Apreciar a beleza e a magnificência do anel de safira de 2.000 anos é uma tarefa difícil de não se cumprir. Trata-se de uma relíquia antiga de origem romana, atribuída, possivelmente, à posse do terceiro imperador romano, Calígula, que governou entre os anos de 37 e 41 d.C.
O imperador romano conhecido como Calígula, cujo nome completo era Caio Júlio César, foi batizado em homenagem a Júlio César. O epíteto “Calígula” foi atribuído a ele, o que significa “pequena bota do soldado”.
Embora haja dúvidas sobre sua saúde mental, é certo que Calígula foi um dos governantes mais cruéis da história romana, e seu reinado ficou marcado por práticas como a adoração divina de sua própria figura, incesto com suas irmãs e a intenção de nomear seu cavalo como cônsul. Durante seu curto governo, tortura e assassinato eram práticas comuns.
Acredita-se que o anel de safira em questão seja tão belo quanto Calígula era malévolo, com seu holólito azul-celeste sendo comparado a Cesônia, sua quarta e última esposa, que era considerada extraordinariamente bela e extravagante. De fato, Suetônio, historiador romano, a descreveu como “uma mulher de comportamento imprudente e libertino”.
A narrativa da relação amorosa entre Calígula e Cesônia teve como resultado o nascimento de Julia Drusilla. Cesônia ocupava uma posição importante na vida do imperador, sendo sua confidente mais próxima. Todavia, o casal se encontrava envolvido em um ambiente hostil, com diversos inimigos que visavam tirar Calígula do poder.
"Calígula foi vítima de um complô tramado por oficiais da Guarda Pretoriana liderados por Cassius Chaerea, senadores e cortesãos, culminando em seu assassinato juntamente com Cesônia e a filha do casal. Diferentes relatos descrevem distintas formas de execução do imperador, variando entre perfurações no peito e entre o pescoço e o ombro por uma espada. Segundo Sêneca, Chaerea teria decapitado Calígula com um golpe, enquanto outros conspiradores desferiram ataques com suas espadas contra o cadáver.
Logo após o assassinato, Chaerea ordenou que um tribuno chamado Lupus executasse Cesônia e Drusilla.
Segundo relatos, a imperatriz demonstrou coragem ao enfrentar o golpe, enquanto a criança foi violentamente arremessada contra a parede. Quérea e Sabino, amedrontados com as possíveis consequências, fugiram para o interior do complexo do palácio e, posteriormente, por um caminho alternativo em direção à cidade.
O belo anel de safira pertencente a Calígula fez parte da coleção do Conde de Arundel entre 1637 e 1762, sendo posteriormente incluído nas famosas “Jóias de Marlborough”. Não é surpreendente que o anel tenha gerado grande interesse quando disponibilizado para compra em um leilão promovido pela joalheria real Wartski.
“Este anel, que é inteiramente feito de safira, é uma das prestigiadas ‘Jóias de Marlborough’. Existem poucos holólitos, e este é, sem dúvida, o melhor exemplo que se pode encontrar. Acredita-se que tenha pertencido ao infame imperador Calígula, e a inscrição no anel mostra sua última esposa, Cesônia”, afirmou Kieran McCarthy, diretor da Wartski. Em 2019, o anel de Calígula foi vendido por quase £ 500.000.