Equipe prevê resposta alienígena em 2029 após busca por sinais em estrelas. Será que finalmente encontraremos evidências de vida extraterrestre?
Com um olhar curioso para os confins do espaço, a NASA envia transmissões de rádio que ecoam pela vastidão do universo. A grande questão é: quem estará atento e quando teremos uma resposta? Será que há vida inteligente lá fora, esperando para nos dar um sinal?
Há mais de um século, os humanos utilizam ondas de rádio para se comunicar em todo o planeta. Mas essas ondas vão além de nossas fronteiras terrestres, deixando uma marca da nossa existência em todo o cosmos. Recentemente, enviamos um sinal ainda mais forte para além do nosso mundo, alcançando sondas espaciais como a lendária Voyager.
E agora, cientistas se dedicaram a rastrear os caminhos dessas transmissões poderosas de rádio até naves espaciais distantes e determinar quais estrelas – e possivelmente quais planetas com vida alienígena – estão melhor posicionados para interceptar essas mensagens.
Com isso em mente, uma equipe de pesquisadores criou uma lista de estrelas que captarão os sinais da Terra no próximo século e, surpreendentemente, descobriram que se há civilizações alienígenas lá fora, elas podem enviar uma mensagem de retorno em 2029. Seus resultados foram publicados na revista Publicações da Sociedade Astronômica do Pacífico em 20 de março. É uma verdadeira corrida para descobrir quem pode estar nos ouvindo lá fora.
"“Uma ideia icônica de Carl Sagan, que serviu de inspiração para o enredo do filme Contato”, assim define Howard Isaacson, renomado astrônomo da Universidade da Califórnia, Berkeley e co-autor do novo trabalho.
Quando se trata de estudos que envolvem a vida extraterrestre, é importante abordá-los com cautela. Kaitlin Rasmussen, astrobióloga da Universidade de Washington, sem relação com o estudo em questão, considera-o “um exercício interessante, mas com poucas chances de produzir resultados concretos”. Afinal, esperar que seres alienígenas entrem em contato com a Terra dentro de um determinado prazo é uma especulação audaciosa.
À medida que os sinais de rádio se propagam pelo espaço, eles se dissipam e enfraquecem, tornando-se cada vez mais difíceis de detectar. Sendo assim, uma civilização alienígena próxima provavelmente não perceberá os fracos sinais emitidos por nossas TVs e outros dispositivos. Porém, quando se trata de enviar comandos para as nossas sondas pioneiras, como a Voyager 1, Voyager 2, Pioneer 10, Pioneer 11 e New Horizons, é preciso uma transmissão poderosa e focada da Deep Space Network (DSN) da NASA, que consiste em uma rede global de antenas de rádio projetadas para a comunicação espacial.
Os sinais de rádio enviados pela Deep Space Network (DSN) da NASA não se limitam a atingir as espaçonaves que visam, eles continuam viajando pelo espaço interestelar e podem alcançar outras estrelas. Mas as ondas eletromagnéticas, como transmissões de rádio e luz, possuem limites de velocidade, razão pela qual usamos anos-luz para medir distâncias no universo. No entanto, pesquisadores descobriram uma maneira de usar essa lei da física para estimar quanto tempo levará para os sinais DSN alcançarem estrelas próximas e para que uma possível vida alienígena responda.
Com isso, foi possível identificar diversas estrelas, incluindo planetas potencialmente habitáveis, que poderiam interceptar esses sinais enviados pela Terra. Um exemplo é a Pioneer 10, que teve um sinal enviado para uma estrela morta conhecida como anã branca, a cerca de 27 anos-luz de distância, em 2002. Com base em cálculos realizados pelos pesquisadores, uma mensagem de retorno de vida alienígena poderia chegar até nós em 2029, mas não antes disso.
Com os avanços da tecnologia e das pesquisas espaciais, as oportunidades para a detecção de sinais extraterrestres continuam a surgir. De acordo com um estudo recente, os sinais enviados pela Voyager 2 nas décadas de 80 já alcançaram duas estrelas em 2007, uma delas a 26 anos-luz de distância e a outra uma anã marrom a 24 anos-luz de distância. Se uma resposta alienígena for enviada, há a possibilidade de que ela chegue à Terra no início da década de 2030.
O trabalho realizado pelos pesquisadores Reilly Derrick, estudante de engenharia da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, e Isaacson, professor de física na Universidade de Western Washington, contribuiu significativamente para a Pesquisa por Inteligência Extraterrestre, fornecendo um grupo mais restrito de estrelas para focar.
Os astrônomos Reilly Derrick e Jason Wright sugerem que o estudo desses sinais pode ser aprimorado com a programação de horários para ouvir possíveis mensagens de retorno de ETs. Em 2029, por exemplo, poderiam apontar seus radiotelescópios para a anã branca que recebeu a mensagem da Pioneer 10.
Entretanto, alguns especialistas, como Macy Huston, astrônomo da Universidade Estadual da Pensilvânia, questionam a capacidade de detecção desses sinais. Segundo ele, muitos fatores interferem na captação dessas mensagens, como a duração e frequência da monitoração da estrela e a periodicidade da transmissão do sinal de retorno.
Nossas transmissões de rádio atingiram apenas um milionésimo do volume da Via Láctea.
A busca por vida alienígena é um tema fascinante e repleto de incertezas. Embora seja provável que algumas das estrelas estudadas neste artigo tenham planetas, ainda não se sabe ao certo. Além disso, os sinais de rádio enviados pela Voyager 2 são tão fracos a essas distâncias que não se sabe se seriam detectáveis por outras estrelas.
O astrônomo Jean-Luc Margot, da Universidade da Califórnia em Los Angeles, não acredita que nossas transmissões de rádio possam ser detectadas por extraterrestres. Segundo ele, nossas emissões são tão insignificantes e infrequentes que atingem apenas uma fração ínfima da Via Láctea.
“Até agora, a probabilidade de outra civilização residir nesta pequena bolha é extraordinariamente pequena, a menos que haja milhões de civilizações na Via Láctea”, afirma. No entanto, se estiverem por aí, pode haver uma hora e um lugar para capturar evidências.