Desde tempos imemoriais, a humanidade busca compreender o universo que a cerca, lançando olhares especulativos sobre o desconhecido. Uma dessas especulações, enraizada na ficção científica e alimentada por teorias físicas mais arrojadas, é a ideia de universos paralelos.
Se estamos imersos em um cosmos tridimensional, como as três dimensões espaciais que conhecemos permitem a existência de outras realidades? Este artigo busca analisar essa questão, explorando conceitos, experimentos de pensamento e confrontando-os com as leis empíricas da luz e da gravidade.
A complexidade do pensamento sobre universos paralelos pode ser simplificada por meio de um experimento mental em duas dimensões. Em nosso mundo tridimensional, movemo-nos para a esquerda/direita, para cima/baixo e para frente/para trás.
Contudo, ao imaginar um universo bidimensional, a movimentação se restringe a duas direções, assemelhando-se a uma folha de papel. Suponhamos, então, a existência de universos bidimensionais paralelos, cada qual separado por uma pequena distância na terceira dimensão. Essa abstração visual pode ser comparada a uma pilha de folhas de papel, cada uma representando um universo bidimensional.
A especulação sobre universos paralelos frequentemente se estende à explicação de fenômenos inexplicáveis, como fantasmas. A hipótese sugere que criaturas em universos paralelos podem interagir, manifestando-se como visões fantasmagóricas em nosso mundo tridimensional.
"No entanto, a ciência contesta essa ideia, apontando para as leis da luz. A intensidade luminosa diminui com o quadrado da distância, indicando que a luz opera em três dimensões. Assim, a hipótese dos fantasmas provenientes de dimensões paralelas se confronta com as limitações da luz em nosso espaço tridimensional.
Um argumento análogo surge ao considerar as rotações anômalas observadas em galáxias. Astrônomos há décadas observam que as galáxias giram mais rápido do que a gravidade predita pelas leis conhecidas.
A ficção científica aventura a hipótese de que a massa adicional pode ser proveniente de universos paralelos. Entretanto, a lógica que desqualifica os fantasmas como seres de dimensões paralelas também invalida essa explicação. Se a gravidade pudesse atravessar dimensões, sua força diminuiria ao cubo da distância, o que não se verifica nas observações astronômicas.
Isso implica que a origem de um “fantasma” não pode ser atribuída à luz proveniente de uma dimensão paralela. Se essa hipótese fosse de fato precisa, a luz seria capaz de percorrer não apenas três, mas quatro dimensões, resultando em uma fórmula de intensidade luminosa proporcional a 1/distância^3 (uma vez que 4 – 1 = 3).
No entanto, através de medições, temos evidências de que a intensidade luminosa diminui de acordo com a distância ao quadrado, e não ao cubo. Portanto, concluímos que a luz se desloca apenas ao longo de três dimensões espaciais.
A luz proveniente de uma fonte, como uma lâmpada, se difunde através de uma série de esferas concêntricas com centro na fonte. A área da superfície de uma esfera tridimensional é diretamente proporcional ao quadrado do raio (área da superfície = 4πr2), e a intensidade da luz se dispersa de maneira uniforme pela esfera.
Nota-se que o termo “2” na fórmula (que representa “ao quadrado” em 1/distância2) é equivalente a uma unidade a menos do que o número de dimensões pelas quais a luz pode se propagar. Em outras palavras, a luz pode percorrer três dimensões espaciais, e 3 – 1 = 2, sendo este último o número presente na fórmula.
Contudo, seria precipitado encerrar o debate sobre universos paralelos com base nessas evidências. A exclusão da possibilidade de interações entre dimensões superiores depende da matéria e energia de um universo interagindo com outro.
Se tal interação não for permitida, a teoria dos universos paralelos pode persistir. No entanto, assim como não podemos afirmar categoricamente a inexistência de duendes invisíveis em armários, a falta de dados que sustentem a existência de mundos paralelos nos leva a concluir que, provavelmente, eles não existem.
Em síntese, a ciência, ao avançar, muitas vezes depara-se com teorias descartadas. A busca por respostas nos leva a questionar e refinar nossas compreensões. Embora as dimensões paralelas permaneçam no reino da especulação, é por meio dessas explorações que a ciência avança, construindo conhecimento sobre o que é, o que foi e o que pode ser.
O caminho para compreender os universos paralelos, se existirem, ainda está por ser totalmente desbravado, proporcionando uma narrativa fascinante que se entrelaça entre a ficção científica e a empiria.