Um intrigante estudo realizado por um grupo de pesquisadores dos Estados Unidos, Canadá e Suécia revelou descobertas fascinantes sobre as estrelas mais antigas da Via Láctea e sua capacidade única de produzir elementos com massa atômica superior a 260.
O estudo, publicado na revista Science, destaca a importância das estrelas de nêutrons antigas como verdadeiras fábricas de elementos pesados.
O ponto focal dessa pesquisa reside nos elementos com massa atômica maior que 260, uma gama que ultrapassa os limites dos elementos naturais conhecidos na Terra. Até agora, o urânio, com uma massa atômica de 238, era considerado o elemento natural mais pesado presente em nosso planeta.
No entanto, o estudo revela que as estrelas de nêutrons antigas têm a capacidade única de forjar elementos ainda mais pesados por meio do processo de captura rápida de nêutrons, conhecido como “processo r”.
O processo r é fundamental na criação de elementos pesados, incluindo metais preciosos como urânio, platina, ouro e prata. Esse fenômeno ocorre durante eventos de estrelas de nêutrons, que geralmente se formam em pares após uma supernova.
"Quando essas estrelas colidem, ocorrem condições extremas, densas e superquentes, propícias para o processo r. Nesse ambiente, nêutrons são capturados rapidamente pelos átomos, que são posteriormente lançados no espaço.
O Dr. Ian Roederer, físico da Universidade Estadual da Carolina do Norte e principal autor do estudo, destaca a importância do processo r na criação de elementos mais pesados.
Segundo ele, “o processo r é necessário se você quiser criar elementos mais pesados do que, por exemplo, chumbo e bismuto”. No entanto, ele ressalta que é necessário uma quantidade significativa de energia e nêutrons para esse processo, e os melhores lugares para encontrá-los são no nascimento ou na morte de uma estrela de nêutrons, ou quando essas estrelas colidem.
O estudo se destaca por abordar fatores desconhecidos sobre como esse fenômeno ocorre no universo. A equipe de Roederer examinou 42 estrelas antigas na Via Láctea para aprimorar a compreensão da formação de elementos.
Eles identificaram padrões nos elementos pesados presentes nessas estrelas, sugerindo que eram resíduos da fissão de elementos mais pesados. Elementos instáveis, com massa superior a 260, decompõem-se ao longo do tempo, transformando-se em elementos estáveis como prata e ródio.
Roederer destaca a extrema complexidade das condições do processo r, indicando a falta de compreensão sobre quantos locais diferentes no universo podem gerar esse processo e como ele termina. Elementos estáveis, como prata e ródio, foram identificados como produtos da decomposição de metais mais pesados, antes de se separarem.
O impacto desse estudo vai além da simples identificação de elementos pesados no espaço. Roederer afirma que “vê-los no espaço nos dá uma orientação sobre como pensar em modelos e fissão, e pode nos dar uma ideia de como surgiu a rica diversidade de elementos”.
Essa descoberta lança luz sobre os processos cósmicos que moldaram a composição química do universo, desvendando segredos anteriormente desconhecidos sobre a formação de elementos pesados na Via Láctea.