Carmine Mirabelli foi um médium físico brasileiro que viveu entre 1889 e 1951. Ele é conhecido por seus supostos poderes paranormais, que incluem a capacidade de materializar objetos do nada, mover objetos sem tocá-los e levitar.
Mirabelli atraiu a atenção da comunidade científica e espiritualista em todo o mundo, e muitos estudiosos tentaram explicar suas habilidades.
Nascido em Botucatu, São Paulo, Mirabelli cresceu em uma família de imigrantes italianos e começou a estudar o espiritismo quando ainda era jovem. Ele logo se tornou conhecido por seus poderes paranormais e começou a dar demonstrações públicas de suas habilidades.
Mirabelli ganhou fama internacional quando foi convidado para se apresentar na Europa e nos Estados Unidos, onde foi estudado por cientistas e pesquisadores.
Embora muitos tenham tentado desacreditar Mirabelli e explicar suas habilidades como fraudes ou truques, outros acreditam que ele era um verdadeiro médium com poderes paranormais genuínos.
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Independentemente de qual lado da controvérsia você esteja, não há dúvida de que Carmine Mirabelli deixou uma marca indelével na história do espiritismo e da paranormalidade.
Vida Pessoal
Infância e Juventude
Carmine Mirabelli nasceu em Botucatu, São Paulo, em 2 de janeiro de 1889. Ele era o filho primogênito de Luigi Mirabelli, um pastor protestante italiano, e Christina Scaccioto Mirabelli. Desde cedo, Carmine estudou o Espiritismo e foi apresentado às obras de Allan Kardec.
Família e Relacionamentos
Carmine Mirabelli casou-se com Olga de Souza em 1914. Juntos, tiveram dois filhos, Nair e Carmine Mirabelli Filho. Olga faleceu em 1945. Carmine também teve um relacionamento com a médium Zilda Gama.
Além disso, Carmine era amigo pessoal do historiador Washington Luís Pereira de Sousa, ex-presidente do Brasil (1926 à 1930). Durante a Revolução de 1930, Carmine foi preso por apoiar a candidatura de Júlio Prestes à presidência.
Carmine era conhecido por sua devoção à República e sua participação em movimentos políticos. Ele encontrou refúgio em Peruíbe, São Paulo, durante a Revolução Constitucionalista de 1932. Carmine faleceu em São Paulo, em 30 de abril de 1951.
Carreira
Início da Carreira
Carmine Mirabelli nasceu em Botucatu, São Paulo, em 2 de janeiro de 1889, filho de pais italianos. Desde cedo, estudou o Espiritismo e foi apresentado às obras de Allan Kardec.
Começou sua carreira como médium em 1912, realizando sessões de efeitos físicos em que objetos se moviam sem explicação aparente.
Trabalhos Notáveis
Mirabelli realizou diversos trabalhos notáveis durante sua carreira, muitos dos quais foram testemunhados por cientistas renomados.
Em uma sessão realizada em 1922, em São Paulo, ele teria produzido uma mão ectoplásmica que aparentemente tinha vida própria e se movia independentemente do corpo do médium.
Em outra sessão, realizada em 1925, Mirabelli teria produzido uma imagem em tamanho real de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, que flutuou no ar e desapareceu diante dos olhos dos presentes.
Influências e Estilo
Mirabelli foi influenciado pelo Espiritismo e pelas obras de Allan Kardec, mas também desenvolveu seu próprio estilo de trabalho.
Ele era conhecido por sua habilidade em produzir efeitos físicos, como a materialização de objetos e a levitação de móveis.
Premiações e Reconhecimentos
Mirabelli recebeu vários prêmios e reconhecimentos ao longo de sua carreira, incluindo a Medalha de Ouro da Sociedade de Estudos Psíquicos de Londres, em 1926.
Ele também foi convidado a participar de várias investigações científicas sobre fenômenos paranormais, incluindo uma realizada pelo Departamento de Física da Universidade de São Paulo.
Mais sobre Carmine Mirabelli
Carmine Mirabelli relatou ter presenciado manifestações poltergeist durante o período em que desempenhava suas atividades em uma loja de calçados durante sua adolescência, momento em que caixas eram observadas levitando de prateleira em prateleira de maneira literal.
Posteriormente, ele foi admitido em uma instituição hospitalar psiquiátrica para fins de observação, e embora não apresentasse sinais evidentes de enfermidade física, os profissionais da área psiquiátrica concluíram que o indivíduo estava sofrendo de um transtorno de natureza psicológica.
