Durante a primeira expedição em 84 anos à uma remota reserva de tigres na Índia, uma emocionante descoberta foi feita: um antigo templo budista e diversas outras estruturas que se mantiveram ocultas por anos a fio.
Localizado no coração da Índia, o majestoso Parque Nacional de Bandhavgarh é amplamente admirado por suas paisagens naturais deslumbrantes e vida selvagem exótica. Mas em setembro de 2022, o cenário mudou completamente quando o Levantamento Arqueológico da Índia (ASI) fez uma descoberta impressionante: uma verdadeira mina de tesouros arqueológicos que revelam um fascinante e antigo capítulo da história da região.
A escavação no Parque Nacional de Bandhavgarh, na Índia, trouxe à luz tesouros incríveis que deixaram os arqueólogos e entusiastas da história boquiabertos. Entre as descobertas surpreendentes, estão cavernas e estupas budistas, inscrições em Brahmi do século II, templos hindus dos séculos IX a XI e possivelmente a maior escultura de Varaha do mundo, datada do mesmo período. Esses tesouros arqueológicos são uma janela para a história e oferecem um vislumbre fascinante do passado da região.
Localizado nas colinas de Vindhya em Madhya Pradesh, o majestoso Parque Nacional de Bandhavgarh é uma das maravilhas naturais mais deslumbrantes da Índia. Com uma área central de 105 quilômetros quadrados e uma área tampão de cerca de 400 quilômetros quadrados, este parque é mundialmente famoso pelos Tigres Reais de Bengala, cuja densidade populacional é a mais alta registrada na Índia e no mundo. O parque, que já foi a reserva de caça do Marajá de Rewa, é agora um santuário natural popular para os Tigres Brancos.
Recentemente, o Levantamento Arqueológico da Índia (ASI) compartilhou nas mídias sociais fotos impressionantes de cavernas e templos antigos descobertos no parque nacional. Os achados incluem estruturas budistas adornadas com murais inscritos, além de uma escultura Varaha – uma das muitas esculturas monolíticas das 10 encarnações do Senhor Vishnu encontradas pela ASI no parque este ano. A expedição, realizada 84 anos após a última escavação em 1938, abriu uma janela para um novo mundo de descobertas históricas que unem a majestade da vida selvagem com a riqueza do patrimônio cultural e religioso da Índia.
"The time period of the findings covered the reigns of the kings Shri Bhimsena, Maharaja Pothasiri, Maharaja Bhattadeva. Places deciphered in the inscriptions are Kaushami, Mathura, Pavata (Parvata), Vejabharada and Sapatanaairikaa. (2/3) pic.twitter.com/DkrGNRx0Ql
— Archaeological Survey of India (@ASIGoI) September 28, 2022
Durante a exploração liderada pela Autoridade Arqueológica da Índia (ASI), foram descobertos restos de estruturas budistas na região governada por uma dinastia hindu. Essa descoberta surpreendente sugere a existência de uma harmonia religiosa na região, mas ainda não se sabe ao certo quem construiu essas estruturas budistas.
De acordo com a ASI, durante a exploração, foram documentados uma estupa votiva e um fragmento de pilar budista contendo esculturas em estupa em miniatura, datando aproximadamente do século II e III dC. Mas o que também chamou a atenção foram os nomes de cidades antigas, como Mathura e Kaushambi, localizadas em Uttar Pradesh, encontrados em inscrições antigas que foram documentadas durante a exploração.
Um funcionário da ASI afirmou que os nomes dessas cidades, que ficam longe de Bandhavgarh, sugerem a existência de laços comerciais e que pessoas de outras cidades podem ter doado algo. No entanto, ainda é uma questão de conjectura.
Na exploração arqueológica, a equipe de pesquisa documentou um total de 35 templos, sendo 9 deles anteriores e 26 pertencentes ao período Kalachuri. As cavernas, por sua vez, apresentam uma história ainda mais fascinante. Das 76 cavernas documentadas, 26 foram descobertas durante a última exploração e datam do período do século 2 aC ao século 5 dC, com predominância da natureza budista.
Durante a exploração, foram descobertas duas novas matemáticas Shaiva do período Kalachuri (9º-11º século dC) e duas novas estupas. Além disso, restos da seita Mahayana do budismo foram encontrados, como portas em forma de chaitya e celas contendo camas de pedra. Foram documentadas 46 novas esculturas, sendo 10 delas já relatadas antes desta exploração em 2022.
Na exploração, foram documentadas 24 inscrições em Brahmi datadas do século 2 a 5 dC, revelou a ASI. O arqueólogo superintendente Sr. Shivakant Bajpai mencionou que o nome de Mathura foi encontrado na escrita Brahmi, além de Nagari e Shankhalipi.
As inscrições também mencionam outros nomes de cidades antigas como Kaushambi, Pavata (Parvata), Vejabharada e Sepatanaairikaa. Além disso, a ASI destacou a menção de importantes nomes de reis nas inscrições, incluindo Maharaja Shri Bhimsena, Maharaja Pothasiri e Maharaja Bhattadeva.
Essas inscrições nos oferecem uma valiosa visão sobre a história da região, revelando informações sobre a cultura, a política e a religião da época. A dinastia Kalachuri, que se espalhava por partes de Gujarat, Maharashtra e Madhya Pradesh, também é associada aos primeiros monumentos das cavernas de Ellora e Elefanta, testemunhando assim a sua influência duradoura na região.