Um evento astronômico peculiar está intrigando a comunidade científica – uma estrela distante a “Diabo da Tasmânia” como foi apelidada, que, após uma morte explosiva, parece ter retornado à vida com repetidas explosões energéticas.
Esses eventos, conhecidos como “transientes ópticos azuis rápidos luminosos” (LFBOTs), são mais brilhantes e efêmeros do que as explosões estelares convencionais. O estudo desse fenômeno, liderado por Anna Y. Q. Ho, professora assistente de astronomia da Universidade de Cornell, oferece insights fascinantes sobre a natureza das estrelas massivas e os mistérios do universo.
A Descoberta do “Diabo da Tasmânia”
O LFBOT, oficialmente designado como AT2022tsd, recebeu o apelido sugestivo de “Diabo da Tasmânia”. Sua notoriedade se deve ao fato de que, mesmo após 100 dias da primeira erupção, cada flash subsequente permanece tão brilhante quanto a explosão original. Esta ocorrência é única e desafia as compreensões atuais sobre o que acontece com as estrelas no final de suas vidas.
“Não acreditamos que outra coisa possa produzir esses tipos de explosões”, disse Anna Y. Q. Ho, principal autora da pesquisa e professora assistente da Universidade de Cornell, em um comunicado. “Isso resolve anos de debate sobre o que alimenta esse tipo de explosão e revela um método excepcionalmente direto de estudar a atividade de cadáveres estelares.”
O Enigma por Trás dos LFBOTs
Os LFBOTs foram descobertos pela primeira vez em 2018, e desde então, sua origem tem sido envolta em mistério. A atividade incomum do “Diabo da Tasmânia” oferece uma oportunidade única para entender melhor esses eventos cósmicos. Observado por 15 telescópios em todo o mundo, o comportamento do LFBOT sugere que sua fonte de energia pode ser um buraco negro ou uma estrela de nêutrons, remanescentes de estrelas massivas que alcançaram o fim de suas vidas.
"O Papel da Tecnologia na Descoberta
O “Diabo da Tasmânia” foi inicialmente identificado em setembro de 2022 por meio do software desenvolvido por Anna Y. Q. Ho. Durante a monitorização subsequente, os pesquisadores encontraram um pico de luz brilhante inesperado vindo do evento, desafiando as expectativas convencionais da astronomia.
A Investigação Científica
Para compreender esse fenômeno único de “retorno à vida”, a equipe de pesquisa reuniu dados de 12 telescópios, utilizando inclusive uma câmera de alta velocidade. Após descartar outras fontes possíveis de luz, identificaram 14 pulsos de luz irregulares que ocorreram durante 120 dias. Esse comportamento desconcertante desafia as concepções previamente estabelecidas sobre a evolução estelar.
Possíveis Explicações e Novas Fronteiras na Astronomia
Anna Y. Q. Ho e seus colegas exploram agora a hipótese de que jatos de matéria canalizados pelo campo magnético de um buraco negro podem estar impulsionando essas explosões. No entanto, permanece a possibilidade intrigante de que os LFBOTs possam resultar da colisão e fusão de buracos negros, abrindo novas perspectivas sobre os cataclismos cósmicos.
Conclusão
O “Demônio da Tasmânia” emerge como um enigma cósmico fascinante, desafiando as concepções tradicionais sobre o ciclo de vida estelar. A pesquisa liderada por Anna Y. Q. Ho e sua equipe não apenas fornece respostas há muito procuradas sobre os LFBOTs, mas também abre portas para uma compreensão mais profunda de como as estrelas morrem e quais remanescentes estelares elas deixam para trás.
O estudo desses eventos cósmicos extraordinários oferece uma oportunidade única de observar as estrelas durante sua transição da “vida” para a “morte”, revelando um panorama fascinante do cosmos.
A pesquisa da equipe foi publicada na revista Nature.