Carmine, embora tivesse recebido apenas educação básica e fosse geralmente caracterizado como uma pessoa de origem humilde, exibia uma notável variedade de habilidades extraordinárias.
Dentre suas habilidades destacavam-se a capacidade de produzir caligrafia automática, manifestar materializações ectoplásmicas de objetos e pessoas, além de demonstrar habilidades de levitação e movimentação de objetos.
A capacidade de Mirabelli de abordar uma ampla gama de temas, que englobavam desde medicina, sociologia, política, teologia e psicologia, até história, astronomia, música e literatura, mesmo diante de sua educação básica, causou ainda maior perplexidade entre seus companheiros.
Durante suas sessões, Carmine apresentava uma escrita excepcionalmente ágil em mais de 28 idiomas distintos, o que se tornava praticamente impossível de ser reproduzido por outros. Vale ressaltar que em uma ocasião ele chegou a escrever em hieróglifos, porém essas inscrições jamais foram decodificadas.
Carmine também possuía uma série de habilidades singulares. Dentre elas, destacava-se sua capacidade de levitação e de aparecer e desaparecer mediante comando. Durante as sessões, relatos afirmavam que Carmine conseguia elevar-se a cerca de um metro acima de sua cadeira.
Diversas testemunhas presenciaram o desaparecimento de Carmine na estação ferroviária da Luz, em uma ocasião específica, exatamente conforme alegado. Além disso, houve relatos de casos nos quais Carmine desaparecia de uma sala e reaparecia rapidamente em outro local.
Em um experimento cuidadosamente planejado, Carmine foi devidamente amarrado em uma cadeira, com todas as portas e janelas trancadas, sendo então deixado sozinho.
Surpreendentemente, em questão de segundos após adentrar a primeira sala, ele foi observado materializando-se em outra área do edifício, do outro lado.
Os selos das janelas e portas permaneciam íntegros quando os pesquisadores retornaram, enquanto Carmine permanecia tranquilamente sentado em sua cadeira, com as mãos ainda amarradas às costas.
Outro incidente corroborado diz respeito à presença de uma jovem em um espaço limitado durante o dia, testemunhada pelo Dr. Ganimedes de Souza. O médico afirmou que a aparição correspondia, na realidade, à sua filha, que havia falecido poucos meses antes.
O profissional médico, adicionalmente, registrou fotografias do referido incidente e conduziu algumas perguntas de cunho pessoal.
As características mais notáveis das experiências paranormais de Mirabelli residiam tanto na quantidade significativa de testemunhas presentes durante as ocorrências sobrenaturais, quanto na posterior análise de fotografias e filmes obtidos.
Em determinados casos, contabilizou-se um número impressionante de até 60 testemunhas, incluindo 72 médicos, 12 engenheiros, 36 advogados e 25 militares, entre outros.
A partir do momento em que o presidente brasileiro tomou conhecimento dos talentos de Mirabelli, uma investigação sobre suas atividades foi prontamente iniciada.
As avaliações científicas eram conduzidas em um ambiente controlado pelos próprios pesquisadores, datando do ano de 1927. Antes e após os exames, Mirabelli era submetido a avaliações físicas enquanto permanecia amarrado a uma cadeira.
Os testes foram realizados ao ar livre ou, quando conduzidos em ambientes fechados, sob a iluminação intensa de luzes.
Durante tais experimentos, constatou-se um total superior a 350 resultados “positivos” em comparação a menos de 60 resultados “negativos”.
Durante uma das sessões, quando um bispo chamado Camargo Barros fez uma aparição e um aroma de rosas começou a se espalhar pela sala, o médico procedeu a um exame minucioso do bispo.
É importante mencionar que apenas alguns meses haviam se passado desde o falecimento de Camargo Barros antes dessa sessão. Durante tais incidentes, Carmine permanecia preso em sua cadeira e parecia estar em transe, embora isso não fosse confirmado.
A sala exalou novamente o perfume de rosas quando o bispo instruiu os assistentes a testemunharem sua desmaterialização, o que eles fizeram devidamente.
Outro momento notável ocorreu quando uma pessoa surgiu e foi identificada pelos presentes como o Prof. Ferreira, que havia se ausentado recentemente.
O médico examinou-o e, após tirar uma fotografia, a figura tornou-se nebulosa e desapareceu, conforme relatado nos registros do médico.
