A ciência médica está dando passos significativos na busca por soluções inovadoras para os desafios enfrentados pelos bebês prematuros. Cientistas do Children’s Hospital of Philadelphia anunciaram avanços promissores em testes com um útero artificial, que poderá ser aprovado para testes em humanos ainda este ano.
Os testes iniciais foram conduzidos utilizando cordeiros prematuros, uma abordagem que se mostrou bem-sucedida. Os cordeiros, ao serem colocados no útero artificial chamado EXTEND, apresentaram desenvolvimento cerebral normal, movimentos ativos, respiração e deglutição aparentemente normais.
Essa descoberta é especialmente significativa, pois a imaturidade pulmonar é uma das principais razões pelas quais muitos bebês prematuros enfrentam desafios significativos para sobreviver.
Os resultados dos 300 testes bem-sucedidos revelaram que os animais mantiveram um estado nutricional estável, simulando condições semelhantes à alimentação materna. A equipe do hospital conectou o cordão umbilical dos cordeiros a um oxigenador, circulando o sangue e imitando o ambiente uterino, permitindo que os fetos respirassem e engolissem o fluido amniótico.
A Food and Drug Administration (FDA) está agora em fase de discussão das próximas etapas para levar o útero artificial a testes em humanos. A expectativa é que uma decisão seja anunciada ainda este ano. Esta inovação pode oferecer uma solução para bebês nascidos com 28 semanas ou antes, abrindo caminho para um tratamento mais eficaz e aumentando as chances de sobrevivência.
"O período típico de gestação de um cordeiro é de 152 dias, e os cordeiros utilizados nos testes nasceram entre 106 e 113 dias, equivalente ao estágio prematuro de um bebê humano de 23 a 24 semanas.
Isso destaca a relevância da escolha do modelo animal para os estudos, considerando que o conhecimento sobre o desenvolvimento fetal humano foi, em grande parte, derivado do estudo do cordeiro.
Emily Partridge, líder da equipe de pesquisa, ressaltou que os cordeiros mantiveram um estado nutricional estável e desenvolveram órgãos saudáveis, incluindo pulmões e cérebros, o que levou a FDA a considerar a aprovação para iniciar os testes em humanos.
“A ideia é superar a fase difícil, quando eles estão realmente com dificuldades, e levá-los até um ponto em que possam se sair bem”, disse Partridge.
Os testes de fígado foram positivos, e os animais apresentaram movimentos normais, ciclos de sono/vigília e respiração intermitentes, demonstrando conforto e ausência de estresse.
Embora o EXTEND seja uma inovação promissora, os desenvolvedores esclarecem que não tem a intenção de substituir completamente a gravidez. Alan Flake, um dos cientistas por trás do projeto, destacou que a ideia de substituir completamente a gravidez é tecnicamente inviável, considerando-a um “sonho ingênuo” e especulativo, como mencionado na NewScientist em junho de 2023.
Apesar disso, o projeto enfrenta agora a fase crucial de aprovação para testes em humanos. A FDA realizou reuniões com especialistas, incluindo neonatologistas, pediatras e bioeticistas, para discutir as medidas a serem tomadas para conduzir um estudo clínico cuidadosamente projetado. A expectativa é que a FDA anuncie sua decisão ainda este ano.
Emily Partridge enfatizou a lição aprendida de nunca desistir e a importância de continuar tentando até que se encontre uma solução viável.
Com a possibilidade de avanços significativos no tratamento de bebês prematuros, o útero artificial poderá se tornar um marco na história da medicina, oferecendo esperança e oportunidades para aqueles que enfrentam desafios desde o início de suas vidas.