A rica história do Império Romano continua a nos surpreender, revelando tesouros há muito perdidos que lançam luz sobre a vida na antiguidade. Recentemente, uma descoberta extraordinária nas águas da costa nordeste da ilha italiana da Sardenha deixou arqueólogos e historiadores entusiasmados.
Um mergulhador avistou detritos metálicos nas profundezas, o que levou a uma exploração subsequente realizada por uma equipe de especialistas. Esse mergulho levou à descoberta de uma coleção excepcionalmente bem preservada de moedas do início do século IV d.C., lançando nova luz sobre a economia e a vida no período tardio do Império Romano.
O Tesouro Subaquático
As moedas datam do início do século IV d.C. e correspondem principalmente ao tipo de follis de bronze produzido na tradição romana. O follis era uma moeda da Roma Antiga introduzida por volta de 294 durante a reforma monetária de Diocleciano.
Essas moedas eram grandes e robustas, pesando entre oito e dez gramas, com aproximadamente 4% de prata em sua composição. O termo “follis” tem origem na palavra latina que significa “bolsa”, geralmente feita de couro.
Evidências sugerem que o termo era usado na antiguidade para descrever uma bolsa selada contendo uma certa quantidade de moedas, como as que foram descobertas.
"A descoberta é notável não apenas pela quantidade de moedas recuperadas, mas também pela sua excepcional condição de preservação. Dos cerca de 30.000 a 50.000 folles recuperados, apenas quatro estão danificados, mas ainda são legíveis.
Essas moedas são uma janela para o mundo econômico do Império Romano no início do século IV e proporcionam informações valiosas sobre os sistemas de comércio e troca monetária da época.
Datação e Procedência das Moedas
A datação cronológica das moedas varia entre 324 d.C. (durante a cunhagem de Licínio) e 340 d.C.. A presença de moedas de Constantino, o Grande, e outros membros de sua família, juntamente com a ausência de moedas centenárias cunhadas após 346 d.C., confirmam esse intervalo de tempo.
As moedas recuperadas provêm da maioria das casas da moeda imperiais ativas durante esse período, com exceção de Antioquia, Alexandria e Cartago.
A Operação de Resgate
A descoberta foi feita por um mergulhador que avistou os detritos metálicos em águas rasas na costa da Sardenha. A partir daí, uma operação de resgate coordenada foi realizada pela Unidade Arqueológica Subaquática da Superintendência de Arqueologia, Belas Artes e Paisagem (ABAP) de Sassari e Nuoro, em colaboração com os Carabinieri da Unidade de Proteção do Patrimônio Cultural da Sardenha e a Unidade Subaquática dos Carabinieri da Sardenha.
Também estiveram envolvidos o Corpo de Bombeiros de Sassari, a Polícia Estadual, a Polícia Financeira e as Autoridades Portuárias.
O Valor da Descoberta
A descoberta dessas moedas é de grande importância para o estudo da história romana e a economia do Império. Ela lança luz sobre o sistema monetário, comércio e relações econômicas do período tardio do Império Romano.
Além disso, a condição excepcionalmente bem preservada das moedas oferece oportunidades para estudos mais aprofundados e análises.
Luigi La Rocca, diretor geral da ABAP, destacou a relevância da descoberta, ressaltando que ela “representa uma das descobertas numismáticas mais significativas dos últimos anos, destacando mais uma vez a riqueza e a importância do patrimônio arqueológico escondido nas profundezas de nossos mares, rotas comerciais desde tempos imemoriais.”
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No entanto, La Rocca também enfatizou a fragilidade desse patrimônio, sujeito a ameaças naturais e ações humanas, e a necessidade de técnicas eficazes de recuperação, conservação e preservação.
Conclusão
A descoberta das moedas do Império Romano na costa da Sardenha é um marco arqueológico significativo que oferece um vislumbre fascinante da economia e do comércio do século IV d.C. Essas moedas bem preservadas fornecem um tesouro de informações para os historiadores e arqueólogos, revelando um capítulo adicional na rica história de Roma.
É crucial que medidas de preservação sejam implementadas para proteger e estudar esse patrimônio arqueológico, garantindo que futuras gerações possam continuar a aprender com o passado.