Há quarenta mil anos, os derradeiros passos dos neandertais ecoaram pela Terra, mas até hoje os cientistas se debruçam sobre o mistério que envolve o fim dessa antiga espécie de hominídeos.
Entre as possibilidades mais evidentes, encontramos a hipótese de que os seres humanos modernos dizimaram seus parentes eurasiáticos, o autor de um novo livro sugere que nossa natureza genocida singular tenha inevitavelmente conduzido a esse desfecho.
Dr. Yarin Eski, especialista em criminologia da Vrije Universiteit Amsterdam, argumenta que “a violência genocida e a exploração em massa talvez sejam características que definem a essência humana”.
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Ele explica como nosso talento para a aniquilação não apenas extinguiu os neandertais, mas também marcou toda a trajetória da humanidade ao longo da história.
Ao analisar nosso papel na destruição dos nossos primos extintos, Eski destaca a existência de diversos mecanismos possíveis pelos quais contribuímos para a extinção dos neandertais.
"Uma dessas hipóteses sugere que, ao chegarmos à Eurásia vindos da África, trouxemos doenças para as quais as populações de hominídeos locais não possuíam imunidade.
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Outra teoria afirma que nossas armas superiores e estratégias de caça nos permitiram monopolizar as fontes de alimento, levando nossos parentes menos capazes a perecerem de fome.
Recentemente, surgiu a sugestão de que os neandertais não se extinguiram, mas foram simplesmente eliminados pela mistura com seres humanos modernos.
No entanto, mesmo que a ideia de ser extinto por meio do acasalamento possa soar como um desfecho dos sonhos, Eski indica que os neandertais provavelmente não tiveram tamanha sorte.
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Ao examinar as tendências criminosas da psique humana e ressaltar o papel que desempenharam na história mundial, ele propõe que nossa avançada capacidade cognitiva – especialmente nossa habilidade de “desumanizar” os outros através da imaginação – tenha nos conferido a posição dominante como espécie no planeta.
“Para alcançar a aniquilação total e cometer genocídio, frequentemente precisamos desumanizar o outro ser humano, imaginando-o como não humano, o que nos permite distanciar de sua semelhança”, escreve ele. “Paradoxalmente, é exclusivamente humano imaginar outros seres humanos como não humanos; é exclusivamente humano desumanizar.”
Explorando marcos históricos que vão desde o fascínio do Antigo Egito até os horrores da Alemanha nazista, passando pelo Império Romano, pela colonização europeia da Ásia e das Américas, o autor habilmente forja um argumento envolvente: “A aniquilação implacável e a exploração através de genocídios e colonizações são facetas inerentemente humanas”.
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Ao mesclar nossa notória propensão à violência com um histórico manchado de sangue, Eski chega à conclusão inevitável de que “a extinção dos neandertais deve ser reconhecida como um genocídio”, ressaltando a ideia inquietante de que “o legado humano – e sua persistente busca por expansão – foi forjado à custa de atos brutais e aparentemente intermináveis de violência, destruição, morte e genocídio”.
Portanto, é crucial compreender a seriedade desse argumento e não encará-lo levianamente.
É um chamado para reflexão profunda sobre a natureza intrínseca da humanidade, seu passado sangrento e as implicações sombrias que ecoam até os dias atuais.
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A análise é apresentada em um capítulo do livro “Uma Criminologia da Espécie Humana“.