A formação de planetas gigantes gasosos, como o planeta Júpiter, tem sido um tema de grande interesse científico ao longo dos anos. Recentemente, uma imagem divulgada pelo Observatório Europeu do Sul (ESO) apresenta uma oportunidade para melhor compreender esse processo.
As conclusões derivadas desta pesquisa foram cuidadosamente documentadas e publicadas na conceituada revista acadêmica revisada por pares denominada “The Astrophysical Journal”.
Essa investigação de ponta foi conduzida através da utilização de instrumentos avançados, tais como o Very Large Telescope (VLT) do ESO e o Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA) do Chile.
Tais tecnologias permitiram uma análise detalhada e abrangente, contribuindo significativamente para o avanço do conhecimento sobre a formação de planetas gasosos gigantes no universo.
Como se formam os planetas gigantes?
A imagem divulgada pelo Observatório Europeu do Sul (ESO) retrata a estrela distante V960 Mon.
"De acordo com estimativas, essa estrela é considerada relativamente jovem. As imagens obtidas pela ferramenta de Pesquisa Espectro-Polarimétrica de Alto Contraste de Exoplanetas (SPHERE) do Very Large Telescope (VLT) revelam que a estrela está envolvida por uma vasta quantidade de material, disposto em padrões espirais.
Por si só, tal descoberta apresenta coerência, pois está em consonância com a formação de anéis de detritos ao redor de estrelas jovens, os quais, eventualmente, podem coalescer e formar planetas.
Contudo, os pesquisadores optaram por utilizar o Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA) para uma investigação mais aprofundada.
O que foi revelado é que os braços espirais de material em torno da estrela parecem estar passando por um processo de fragmentação, originando novos aglomerados.
Este fenômeno é relevante para nossa compreensão da formação planetária.
Os cientistas, em termos gerais, chegaram a algumas possibilidades quanto aos mecanismos pelos quais os planetas podem se formar.
Para os mundos rochosos internos, mais próximos da estrela, como a Terra ou Marte, a conclusão mais provável é que os embriões planetários no sistema solar interno, que são os blocos de construção dos minerais que compõem os planetas, colidem entre si para formar planetas.
Porém, os gigantes gasosos, como Urano, Júpiter, Netuno e Saturno, são diferentes. Supostamente, eles se formaram por uma das duas maneiras.
O primeiro método é a acreção de núcleos, que pressupõe que partículas de poeira se agregam, e sua massa cresce gradualmente até formar um enorme planeta.
O outro método é a instabilidade gravitacional, que sugere que grandes porções de material ao redor de uma estrela acabam entrando em colapso.
Embora haja muitas evidências que favoreçam a acreção de núcleos, até o momento, a instabilidade gravitacional não recebeu tanto apoio.
Contudo, é precisamente isso que parece estar ocorrendo aqui.
“Antes disso, nunca havíamos observado, de fato, a ocorrência de instabilidade gravitacional em escalas planetárias”, explicou o autor principal Philipp Weber, da Universidade de Santiago, Chile.
Estudos futuros deverão examinar esse sistema exoplanetário ainda em desenvolvimento. Felizmente, o Extremely Large Telescope (ELT), que em breve será operado pelo ESO, poderá realizar exatamente essa investigação.