Arqueólogos encontram sela de 2.700 anos em tumba chinesa, revelando insights sobre a história da equitação na antiguidade. A sela em questão foi confeccionada no período compreendido entre 727 e 396 a.C., o que a coloca como pelo menos tão antiga quanto as selas anteriormente consideradas como recordes, e possivelmente ainda mais antiga.

Arqueólogos envolvidos em pesquisas na Região Autônoma Uigur de Xinjiang, na China, recentemente fizeram uma descoberta que pode ser considerada a mais antiga sela conhecida para a prática da equitação. Surpreendentemente, o provável proprietário dessa sela não corresponde às expectativas convencionais.
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Confeccionada com couro bovino e preenchida com uma combinação de palha, pelo de veado e de camelo, a sela em questão remonta ao período entre 727 e 396 a.C., tornando-a um artefato de notável antiguidade.
Apesar de sua considerável antiguidade, o estado de preservação da sela é surpreendentemente notável, o que pode ser atribuído ao clima árido do deserto no noroeste da China, região em que foi descoberta.
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Adicionalmente, os pesquisadores ressaltam que o artefato exibe uma construção notável, revelando um “design prático e bem concebido, juntamente com uma execução refinada de técnicas artesanais, em especial no que se refere ao trabalho em couro e bordados”.
"Essas características indicam a habilidade de artesãos experientes, possivelmente familiarizados com a criação de cavalos e a prática da equitação.
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E, possivelmente, ainda mais notável – especialmente considerando como comumente concebemos a cavalaria e a equitação antigas – é a própria cavaleira: “Diferentemente dos […] achados mais recentes em túmulos elitistas dos citas, esta sela antiga foi produzida com materiais mais acessíveis e utilizada por uma mulher comum”, afirmam os pesquisadores.
Trajando um casaco de pele, calças de lã e botas de couro, a cavaleira foi sepultada com a sela posicionada nas nádegas, simulando uma posição de montaria, conforme observado pela equipe.
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Essa disposição não se trata meramente de uma exibição simbólica, pois a sela exibe “evidentes sinais de reparo”, indicando que foi “amplamente utilizada e cuidada ao longo de toda a sua vida”, relatam os pesquisadores.
“Essa descoberta realmente transforma nossa compreensão sobre quem estava envolvido na equitação”, afirmou Shevan Wilkin, arqueólogo biomolecular da Universidade de Zurique, em entrevista à Live Science. Wilkin, que não esteve envolvido no estudo, ressalta a importância dessa descoberta.
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Além disso, a cavalaria antiga não estava limitada a um único gênero: diversas sepulturas escavadas no local revelaram enterros mistos de homens e mulheres, bem como sepulturas exclusivas de mulheres, todas contendo acessórios relacionados à equitação.
Essas evidências sólidas indicam que a atividade equestre não se restringia exclusivamente aos homens.
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Apesar da longa história de domesticação dos cavalos pelos seres humanos, os primeiros milênios dessa convivência não envolviam a prática de montar os animais.
Inicialmente, os cavalos eram mantidos para fins de consumo de carne e leite, com poucas evidências sugerindo o uso deles como meio de transporte pessoal, principalmente na região leste da Europa.
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No entanto, no início do segundo milênio a.C., a prática de montar a cavalo se estabeleceu definitivamente em toda a região da Eurásia.
Esse período marca não apenas as primeiras evidências de carruagens leves com rodas de raios, mas também o surgimento gradual de cavalos com cavaleiros representados em obras de arte, começando na Mesopotâmia e irradiando-se progressivamente pelo Egito e pelo Oriente Próximo.
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No entanto, nenhum desses artefatos inclui uma sela. Os pesquisadores explicam que uma placa de terracota da Mesopotâmia datada por volta de 1750 a.C. retrata um cavaleiro segurando rédeas e um chicote, mas sem sela.
Em vez disso, há uma cinta simples, semelhante a uma sobrecilha, que envolve a sela e o tórax do cavalo para manter o cavaleiro no assento.
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Da mesma forma, na tumba do faraó egípcio Horemheb, que governou entre 1319 e 1292 a.C., é retratado um cavalo sem sela controlado por um cavaleiro com freio e chicote.
Mesmo no Império Assírio, quando a cavalaria começou a ser utilizada como uma força tática na guerra, os pesquisadores observaram que os cavaleiros se assentavam em panos de sela com franjas semelhantes a tapetes ou almofadas feitas de peles de animais, presas com tiras no peito e nas nádegas.
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Os pesquisadores confirmam que numerosas representações em relevos de pedra dos palácios reais assírios em Nimrud e Nínive mostram o uso de freios, mas não de selas.
Embora possa parecer surpreendente a demora em adotar o uso da sela, essa circunstância é compreensível, pelo menos considerando nossos antepassados rústicos e práticos.
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A equipe de pesquisa observa que a sela foi um desenvolvimento relativamente tardio, surgindo somente quando os cavaleiros passaram a se preocupar mais com o conforto, segurança e saúde dos cavalos.
No entanto, a data exata desse acontecimento ainda não é conhecida, em parte devido à escassez de evidências físicas que sobreviveram ao longo do tempo. Shevan Wilkin ressalta: “Normalmente, para algo orgânico tão antigo, como o couro, não teríamos nenhuma ou muito pouca preservação remanescente”.
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No entanto, se, como suspeitam os arqueólogos, isso ocorreu por volta do meio do primeiro milênio a.C., a nova descoberta, com potencial de 2.700 anos, estaria situada no início da história da sela, marcando um ponto de inflexão não apenas para o conforto dos cavaleiros, mas também para a disseminação das civilizações e ideias humanas como um todo.
“A invenção da sela trouxe melhorias significativas na equitação”, afirmam os pesquisadores. “Ela não apenas revolucionou a guerra, mas também facilitou o deslocamento rápido de longas distâncias pela região da Eurásia.”
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O estudo foi publicado na Archaeological Research in Asia.