetida a pilhagens e consumida pelas chamas avassaladoras.
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Após a terrível catástrofe, Hattusa foi abandonada e permaneceu em ruínas por mais de 400 anos, até ser resgatada do esquecimento pelos frígios, que a reocuparam.
A cidade, no entanto, jamais recuperou o fulgor dos seus dias dourados. Embora ainda mantivesse uma presença urbana durante os séculos helenístico, romano e bizantino, testemunhando diferentes eras e civilizações, Hattusa era apenas uma sombra pálida do que fora um dia.
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Enquanto isso, os hititas definharam gradualmente, até desaparecerem por completo, com exceção de algumas menções na Bíblia e em registros egípcios. Foi apenas durante o século XIX, com o início das escavações em Boğazkale, que a sociedade moderna redescobriu os hititas e sua cidade, Hattusa.
Aqueles que se aventuram pelas escavações encontram vestígios de uma civilização há muito extinta, testemunhos silenciosos da grandiosidade e do destino trágico que recaíram sobre uma das maiores potências da antiguidade.