Uma quantidade significativa de vestuário de marcas reconhecidas, suficiente para atender às demandas de uma estação completa, compreendendo suéteres, botas, camisetas de moda e calças largas da temporada anterior, pode ser encontrada em meio à imensidão do cemitério de roupas no Deserto de Atacama, no Chile.
Recentemente, uma imagem de alta resolução obtida por meio de satélite pela empresa SkyFi revelou uma montanha colossal de vestuário indesejado nessa região desértica chilena.
By purchasing a $44 Existing Image at 50 cm resolution, we can confirm the giant clothes pile in the desert of Chile exists and is growing. https://t.co/47SssKPdtI pic.twitter.com/RlfUSBWbu9
— SkyFi (@SkyfiApp) May 10, 2023
A quantidade de resíduos acumulados ultrapassa as 39.000 toneladas, apresentando um crescimento contínuo, o que resulta em um sério problema ambiental devido à presença de substâncias químicas tóxicas nesses montes de roupas descartadas.
É importante ressaltar que a maioria dessas vestimentas é fabricada predominantemente na China e em Bangladesh, sendo posteriormente comercializada em lojas localizadas nos Estados Unidos, Ásia e Europa.
"Ao adquirir tais peças e descartá-las após um curto período de uso, ocorre o processo de decomposição no deserto chileno, o qual apresenta condições desfavoráveis para a degradação adequada desses materiais.
O Chile é um paraíso para roupas de segunda mão e indesejadas, recebendo anualmente cerca de 59.000 toneladas em seus portos.
As lojas em toda a América Latina procuram realizar a revenda em grande quantidade.
No entanto, aquilo que não pode ser comercializado ou descartado acaba encontrando seu destino nos desoladores depósitos localizados no Deserto do Atacama.
O Deserto do Atacama, reconhecido como o deserto mais árido do mundo, constitui um ambiente de extrema aridez, com temperaturas escaldantes que podem alcançar até 32°C/89°F durante o pico do verão.
É nesse cenário hostil que as roupas não vendidas ou descartadas são relegadas a viver seus últimos e angustiantes dias.
Esses resíduos de vestuário tóxico são submetidos às condições climáticas abrasadoras nas proximidades do porto de Iquique, onde se acumulam em montanhas de lixo, a menos de um quilômetro das comunidades mais pobres da cidade.
As vestimentas não são encaminhadas aos aterros sanitários locais, pois apresentam características não biodegradáveis e contêm substâncias tóxicas e corantes. Ambos os elementos representam riscos ambientais e para a saúde humana.
A maioria das roupas fabricadas globalmente não se decompõe por centenas de anos, e algumas não se decompõem de modo algum.
Não é incomum observar mulheres locais realizando a seleção minuciosa das pilhas de roupas, carregando carrinhos de compras com peças para uso pessoal ou, ainda melhor, para comercialização.
Certamente, você já teve conhecimento das consequências sociais desastrosas do consumismo desenfreado na indústria da moda, tais como o trabalho infantil e a remuneração precária, apenas para citar alguns exemplos.
Contudo, o conhecimento acerca do impacto ambiental desse fenômeno é consideravelmente limitado.
Tal situação ocorre devido à necessidade de ampla divulgação dessa problemática, tornando-se imperativo que isso ocorra prontamente, uma vez que as pilhas de roupas continuam a se acumular de forma crescente.
Assim, ao adentrar uma loja como Topshop, H&M ou Zara para adquirir aquela blusa encantadora e a calça que harmoniza perfeitamente com ela, é importante refletir sobre o destino provável dessas peças quando não forem mais desejadas.