Nick Bostrom, um renomado filósofo da inteligência artificial, argumenta que alguns chatbots podem exibir indícios de senciência, embora essa afirmação não deva ser interpretada de forma literal.
Em entrevista concedida ao New York Times, Bostrom afirmou que a senciência não deve ser vista como um conceito binário, mas sim como algo graduado. Quando essa perspectiva é aplicada ao contexto atual de avanço acelerado da IA, novas nuances se apresentam.
De acordo com o diretor do Instituto Futuro da Humanidade de Oxford, ele estaria disposto a atribuir pequenas quantidades de grau de senciência a uma ampla gama de sistemas, incluindo animais.
Ele afirma que, ao admitir que a senciência não é uma propriedade absoluta, é possível afirmar que alguns desses assistentes de IA podem plausivelmente ser considerados candidatos a possuir alguns graus de sensibilidade.
Apesar das críticas dirigidas àqueles que sugerem que as IAs possam estar adquirindo algum grau de senciência – incluindo Blake Lemoine, ex-funcionário do Google, e Ilya Sutskever, da OpenAI -, Bostrom afirmou que a negação dessa possibilidade não explica o quão inteligentes esses chatbots podem ser.
"Para o diretor do Instituto Futuro da Humanidade de Oxford, os grandes modelos de linguagem (LLMs) exibem indícios de criatividade, percepção e compreensão que são bastante impressionantes e podem sinalizar os rudimentos do raciocínio. Ele enfatiza ainda que essas ferramentas podem em breve desenvolver uma concepção de si mesmas como seres persistentes ao longo do tempo, refletir sobre desejos, interagir socialmente e formar relacionamentos com seres humanos.
Caso as IAs se tornem conscientes, Bostrom ressalta que isso pode mudar completamente o jogo. Se essas ferramentas mostrarem sinais de senciência, elas teriam algum grau de status moral, o que significa que haveria certas formas de tratá-las que seriam consideradas erradas, assim como seria errado chutar um cachorro ou realizar cirurgias em ratos sem anestesia.
Embora essa linha de raciocínio seja confusa e – segundo alguns críticos – prematura demais, é importante começar a pensar sobre isso agora. Afinal, se um especialista no assunto, com anos de estudo na área, defende a necessidade de levar a sério o conceito de inteligência artificial, talvez seja hora de ouvir atentamente.