Os investigadores observaram mudanças consideráveis nas condições físicas de Carmine durante as sessões, incluindo alterações significativas em sua respiração, temperatura corporal e frequência cardíaca.
Outro exemplo marcante da mediunidade de Carmine manifestando-se espontaneamente e ilustrando a natureza espontânea de suas habilidades foi a materialização do Dr. de Menezes.
Carmine saiu de seu transe e descreveu uma pessoa que conseguia ver enquanto um objeto colocado sobre a mesa começava a levitar e ressoar no ar.
Dois dos assistentes identificaram imediatamente a figura descrita como sendo o Dr. de Menezes, quando essa pessoa repentinamente materializou-se diante do grupo.
O médico tentou analisar a materialização, mas ela começou a flutuar independentemente, deixando-o perplexo.
Conforme a figura começou a desaparecer, Fodor relata que “a forma começou a se desintegrar a partir dos pés, com o busto e os braços flutuando no ar”.
Theodore Besterman, um pesquisador da Society for Psychical Research em Londres, testemunhou muitas das sessões de Mirabelli no Brasil em 1934 e retornou com algumas descobertas intrigantes.
No entanto, após sua partida, ele escreveu um breve e confidencial relatório acusando Mirabelli de fraude, que nunca foi publicado. Sua única declaração pública foi de que ele não havia observado nada fora do comum.
Relatos de experiências mediúnicas persistiram ao longo da vida de Mirabelli. Embora seja difícil acreditar que Mirabelli possa evitar acusações generalizadas de envolvimento em prestidigitação, dado o ceticismo atual sobre alegações de aportes e materializações, é importante ressaltar que apenas aqueles que o conheceram pessoalmente lhe atribuíram críticas elogiosas.
Talvez, devido à natureza desfavorável das primeiras descobertas, especialmente as de Besterman, um estudo abrangente nunca tenha sido realizado.
Controvérsias
A Escada Fantasma
Se buscarmos evidências de possível fraude por parte de Mirabelli em relação às suas manifestações mais impressionantes, basta analisar a famosa (ou pelo menos notória) fotografia em que Mirabelli é supostamente retratado levitando.
Essa fotografia foi divulgada pela primeira vez fora do Brasil na primeira edição (1975) do livro intitulado “The Flying Cow”, escrito por Playfair.
No referido livro, Playfair observou que não conseguiu autenticar a foto e que havia a possibilidade de ser falsa.
A confirmação ocorreu em 1990, quando o pesquisador americano Gordon Stein encontrou uma impressão original da fotografia nos arquivos da Society for Psychical Research (SPR) na Biblioteca da Universidade de Cambridge.
Essa impressão revelou claramente que a imagem havia sido retocada para eliminar a presença da escada sobre a qual Mirabelli estava posicionado.
No entanto, não está claro se o negativo original foi retocado ou se uma impressão foi manipulada e posteriormente fotografada novamente.
De toda forma, as evidências são claras e Stein, sem dúvida, estava correto ao afirmar que Mirabelli “apresentou uma fotografia fraudulenta de si mesmo como autêntica”.
De forma curiosa, Mirabelli assinou a gravura e dedicou-a ao Sr. Theodore Besterman.
É igualmente curioso notar que Besterman, que claramente não era um admirador de Mirabelli, não aproveitou a oportunidade para mencionar a fraude óbvia em seu relatório.
De qualquer maneira, Playfair também não demorou a publicar um artigo sobre a fraude descoberta e atualizou a narrativa de Mirabelli em uma edição posterior de seu livro.
Conclusão
Evidentemente, o caso de Mirabelli deve ser considerado, no máximo, como uma instância de “mediunidade mista”, que engloba uma combinação de fenômenos fraudulentos e genuínos.
De forma igualmente óbvia, como ilustrado claramente pelo caso de Palladino, não é plausível argumentar que uma pessoa que trapaceia uma vez o fará sempre.
Na verdade, como mencionado anteriormente, podem existir motivos óbvios (e possivelmente defensáveis) para que um médium recorra ocasionalmente à fraude.
Na realidade, uma ironia do caso de Palladino reside no fato de que sua predisposição para enganar quando lhe era permitido pavimentou o caminho para as sessões mais persuasivas e estritamente controladas de sua carreira – as sessões de Nápoles em 1908 (Feilding, 1963; Feilding, Baggally e Carrington, 1909).
