A atividade sísmica será transformada em composição musical que será executada durante um concerto de flauta.
Os geólogos, embora não sejam estrelas do rock no sentido convencional, possuem um conhecimento profundo e especializado sobre a parte literal da disciplina. Enquanto os músicos fazem vibrar as multidões com suas performances, os geólogos exploram o âmago da Terra.
No entanto, uma fascinante convergência entre esses campos aparentemente divergentes pode estar se aproximando. Cientistas estão prestes a criar música “rock”, e o próprio planeta Terra é o protagonista dessa experiência inusitada.
Neste evento singular, as ondas sísmicas assumirão o papel principal em uma performance ao vivo de flauta. Esse empolgante experimento está agendado para ocorrer na terça-feira, dia 9 de maio. O Dr. Domenico Vicinanza, da Anglia Ruskin University, no Reino Unido, utilizará um programa de computador por ele desenvolvido para converter dados sísmicos em tempo real em uma partitura musical.
"Os dados serão obtidos a partir de um sismógrafo localizado no Parque Nacional de Yellowstone, nos Estados Unidos. Assim, os dados sísmicos serão transformados em uma partitura musical, proporcionando uma abordagem inovadora para apreciar e compreender a dinâmica das ondas sísmicas.
De acordo com uma citação reportada pelo The Guardian, o Dr. Domenico Vicinanza explicou que está essencialmente mapeando as vibrações e oscilações das ondas sísmicas para notas musicais.
A trilha sonora resultante, gerada pelo programa de computador desenvolvido por ele, será executada ao vivo no palco pela Dra. Alyssa Schwartz, professora assistente visitante de flauta e musicologia na Fairmont State University.
Este experimento inovador está sendo realizado como parte da conferência Internet2 Community Exchange 2023, sediada em Atlanta, Geórgia. A iniciativa visa explorar a intersecção entre as ciências da Terra e a música, proporcionando uma oportunidade única para examinar a tradução de dados sísmicos em uma expressão artística.
Como, então, a atividade sísmica, geralmente associada a eventos adversos para aqueles que vivem em áreas afetadas, poderá produzir música?
O Parque Nacional de Yellowstone é reconhecido como uma região vulcânica. À medida que a amplitude das vibrações provenientes da atividade vulcânica aumenta, as notas musicais também aumentam em intensidade. Caso os dados registrados pelo sismógrafo revelem oscilações de caráter dramático, tais variações serão refletidas na melodia produzida.
“Estou confiante de que poderei obter algo interessante, uma vez que sempre há algum tipo de atividade sísmica ocorrendo em Yellowstone”, afirmou o Dr. Vicinanza, conforme citado pelo The Guardian.
“Quase 50 por cento dos terremotos ocorrem em enxames que se agrupam”, disse Vicinanza, “Portanto, é um playground fantástico para qualquer tipo de cientista interessado em sismologia, geofísica, mecânica ou, como eu, ciência de dados e música, porque é muito único.”
Vicinanza, um compositor, físico e pesquisador em exibição auditiva, tem se dedicado a experimentos desse tipo. Em trabalhos anteriores, utilizou dados coletados ao longo de 37 anos pelas espaçonaves mais distantes da humanidade, as Voyager 1 e 2, para conceber uma composição musical.