À medida que continuam a chegar relatos sobre o que tradicionalmente era chamado de OVNIs (objetos voadores não identificados), a Nasa está levando o assunto muito a sério. Na verdade, após a publicação de um relatório de um comitê independente de especialistas em áreas como astronomia e segurança da aviação, a agência até mesmo nomeou um novo diretor de pesquisa de fenômenos anômalos não identificados (UAP).

UAP é o termo que a Nasa agora usa para OVNIs. O comitê foi orientado a reunir relatos de UAPs e tentar entender o que esses eventos misteriosos realmente são, incluindo a resposta à pergunta se eles poderiam ou não ter origem extraterrestre.

O comitê realizou uma coletiva de imprensa em maio, quando forneceu uma atualização sobre seu trabalho até aquele momento. A equipe de estudo delineou algumas das explicações comuns para os avistamentos de UAPs – que incluem barcos baixos no horizonte e balões voando alto – bem como quantos eventos permanecem realmente inexplicáveis.

Agora, o comitê publicou o relatório completo sobre o que descobriu, incluindo recomendações para a Nasa à medida que seu trabalho continua. Esse relatório, que também contém a resposta e o plano da Nasa para o futuro, pode ser lido na íntegra aqui. Também criei um vídeo sobre as descobertas.

O relatório deixa claro que, até o momento, o comitê não tem absolutamente nenhuma evidência de que qualquer um dos eventos UAP relatados tenha qualquer envolvimento de alienígenas. Mas para os relatos que ainda não foram explicados por fenômenos terrestres ou aeronaves, a equipe não descarta nada. Ela deixa claro que uma origem extraterrestre é improvável, mas que não tem nenhuma evidência do que são esses avistamentos.

O restante do relatório trata de como a Nasa deve reagir às descobertas e o que ela planeja fazer para dar continuidade a essa pesquisa no futuro.

Necessidade de transparência

A resposta mais substancial foi a nomeação do diretor de pesquisa UAP – uma função totalmente nova. Inicialmente, ao anunciar o fato, a Nasa se recusou a nomear a pessoa que ocuparia o cargo. Ela esperava proteger o novo diretor do UAP do tipo de assédio que alguns membros do comitê receberam por seu envolvimento na pesquisa.

No entanto, a agência espacial também se comprometeu a ser totalmente transparente sobre o trabalho em UAPs e tudo o que encontrar. Essa filosofia parece ter prevalecido, e a Nasa anunciou mais tarde que o novo diretor seria Mark McInerney, um antigo contato da Nasa com o Departamento de Defesa dos EUA.

A Nasa também apresentou a ideia de desenvolver um aplicativo para smartphone para ajudar na futura comunicação de UAPs. Embora existam centenas de avistamentos disponíveis para estudo pelo comitê, um problema persistente que ele tem enfrentado é a falta de dados e imagens.

A Nasa espera combater esse problema em relatórios futuros usando os bilhões de detectores de alta tecnologia em todo o mundo que a maioria das pessoas carrega consigo para todos os lugares. Os smartphones podem coletar muitas informações de alta qualidade, começando com fotos e vídeos, mas também podem coletar dados sobre gravidade, campos magnéticos, localizações e muito mais. Se o público em geral estivesse aberto à ideia, a Nasa gostaria de um dia permitir que as pessoas relatassem avistamentos diretamente de seus telefones para a agência.

Outra revelação interessante do relatório é a proeminência que a Nasa acredita que a inteligência artificial (IA) e o aprendizado de máquina poderão ter à medida que esse trabalho continuar. A busca por padrões nos relatórios de UAPs – como pontos de acesso geográficos para relatórios – pode ser a chave para finalmente entender as causas de alguns dos eventos que permanecem misteriosos.

A identificação de padrões é algo em que os seres humanos são muito bons, mas, às vezes, a linha comum é tão sutil e inesperada que as pessoas não conseguem identificá-la. Felizmente, a IA está ficando cada vez melhor e mais poderosa, e a detecção de padrões é uma das coisas em que ela se destaca.

Isso levanta a interessante possibilidade de que a IA possa ser essencial para um dia identificar a primeira evidência de vida extraterrestre visitando a Terra. Não é provável que venhamos a identificar alienígenas, mas a Nasa não está descartando essa possibilidade.

A semana em que esse relatório foi divulgado acabou sendo uma semana movimentada para discussões sobre alienígenas. No México, um jornalista chamado Jaime Maussan apresentou ao Congresso do país supostos “alienígenas mumificados” que, segundo ele, teriam sido encontrados no Peru.

Ele disse que os espécimes continham DNA não humano, mas isso ainda não foi verificado de forma independente. De fato, muitas dúvidas foram lançadas sobre a autenticidade desses cadáveres.

Em ambos os casos, o mundo precisa esperar mais tempo para obter evidências mais concretas. À medida que mais relatórios forem coletados pela Nasa, talvez seja possível obter mais clareza sobre o que são esses estranhos objetos. E se forem realizados testes independentes dos espécimes do México, também poderá haver uma conclusão para essa alegação.

Christopher Patison, Pesquisador do Instituto de Cosmologia e Gravitação da Universidade de Portsmouth.

Este artigo foi republicado do The Conversation sob uma licença Creative Commons. Leia o artigo original.