No entanto, considerando que Mirabelli não estava completamente, exclusivamente e honestamente comprometido em promover o Espiritismo, quais seriam suas possíveis motivações para trapacear? Os motivos mais evidentes seriam o dinheiro e a busca por fama.
De fato, não há nada intrinsecamente escandaloso em um indivíduo dotado de habilidades psíquicas buscar na mediunidade uma fonte de renda primária.
No entanto, talvez haja mais do que isso na narrativa. Conforme relatado, Mirabelli não era avesso a uma auto promoção liberal, Playfair o descreve como extravagante e vaidoso.
O autor também afirma que Mirabelli “era um gastador extravagante, que não hesitava em comprar dez trajes ou uma dúzia de pares de sapatos de uma só vez, apenas para presentear a maioria deles”. É evidente que esse estilo de vida requer financiamento de alguma forma.
A visão de Besterman sobre a situação fiscal de Mirabelli é ligeiramente menos imparcial. Ele escreveu:
Embora ele esteja ansioso para não ser considerado como um profissional, na verdade ele o é. Direta ou indiretamente, Mirabelli exige e obtém (como eu sei muito bem) honorários substanciais, muito mais substanciais, de fato, do que qualquer um já solicitado a mim anteriormente ao participar de sessões em locais próprios de um médium. O procedimento é o seguinte: Mirabelli funda ou causa a fundação de um instituto, no qual ele trabalha e reside, e para o qual os participantes pagam. Foi dessa maneira que a Academia de Estudos Psíquicos “Cesar Lombroso” foi fundada em São Paulo em setembro de 1919; e a mudança de Mirabelli para o Rio de Janeiro levou à fundação lá, em novembro de 1933, do Instituto Psíquico Brasileiro.
Se assumirmos que Mirabelli era um indivíduo que se dedicava à prática de fraudes, com o intuito não apenas de obter uma vida confortável, mas também de desfrutar de luxo, como podemos explicar os relatos de suas manifestações mais convincentes, em especial suas materializações?
Inicialmente, os céticos poderiam argumentar que tais relatos são resultado de observações deficientes, ingenuidade e conluio entre as testemunhas.
No entanto, essa explicação demandaria um número excessivamente elevado de pessoas crédulas, incompetentes ou corruptas, cuja principal desqualificação como testemunhas seria o fato de não terem tido a sorte de serem membros privilegiados do SPR.
As manifestações de Mirabelli foram observadas por mais de quinhentas pessoas (sendo mais de cem delas estrangeiras), frequentemente com o respaldo de fotografias. Além disso, como mencionado anteriormente, esses fenômenos ocorriam em condições de luz intensa e, muitas vezes, sob controles adequados.
Contudo, Besterman, de maneira condescendente, colocou em dúvida a competência dos diversos depoimentos que corroboraram as manifestações mais impactantes de Mirabelli. Em suas palavras:
… seus testemunhos têm um valor relativamente insignificante. Esses senhores, na maioria dos casos, não possuem experiência com médiuns além de Mirabelli, e eles não têm noção das condições nas quais a pesquisa psíquica deveria ser conduzida. Em resumo, seus depoimentos possuem o valor que pode ser atribuído a evidências apresentadas por visitantes inexperientes e mais ou menos casuais, a respeito de eventos sobre os quais eles não têm controle.
No entanto, são as alegações de Besterman que parecem carecer de valor. Em primeiro lugar, muitos dos fenômenos impressionantes e bem documentados de Mirabelli ocorreram sob condições adequadas de controle, incluindo iluminação intensa, restrição segura do médium à cadeira e a manipulação de uma aparição materializada que se dissipava nas mãos do observador.
Além disso, em vários casos, a habilidade de controlar ou observar tais manifestações em grande escala, frequentemente em locais onde Mirabelli não tinha oportunidade de preparar truques, não requer uma extensa investigação prévia no campo mediúnico.
Ademais, os fenômenos persistiram por muitos anos, o que sugere que os membros das investigações regulares de Mirabelli puderam aprender com a experiência, tornando-se mais cautelosos e perspicazes com o tempo.
Curiosamente, Besterman admitiu, em uma nota de rodapé ao trecho citado anteriormente, que seu julgamento não se baseava em qualquer tentativa de encontrar e questionar aqueles cujos relatos ele estava contestando, mas sim em suas experiências extremamente limitadas com Mirabelli, que, vale destacar, não foram conduzidas de forma controlada.
