Aproximadamente 90% das espécies identificadas no recente estudo revelaram-se completamente desconhecidas para a comunidade científica.
Um total de 5.578 espécies distintas, das quais aproximadamente 90% são completamente desconhecidas pela comunidade científica, foi identificado nas profundezas do Oceano Pacífico, em uma área futuramente destinada à mineração em alto mar.
Essa notável descoberta foi resultado de uma colaboração entre uma equipe internacional de cientistas que recentemente conduziu uma expedição na Zona Clarion-Clipperton (CCZ), uma vasta região marítima com aproximadamente 6 milhões de quilômetros quadrados (1,7 milhão de milhas quadradas), localizada no Pacífico central e oriental, abrangendo desde o México até o Havaí.
Dentre a miríade de formas de vida descobertas, destacaram-se diversas espécies de pepinos-do-mar, nematóides, esponjas carnívoras, vermes, artrópodes e equinodermos assemelhados a ouriços-do-mar.
É notável ressaltar que quase todas essas espécies são exclusivas da região, com estimativas dos pesquisadores indicando que apenas seis espécies foram previamente identificadas em outras áreas do globo.
"“Naquelas profundezas, encontram-se algumas espécies verdadeiramente notáveis. Algumas das esponjas exibem uma semelhança impressionante com as esponjas de banho comuns, enquanto outras assumem a forma de vasos. São verdadeiramente belas. Uma das minhas favoritas são as esponjas de vidro, que apresentam delicados espinhos e, quando observadas ao microscópio, assemelham-se a pequenos candelabros ou esculturas em miniatura”, afirmou Muriel Rabone, autora principal do estudo e ecologista especializada em ecossistemas marinhos do Museu de História Natural de Londres, no Reino Unido, em um comunicado oficial.
Com o intuito de compreender mais profundamente a rica biodiversidade da Zona Clarion-Clipperton (CCZ), a pesquisadora embarcou em uma expedição no Oceano Pacífico, utilizando uma variedade de métodos distintos para investigar a fauna local.
Isso incluiu o uso de drones controlados remotamente, que percorreram as profundezas oceânicas, bem como a coleta de amostras de sedimentos do leito marinho por meio de um coletor de núcleos.
“Embora seja um navio imponente, ele parece insignificante em meio ao vasto oceano. Era possível observar as tempestades se aproximando; uma visão verdadeiramente dramática”, explicou Rabone. “E foi surpreendente – a cada amostra coletada com o coletor de núcleos, nos deparávamos com novas espécies.”
No entanto, o futuro dessa notável biodiversidade não é totalmente otimista. O habitat das criaturas recém-descobertas encontra-se diretamente na mira das operações de mineração em alto mar, uma vez que abriga o maior tesouro mundial de manganês, níquel, cobalto e outros metais essenciais para a fabricação de baterias.
Esses metais de interesse podem ser encontrados em forma de nódulos ricos em metais, frequentemente referidos como “batatas do mar profundo”.
Esses materiais desempenharão um papel vital na chamada “revolução das baterias”, que tem como objetivo tornar os combustíveis fósseis obsoletos e impulsionar a transição para a energia verde. No entanto, a exploração desses metais representa uma ameaça à integridade desse intrincado ecossistema.
Os pesquisadores enfatizam que seu trabalho mais recente evidencia a necessidade premente de compreendermos melhor esse ambiente diverso e singular – antes que seja tarde demais.
“No CCZ, encontram-se inúmeras espécies maravilhosas, e diante da iminência da mineração, é de suma importância que obtenhamos um maior conhecimento sobre esses habitats tão pouco explorados”, explicou Rabone.