Um recente estudo revelou que, há aproximadamente 9.400 anos, caçadores-coletores no que hoje é o Brasil produziram dezenas de impressionantes desenhos de arte rupestre em associação com pegadas de dinossauros que remontam ao período Cretáceo (entre 145 e 66 milhões de anos atrás).
Os pesquisadores acreditam que os antigos habitantes deliberadamente posicionaram a arte rupestre ao lado das pegadas de dinossauros, uma vez que muitos dos petróglifos estão a uma distância de 5 a 10 centímetros das marcas fossilizadas. Além disso, alguns desses desenhos parecem ser ilustrações das próprias pegadas.
“As pessoas que criaram os petróglifos estavam muito cientes das pegadas, provavelmente escolhendo o local justamente por causa delas”, disse o primeiro autor do estudo, Leonardo Troiano, arqueólogo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional do Brasil. “Teria sido impossível não notar sua presença.
O sítio arqueológico, conhecido como Serrote do Letreiro, está localizado a cerca de 11 quilômetros do centro urbano do município de Sousa, no estado nordestino da Paraíba. Ele fica próximo ao Vale dos Dinossauros, uma área de preservação famosa por suas centenas de pegadas fossilizadas.
Segundo um novo estudo, publicado este mês na revista Scientific Reports, as pegadas de dinossauros fossilizadas na região eram conhecidas desde o início do século XX. No entanto, a arte rupestre associada a essas pegadas havia sido mencionada apenas de forma breve ao longo dos anos.
"“Embora pelo menos uma escultura antiga dos Kiriri – o principal grupo indígena do interior do nordeste do Brasil – já fosse conhecida, a proximidade entre os petróglifos e as pegadas de dinossauros nunca havia sido documentada”, disse Troiano, que conduziu a pesquisa com um grupo de estudantes do ensino médio que visitou o local em 2023.
A equipe de pesquisadores observou pegadas fossilizadas que pertencem a diversos tipos de dinossauros. Entre eles, destacam-se os terópodes carnívoros, os saurópodes de pescoço longo e os ornitópodes bípedes, incluindo os dinossauros iguanodontianos. A semelhança dessas pegadas com as da ema (Rhea americana), a maior ave do Brasil, pode ter facilitado o reconhecimento e a interpretação desses vestígios fósseis pelos povos antigos.
Além disso, na mesma região, foram encontrados petróglifos, que são principalmente gravuras de círculos preenchidos com linhas e outros traços geométricos. Esses petróglifos são atribuídos a seres humanos que viveram entre 9.400 e 2.620 anos atrás.
“Eles eram pequenos grupos seminômades de caçadores e coletores que viviam em sociedade e usavam objetos feitos de pedra”, disse Troiano. “Não encontramos restos orgânicos que permitissem a datação por radiocarbono, então comparamos a arte com sítios arqueológicos da região com arte rupestre semelhante ou idêntica. Por exemplo, os petróglifos em locais como a Pedra do Alexandre, cerca de 200 km a oeste do Serrote do Letreiro, datam de cerca de 9.400 anos atrás, de acordo com a análise de radiocarbono de enterros humanos.”
Os povos antigos utilizaram duas técnicas para criar as gravuras mencionadas: perfuração e raspagem.
“A perfuração envolve o uso de um tipo de martelo de pedra para criar depressões na superfície, semelhante ao pontilhismo, enquanto a raspagem envolve esfregar uma pedra contra a superfície até formar a gravação desejada. Em alguns casos, as duas técnicas foram combinadas para melhorar a visibilidade e a profundidade”, explicou Troiano.
Via: Mystery Planet