Pelo menos Besterman não recorreu às hipóteses infelizmente falhas de hipnose coletiva ou alucinação coletiva. Já abordei detalhadamente essas manobras de último recurso em outro contexto, portanto, mencionarei apenas alguns pontos relevantes aqui.
Primeiramente, em relação à hipnose: simplesmente não há evidências de que o tipo apropriado de hipnose em massa tenha ocorrido, ou seja, não existem relatos que indiquem a indução de pessoas a emitir observações idênticas ou concordantes em condições amplamente reconhecidas como desfavoráveis à hipnose, além do fato de que a suscetibilidade hipnótica humana é conhecida por ser variável.
Na verdade, se um médium fosse capaz, por meio de sugestão, de fazer com que pessoas diferentes, com diferentes níveis de suscetibilidade hipnótica, experimentassem e relatassem simultaneamente os mesmos fenômenos, mesmo em condições desfavoráveis à sugestão, essa habilidade seria considerada paranormal, assim como aquilo que se supõe explicar.
De fato, essa dinâmica assemelha-se suspeitosamente a uma influência telepática. A segunda hipótese, a de alucinação coletiva, é simplesmente ridícula. Ela não consegue explicar, de forma alguma, o contínuo sucesso de Mirabelli em boas condições, muitas vezes por muitos anos.
Uma vez que as testemunhas de Mirabelli não estavam envolvidas em rituais com cogumelos, seria necessário que houvesse uma quantidade significativa de alucinação espontânea ocorrendo ao longo de décadas, resultando curiosamente em pessoas vivenciando experiências não verídicas semelhantes ou idênticas.
Além disso, essa hipótese falha em explicar a relevância causal da presença de Mirabelli. Se o médium não teve nenhuma influência nos supostos relatos observacionais falsos das testemunhas, por que elas estariam alucinando em primeiro lugar?
No entanto, se Mirabelli fosse responsável, isso implicaria que a hipótese se resumiria, em última análise, a uma forma de hipnose coletiva, cujas limitações já foram mencionadas.
No entanto, as materializações podem ser explicadas de maneira satisfatória ao postular uma série de cúmplices que se fazem passar pelos falecidos? Dingwall refutou essa conjectura:
Vou até admitir a possibilidade de uma conspiração em grande escala e assumir (por uma questão de argumento) que as materializações sejam cúmplices do médium ou dos participantes. No entanto, os cúmplices são seres humanos e seres humanos geralmente não levitam, não se desintegram em pedaços e não flutuam em nuvens de vapor. Cúmplices não perdem metade de seus corpos, não se sentem como esponjas flácidas e não dão choques violentos às pessoas que tentam segurá-los.
Também é importante salientar que os fenômenos relatados de Mirabelli não são particularmente extravagantes quando comparados a fenômenos de materialização de menor magnitude, para os quais existem evidências convincentes (veja, por exemplo, Braude 1997, Inglis 1977, Weaver 2015).
Alguns desses fenômenos são simplesmente mais completos, complexos ou virtuosos.
Além disso, diante da falta de uma escala credível para determinar os graus de estranheza e considerando a abundância de evidências sólidas para materializações parciais (incluindo evidências nos casos de Home e Palladino), seria prudente levar em consideração o alerta de Richet de que:
É tão difícil compreender a materialização de uma mão viva, quente, articulada e móvel, ou mesmo de um único dedo, quanto compreender a materialização de uma personalidade inteira que vem e vai, fala e move o véu que o cobre.
Permanece o fato de que muitas das manifestações aparentemente bem documentadas e controladas de Mirabelli resistem a uma refutação cética fácil, ou mesmo a qualquer refutação plausível.
Certamente, a exposição de Besterman sobre truques de prestidigitação sem nenhum tipo de controle falha em abordar o desafio apresentado pelos fenômenos físicos muito mais espetaculares e controlados relatados no caso de Mirabelli.
Portanto, embora as manifestações de Mirabelli possam não estar tão solidamente estabelecidas quanto as melhores manifestações de D. D. Home, Eusapia Palladino, Kluski e outros, ainda existem razões convincentes para tratar o caso com seriedade e talvez considerá-lo como um indicativo de quão dramáticos os fenômenos de PK podem ser.
É interessante observar que Mirabelli alterou seu nome quando era jovem devido à preocupação com a semelhança entre seu nome e o nome de sua mulher Carmen.