Em 1987, ocorreu uma descoberta intrigante por meio da expedição arqueológica conduzida pela Universidade de Chelyabinsk: a revelação de um antigo assentamento fortificado pertencente à cultura Sintashta.
Este sítio arqueológico encontra-se localizado nos Urais do Sul da Rússia e data de aproximadamente 2.000 a 3.000 a.C.
Tal fortaleza misteriosa, denominada Arkaim, recebeu o epíteto de “Stonehenge russo”, devido a especialistas acreditarem que sua origem seja ainda mais antiga do que seu famoso equivalente britânico.
Arkaim: Uma Maravilha da Engenharia
Arkaim era caracterizado por possuir duas muralhas circulares concêntricas, fortificadas por uma parede defensiva externa e um fosso com uma largura de dois metros.
O espaço entre as muralhas era preenchido por habitações retangulares, resultando em uma estrutura impressionante com um diâmetro de 160 metros.
"O assentamento exibia um avançado sistema de engenharia, evidenciado pelos quatro portões alinhados aos pontos cardeais, bem como pelo seu eficiente sistema de distribuição de água e pelos túneis projetados para drenar o excesso de água.
Além disso, cerca de 35 casas contíguas à muralha externa, cujas entradas eram voltadas para a rua principal, destacavam o planejamento meticuloso da cidade.
A identificação de um elaborado sistema de abastecimento de água e esgoto, minas, artefatos metálicos, cerâmica, vestígios rituais, utensílios e fornos acrescenta ainda mais evidências à complexidade de Arkaim.
Além disso, a presença de sepulturas terrestres nas proximidades da fortaleza intensifica o mistério que envolve o local.
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O intricado arranjo e o design do assentamento distinguem-no de outros assentamentos da Idade do Bronze, destacando sua singularidade e a notável visão dos seus construtores.
Arquitetura sagrada
Os estudiosos estabeleceram conexões entre o layout de Arkaim e o modelo cósmico de cidades descrito em antigos textos espirituais indo-arianos/iranianos, como os Vedas e o Avesta.
O design singular do assentamento apresenta três anéis concêntricos de muralhas e três ruas radiais, que alguns acreditam refletir a cidade do rei Yima mencionada no Rigveda.
É interessante observar que tanto as paredes fundamentais quanto as residências do segundo anel exibem “padrões semelhantes à suástica”, segundo alguns pesquisadores.
Essa representação simbólica também pode ser encontrada em diversos artefatos descobertos no local, ampliando ainda mais a importância potencialmente espiritual e cultural da arquitetura de Arkaim.
Em uma extensa região que se estende desde o sul dos Urais até o norte do Cazaquistão, foram encontradas mais de vinte estruturas que exibem designs semelhantes, formando o que é atualmente denominado “Terra das Cidades”.
Arkaim aparentemente desempenhava simultaneamente o papel de fortaleza, habitação, templo e centro social. O local foi ocupado durante aproximadamente 200 anos e, posteriormente, foi misteriosamente abandonado.
No entanto, quem eram os habitantes de Arkaim? A construção de Arkaim é atribuída aos primeiros falantes proto-indo-iranianos da cultura Sintashta.
Alguns pesquisadores sugerem que essa cultura representa os proto-indo-iranianos antes de sua subdivisão em diversos grupos e sua subsequente migração para a Ásia Central, e posteriormente, para regiões como Pérsia, Índia e outras áreas da Eurásia.
Significado religioso
A descoberta de Arkaim reavivou as discussões acerca da possível pátria original dos indo-europeus, apresentando indícios que aparentemente corroboram sua localização na região siberiana.
Desde então, Arkaim e a Terra das Cidades têm sido considerados por alguns como a enigmática “terra dos arianos”, sendo interpretados como um núcleo de um antigo estado monárquico e, por fim, como um modelo para uma potencial nova civilização espiritual em harmonia com o universo.
No entanto, é válido mencionar que agências ligadas à Igreja Ortodoxa Russa expressaram críticas em relação às interpretações arqueológicas atribuídas a Arkaim.
A descoberta de Arkaim e da Terra das Cidades tem sido alvo de diversas interpretações e ideologias entre grupos como os Rodnovers russos, roerichianos, assianistas, zoroastrianos, hindus e outros.
Essas correntes acreditam que o sítio arqueológico representa a pátria original dos indo-europeus, que inicialmente habitavam as regiões árticas antes de migrar para o sul devido às condições glaciais e, posteriormente, expandir-se para o oeste, dando origem a outras civilizações.
Segundo essa perspectiva, todo o conhecimento védico teria se originado no sul dos Urais. Algumas correntes identificam Arkaim como o Asgard de Odin, mencionado na mitologia germânica, enquanto outras consideram o local de nascimento de Zoroastro.
Em decorrência disso, Arkaim foi designado um “santuário nacional e espiritual” da Rússia e é visto como um local sagrado por Rodnovers, zoroastrianos e outros grupos.
Sítio Arqueológico de Arkaim
Atualmente, Arkaim desempenha um papel de destaque como sítio arqueológico de grande importância, sendo reconhecido como uma reserva cultural e histórica significativa.
O local tornou-se uma atração popular tanto para turistas como para peregrinos em busca de conexão com a história antiga e o significado espiritual que envolve o local.
Além de seu valor turístico, Arkaim é um centro ativo de pesquisa, com escavações e investigações em andamento com o intuito de desvendar mais informações sobre a antiga civilização que habitou a região.
Essas descobertas contribuem significativamente para a nossa compreensão da história, cultura e avanços tecnológicos do povo Sintashta, assim como sua relação com a ampla família indo-europeia.
Dessa forma, Arkaim continua a revelar importantes insights que enriquecem nosso conhecimento acerca do passado e da trajetória desse antigo assentamento.