Uma civilização extraterrestre que possui a capacidade de alcançar a Terra a partir de seu distante mundo não estaria sujeita à necessidade de estabelecer pactos com qualquer entidade terrestre.
Dada sua tecnologia significativamente avançada, essa civilização teria a capacidade de eliminar instantaneamente nossa existência, tornando desnecessária qualquer forma de negociação com os governos de nosso planeta.
Essa afirmação é pertinente à mais recente divulgação televisiva feita por David Grusch, no canal News Nation.
Nesse evento, o indivíduo identificado como “denunciante“, cujas revelações têm gerado grande repercussão tanto nos círculos ufológicos quanto na opinião pública dos Estados Unidos, mencionou a existência de possíveis acordos entre os Estados Unidos e uma inteligência não humana.
Não nos encontramos diante dos extraterrestres retratados na série “V”, que estimularam a imaginação de uma geração ao se apresentarem como promotores da paz em um mundo conturbado, enquanto, na realidade, ocultavam sua intenção de utilizar os seres humanos como fonte de alimento. Não. No século XXI, essas crenças foram superadas e deixadas para trás.
"É realmente necessário chegarmos a esse estágio? Estamos testemunhando um retorno às narrativas enganosas utilizadas décadas atrás com o intuito de descreditar a ufologia mais rigorosa e zombar do assunto perante a opinião pública? Seria esta mais uma estratégia de desinformação com o objetivo similar?
O discurso de Grusch assumiu um caráter mais radical”, afirma o pesquisador José Antonio Caravaca. Em uma sequência de tweets, Caravaca observa como, inicialmente, Grusch limitou-se a fazer comentários discretos sobre a posse pelos Estados Unidos de materiais exóticos e naves de origem não humana.
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No entanto, nessa última entrevista, “Grusch afirma categoricamente a existência de diversas classes de extraterrestres, mencionando a ocorrência de ações hostis por parte de uma raça alienígena específica, incluindo casos de assassinato, e até mesmo revela a existência de um pacto secreto entre algumas nações do mundo e algumas dessas entidades”, explica Caravaca.
As novas revelações de Grusch são delirantes. A quais interesses elas servem?
Essas revelações são consideradas fantasiosas. Experiências passadas, como o MJ12 e o relatório Matrix, ocorreram durante os anos 90.
É importante ressaltar, especialmente para os mais jovens, que o MJ12, Majestic 12 ou Magik foi supostamente o nome codificado de um comitê executivo que se dedicou ao estudo dos destroços de uma suposta nave extraterrestre que teria caído em Roswell, bem como dos seres que supostamente estavam a bordo da mesma.
O FBI validou a inautenticidade dos documentos recebidos por Stanton Friedman e Jaime Shandera, constatando que eram completamente falsos.
Esses documentos, amplamente conhecidos como parte do caso MJ12, são considerados por muitos ufólogos como uma elaborada fraude criada com o intuito de disseminar desinformação.
Apesar dessa constatação, o comitê MJ12 mantém uma notável popularidade entre os teóricos da conspiração em 2023, e seu conceito tem sido frequentemente abordado na literatura, no cinema e em séries de televisão, como o icônico Arquivo X.
Revelações recentes, como as ocorridas neste último fim de semana, colocam em dúvida a credibilidade de Grush e levantam questionamentos sobre as fontes de suas informações. Não é surpreendente que seus advogados tenham decidido se distanciar do caso.
Além disso, outro aspecto abordado na entrevista é a intervenção do Vaticano na transferência do objeto recuperado na Itália, a fim de permitir seu transporte e análise nos Estados Unidos.
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Durante as eleições presidenciais de 2016, o chefe de campanha de Hillary Clinton, John Podesta, manteve trocas de mensagens com o astronauta Edgar Mitchell, nas quais Podesta afirmava que a Santa Sé possuía conhecimento sobre a existência de vida extraterrestre.
Conforme revelado pelo Wikileaks, o falecido astronauta informou a Podesta que sua “colega católica” Terri Mansfield poderia “nos fornecer informações sobre todo o conhecimento do Vaticano relacionado à inteligência extraterrestre”.
Mansfield ocupava o cargo de diretora do Grupo de Trabalho para a paz ETI (Inteligência Extraterrestre) naquela época, uma organização que se autodeclara como a “forma mais elevada de inteligência que trabalha diretamente com Deus”.
A mudança de rumo nas declarações públicas do denunciante segue por trajetórias potencialmente perigosas, podendo acarretar em sua desacreditação. Com isso, há o risco de comprometer parte do progresso alcançado até então pela ufologia séria.
SOBRE O AUTOR
Josep Guijarro é repórter de imprensa, rádio e televisão, além de autor de vários livros, destacando-se “O Tesouro Oculto dos Templários“, “Aliens Ancestrais” e “Coincidências Impossíveis“. Ele é documentarista da série “Extraterrestres” (DMAX) e faz parte dos programas “El Colegio Invisible” e “La Rosa de los Vientos“, ambos na rádio Onda Cero.