Desde a ascensão de Sam Altman como CEO da OpenAI em 2019, a missão primordial da empresa tem sido criar uma “inteligência artificial geral” (AGI) que seja segura e beneficie toda a humanidade.
Contudo, a definição exata do que constitui uma AGI permanece incerta, e as declarações recentes de Altman na entrevista ao Financial Times sobre o próximo GPT-5 levantam questões intrigantes sobre a natureza e os limites dessa ambição.
Altman descreveu a AGI como uma “inteligência mágica no céu”, um termo que pode evocar imagens de uma entidade divina. Esta visão, embora grandiosa, carece de uma definição clara, o que tem levado a interpretações variadas e até mesmo especulações sobre a criação de uma “entidade semelhante a Deus” pela OpenAI.
A própria definição da OpenAI para AGI é mais pragmática, referindo-se a um “sistema que supera os humanos na maioria dos trabalhos de valor econômico”. Esta descrição parece mais realista do que as alusões de Altman a uma “inteligência mágica”, destacando a importância de uma abordagem equilibrada na busca por avanços na inteligência artificial.
“Estamos criando Deus”, disse à Vanity Fair em setembro um engenheiro de IA que trabalha com grandes modelos de linguagem. “Estamos criando máquinas conscientes”.
"Outro aspecto interessante é a linguagem usada por Altman e outros influentes no campo da inteligência artificial, que frequentemente invocam termos religiosos ou divinos. Engenheiros e empresários, como Elon Musk, têm expressado a ideia de que estão “criando Deus” ou uma “superinteligência digital”, alimentando discussões éticas sobre os limites da tecnologia.
A entrevista destaca também a relação da OpenAI com investidores, notadamente a Microsoft, que recentemente investiu US$ 10 bilhões na empresa.
Altman menciona a necessidade contínua de financiamento, apontando para os custos substanciais envolvidos na pesquisa e desenvolvimento de AGI. A busca por mais investimentos sugere que a jornada para alcançar a AGI será longa e dispendiosa, com a empresa reconhecendo a importância de parcerias estratégicas.
A indefinição sobre quando a AGI será alcançada é notável. A OpenAI delega essa decisão ao seu conselho, o que pode indicar a complexidade e a incerteza em torno desse avanço tecnológico. Altman ressalta que há “um longo caminho a percorrer e muita computação a ser construída”, enfatizando os desafios práticos que ainda precisam ser superados.
No entanto, a falta de detalhes específicos sobre como a OpenAI pretende alcançar sua visão é evidente. Altman reconhece que a visão é fazer a AGI, torná-la segura e entender os benefícios, mas a falta de clareza nas estratégias e abordagens pode gerar dúvidas sobre a eficácia da empresa nesse empreendimento ambicioso.
Em conclusão, a busca da OpenAI pela “inteligência mágica no céu” levanta questões éticas, práticas e filosóficas.
À medida que a empresa continua a receber investimentos e a avançar em direção à AGI, é fundamental que ela aborde de maneira transparente e responsável os desafios que surgem, garantindo que os benefícios da inteligência artificial sejam realizados de maneira segura e equitativa para toda a humanidade.
A sociedade aguarda com expectativa o desdobramento dessa jornada rumo a uma nova era de inteligência artificial.