Autoridades peruanas apreenderam duas “múmias” disfarçadas de bonecas em um aeroporto, suspeitando que fossem artefatos raros pré-hispânicos que estavam sendo ilegalmente traficados para fora do país.
As múmias, destinadas ao México, eram muito parecidas com um conjunto polêmico de espécimes apresentado na Cidade do México pelo jornalista Jaime Maussan. Maussan alegou que as múmias, com seus crânios alongados e três dedos, eram evidências de uma espécie não conhecida.
Entretanto, a impressionante semelhança das múmias peruanas com as de Maussan levantou questões sobre sua procedência. Maussan afirmou que suas múmias eram originárias de Nazca, no Peru, mas se recusou a revelar detalhes sobre como elas foram adquiridas e exportadas. Os críticos o acusaram de comprar ilegalmente e contrabandear as múmias para fora do Peru.
Os raios X do aeroporto revelaram as formas humanóides das “bonecas”, que estavam vestidas com roupas tradicionais de festivais andinos. A polícia da aviação confiscou os itens por suspeita de serem artefatos pré-hispânicos de valor inestimável que estavam sendo traficados ilegalmente.
O Ministério da Cultura do Peru possui normas rígidas que proíbem a exportação de artefatos arqueológicos sem autorização do governo. A pena de prisão por contrabando de itens do patrimônio histórico pode variar de 6 a 8 anos.
"A civilização Nazca floresceu entre 100 a.C. e 800 d.C. na costa sul do Peru. Conhecidos por seus sofisticados aquedutos e geoglifos colossais, os Nazca também se destacaram na mumificação. Suas múmias apresentam penteados elaborados, mãos hábeis e crânios excepcionalmente longos e afilados, que se acredita significarem status social de elite.
Se forem autênticas, as múmias apreendidas poderão oferecer informações valiosas sobre a cultura e as práticas funerárias dos nazcas. Entretanto, alguns especialistas suspeitam que elas sejam falsificações modernas criadas para alimentar o mercado negro de artefatos pré-colombianos. Enquanto as autoridades peruanas investigam as origens das múmias, sua autenticidade permanece incerta.
A apreensão no aeroporto chamou novamente a atenção para a luta do Peru contra o tráfico de artefatos. A invasão de locais antigos em busca de antiguidades vendáveis é um problema enorme que priva o Peru de seu patrimônio cultural. Artefatos insubstituíveis são perdidos todos os anos para saqueadores, que contam com redes de contrabando para vendê-los no mercado negro internacional.
As autoridades esperam que esse confisco de alto nível impeça futuras tentativas de tráfico. Entretanto, os vastos sítios arqueológicos e o litoral do Peru oferecem inúmeras oportunidades para saques. Para interromper o fornecimento de artefatos, é necessário reduzir a demanda global.
“Tomamos as providências correspondentes para que esses restos mortais sejam colocados à disposição do Instituto de Medicina Legal, onde solicitaremos a realização dos estudos necessários. Também estamos nos dirigindo à Procuradoria Geral da República e ao Ministério Público, porque isso pode ser parte de uma rede de remoção ilegal de restos mortais pré-hispânicos”, disse o ministro à Tv Peru.
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Educar os colecionadores é uma estratégia importante. A maioria dos compradores não tem conhecimento de como seu dinheiro alimenta o mercado negro, colocando em risco os sítios antigos do Peru. Uma maior conscientização poderia fazer com que os compradores pensassem duas vezes antes de comprar artefatos de origem duvidosa. O monitoramento de leilões e listas de vendas suspeitas também pode ajudar a conter o tráfico.
A recente apreensão no aeroporto do Peru demonstra tanto a engenhosidade dos contrabandistas quanto o compromisso das autoridades em proteger o patrimônio do país. Embora a origem e a autenticidade das múmias permaneçam incertas, seu confisco marca uma pequena vitória na luta contínua do Peru contra a pilhagem de antiguidades insubstituíveis.
“Nossos vestígios arqueológicos, sejam eles cerâmicas, restos de ossos, tecidos, foram saqueados e pilhados por muitos anos e atravessaram as fronteiras. Muitas vezes de forma ilegal”, disse o ministro Leslie Urteaga.