No vasto universo das pedras preciosas, o diamante sempre se destacou como uma das gemas mais cobiçadas e enigmáticas. O Diamante Okavango, um exemplar oval de 20,46 quilates, descoberto na mina Orapa, em Botsuana, é uma verdadeira joia da natureza, que nos presenteia com não apenas sua beleza única, mas também com valiosas pistas sobre a história da Terra.
Marcus ter Haar, da Okavango Diamond Company (ODC), descreveu a descoberta do Diamante Azul Okavango como algo “muito especial” desde o primeiro momento. A sua coloração peculiar, que muitos consideram diferente de qualquer outra pedra azul, fascinou a todos que tiveram a oportunidade de contemplá-lo. Descobrir uma pedra dessa cor e natureza em Botsuana é verdadeiramente um evento único na vida.
“Desde o primeiro momento em que vimos o diamante, ficou claro que tínhamos algo muito especial”, disse Marcus ter Haar, da Okavango Diamond Company, em um comunicado. “Todos que viram o diamante polido de 20 quilates ficaram maravilhados com sua coloração exclusiva, que muitos consideram diferente de qualquer pedra azul que já viram antes. É incrivelmente incomum que uma pedra dessa cor e natureza tenha vindo de Botsuana – um achado único na vida.”
O Diamante Azul Okavango não é apenas uma raridade pela sua cor; ele também revela um segredo geológico profundo. Acredita-se que tenha se formado a cerca de 668 quilômetros abaixo da superfície terrestre, em uma região onde o boro não é comum.
Surpreendentemente, esse diamante contém mais boro do que nitrogênio, um elemento muito mais prevalente no ambiente e que normalmente compõe a maioria dos diamantes.
"De maneira poética, o azul deslumbrante do Diamante Azul Okavango está intrinsecamente ligado ao oceano, pois o boro presente nele foi transportado até essa profundidade pela colisão de placas tectônicas.
Esse processo de subducção ocorreu há cerca de três bilhões de anos, quando uma placa tectônica foi empurrada para o subsolo, arrastando consigo o boro do oceano. Esta é uma descoberta valiosa, que lança luz sobre os processos geológicos profundos e complexos que moldaram o nosso planeta.
O Diamante Azul Okavango é uma gema de exceção. Na sua forma bruta, pesava 41,11 quilates, mas após o processo de lapidação, ele foi classificado como Tipo IIb “Fancy Deep Blue” e recebeu um corte Oval Brilliant, uma das classificações de cor polida mais elevadas que um diamante azul pode alcançar.
Diamantes coloridos como o Diamante Azul Okavango são verdadeiras raridades, representando apenas 0,01% das gemas extraídas em todo o mundo. As cores mais raras incluem o azul, rosa, verde, violeta, laranja e vermelho, enquanto o amarelo e o marrom são um pouco mais comuns.
Embora o Diamante Azul Okavango seja uma descoberta notável, o título de diamante mais caro do mundo pode estar prestes a ser conquistado por outra joia única, o Lulo Rose, um diamante rosa que compartilha sua origem com outros exemplares da mesma cor em uma mina.
Esta descoberta também está ligada aos processos geológicos que moldaram a Terra ao longo de bilhões de anos, incluindo o alongamento continental e a atividade de diatremas.
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À medida que avançamos no tempo, nossa compreensão da formação e distribuição dos diamantes continua a evoluir. Descobertas como o Diamante Azul Okavango e o Lulo Rose nos proporcionam uma janela fascinante para o passado da Terra e a complexidade de seus processos geológicos.
Cada diamante colorido é mais do que uma gema rara; é um tesouro de conhecimento geológico que nos ajuda a desvendar os segredos do nosso planeta.
Em um mundo onde as maravilhas naturais são muitas vezes sobrepujadas pela busca incessante da humanidade por luxo e riqueza, o Diamante Azul Okavango serve como um lembrete humilde de que a Terra ainda guarda segredos valiosos e surpreendentes, esperando serem revelados àqueles que ousam olhar mais profundamente na sua história e geologia.