As observações realizadas trouxeram uma perspectiva inédita acerca de um objeto cósmico amplamente investigado. Veja a Nebulosa do Caranguejo de uma maneira nunca vista antes com a nova imagem de raios-X. Veja as descobertas científicas incríveis reveladas.
Com o auxílio do mais recente telescópio de raios-X da NASA, os cientistas conseguiram mapear, com detalhes inéditos, o campo magnético da icônica Nebulosa do Caranguejo.
Localizada a 6.500 anos-luz da Terra, a nebulosa é o remanescente de uma supernova ocorrida no ano de 1054, que deixou para trás o Pulsar do Caranguejo, objeto denso com massa duas vezes superior à do Sol terrestre. Embora a nebulosa seja um dos objetos cósmicos mais estudados, novas observações sugerem que ela é muito mais complexa do que se imaginava.
Através da utilização da nave espacial Imaging X-ray Polarimetry Explorer (IXPE) da NASA, Niccolò Bucciantini, do Observatório INAF Arcetri na Itália, em conjunto com seus colegas, foi possível rastrear o campo magnético da Nebulosa do Caranguejo, revelando a presença de manchas inesperadas e áreas assimétricas de turbulência, conforme divulgado em comunicado pela agência espacial.
Niccolò Bucciantini, principal autor de um novo estudo que detalha as observações da sonda IXPE da NASA, afirmou que “esta é uma indicação clara de que mesmo os modelos mais complexos desenvolvidos no passado, com o uso de técnicas numéricas avançadas, não capturam totalmente a complexidade deste objeto”. A declaração do autor refere-se à complexidade da Nebulosa do Caranguejo, que, mesmo sendo um dos objetos cósmicos mais estudados, ainda possui muitas peculiaridades que não foram compreendidas pelos modelos existentes.
"A nebulosa abriga o Pulsar do Caranguejo, uma estrela de nêutrons giratória que emite jatos de radiação a partir de seus pólos. Ao redor do pulsar, encontram-se gás, ondas de choque, campos magnéticos poderosos, luz e partículas de alta energia, coletivamente conhecidos como “nebulosa do vento do pulsar”. As observações da sonda IXPE, lançada em dezembro de 2021 pela NASA, permitiram um melhor entendimento desse ambiente caótico.
O telescópio espacial IXPE foi especialmente projetado para analisar a polarização dos raios X cósmicos, que mede a direção em que as ondas de luz oscilam e é influenciada pelo campo magnético do objeto em questão. Ao medir a polarização dos raios X emitidos pela Nebulosa do Caranguejo, os pesquisadores puderam mapear a direção e a ordem do campo magnético em diferentes regiões da nebulosa, conforme divulgado pelo comunicado da NASA.
As informações obtidas pelo satélite IXPE indicam que os raios-X têm origem na região externa do campo magnético, conhecida como “vento”, bem como no interior do campo magnético que circunda o pulsar, onde os choques impulsionam as partículas a velocidades próximas à da luz. Entretanto, para uma compreensão completa sobre a origem desses raios-X, são necessárias mais observações.
Michela Negro, coautora do estudo e cientista pesquisadora do NASA Goddard Space Flight Center, afirmou em comunicado que o Pulsar do Caranguejo é um dos objetos astrofísicos mais estudados em termos de alta energia no céu. Por isso, é muito emocionante poder aprender algo novo sobre esse sistema, observando-o através das lentes polarizadas do IXPE.
As descobertas foram publicadas na revista Nature Astronomy e o artigo correspondente está disponível gratuitamente para leitura no site de pré-impressão online arXiv.org.