A recente decisão da empresa chinesa de mecanismos de busca, Baidu, de abandonar sua divisão de computação quântica, doando suas instalações para a Beijing Academy of Quantum Information Sciences (BAQIS), sob controle governamental, levanta questões sobre as motivações por trás dessa mudança abrupta.
Esta decisão segue um padrão semelhante ao do gigante chinês do comércio eletrônico Alibaba, que desistiu de suas instalações de pesquisa quântica em novembro passado, doando seu laboratório quântico para a Universidade de Zhejiang.
As instalações de computação quântica da Baidu foram estabelecidas em 2018, com a ambição declarada de se tornar uma instituição líder global em pesquisa de computação quântica em cinco anos.
A empresa concentrou-se em áreas como IA quântica, algoritmos e arquitetura, desenvolvendo um computador quântico de 10 qubits supercondutores em 2022 e, posteriormente, um chip quântico de 36 qubits. Além disso, a Baidu desenvolveu interfaces de software-hardware quânticas, um “sistema operacional quântico” e uma plataforma de aprendizado de máquina quântica baseada em nuvem.
A colaboração entre a Baidu e a BAQIS resultou na primeira aliança de propriedade intelectual de computação quântica da China, lançada em março de 2023, com o objetivo de impulsionar a inovação no setor.
"No entanto, a rápida desistência da Baidu levanta questões sobre as verdadeiras motivações por trás dessa decisão.
A decisão conjunta da Baidu e Alibaba de doar suas instalações de pesquisa quântica para instituições acadêmicas apoiadas pelo governo sugere uma possível intervenção do governo chinês. Embora as razões exatas por trás dessas saídas repentinas não sejam completamente claras, é plausível que a mudança de foco para outras atividades comerciais seja influenciada por motivos comerciais.
Ambas as empresas são ativas no campo de inteligência artificial (IA), cujos aplicativos podem levar a um sucesso comercial mais imediato em comparação com produtos quânticos, que geralmente levam anos para chegar totalmente ao mercado.
A doação das instalações para instituições acadêmicas respaldadas pelo governo levanta a possibilidade de que o controle governamental sobre o desenvolvimento da computação quântica na China seja um fator significativo.
O movimento alinhado do Baidu e Alibaba pode indicar um desejo do governo chinês de ter um controle mais firme sobre as tecnologias emergentes, especialmente aquelas com implicações estratégicas e de segurança, como a computação quântica.
É importante observar que a Damo Academy, instituição de pesquisa da Alibaba, também seguiu um caminho semelhante ao doar seu laboratório quântico para a Universidade de Zhejiang. Espera-se que os 30 funcionários da Damo Academy continuem em seus cargos na Universidade de Zhejiang.
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A declaração oficial da Damo Academy indica uma mudança de foco para a pesquisa fundamental em IA e sua aplicação em setores como agricultura e saúde.
A desistência simultânea do Baidu e Alibaba da computação quântica levanta preocupações sobre o papel do governo chinês na direção estratégica das empresas de tecnologia do país.
O controle mais rígido sobre setores-chave pode ser uma estratégia para posicionar a China como líder global em tecnologias emergentes, incluindo a computação quântica, em um futuro próximo.