Os astrônomos estão no início de uma jornada fascinante ao explorar as riquezas de conhecimento desvendadas pelo Telescópio Espacial James Webb (JWST) em um mundo próximo, orbitando duas estrelas. Até o momento, os resultados obtidos revelam a fascinante descoberta de chuvas de areia que ocorrem nas nuvens deste mundo.
A partir da recente pesquisa realizada pela equipe de gerenciamento do Telescópio Espacial James Webb (JWST) no Space Telescope Science Institute (STScI) em Maryland, tem-se a descrição de que as partículas presentes no exoplaneta VHS 1256 b são extremamente quentes. Segundo os resultados, a alta atmosfera deste planeta alcança impressionantes 1.500 graus Fahrenheit (830 graus Celsius). É um ambiente em que os grãos de poeira são envolvidos em nuvens esfumaçadas, repletas de partículas de silicato ainda menores. Além disso, neste mundo distante, os dias são curtos e os anos insondavelmente longos, contribuindo para a turbulência nas nuvens e para um futuro provavelmente muito mais frio.
Com o intuito de capturar imagens detalhadas de um mundo próximo localizado a apenas 40 anos-luz da Terra, os astrônomos se valeram de dois instrumentos presentes no Telescópio Espacial James Webb (JWST) – o Near-Infrared Spectrograph (NIRSpec) e o Mid-Infrared Instrument (MIRI) – para observar diretamente o VHS 1256 b. Este planeta orbita duas anãs marrons, corpos celestes compostos por bolas de gás que não atingiram a massa necessária para se tornar uma estrela e cujas características se encontram em algum lugar entre Júpiter e o Sol. A massa do VHS 1256 b é estimada por alguns como sendo suficiente para que seja classificado como uma anã marrom, em vez de um planeta.
O sucesso da observação do exoplaneta VHS 1256 b pelo Telescópio Espacial James Webb (JWST) deve-se, em parte, a uma condição natural fortuita. De acordo com Brittany Miles, astrônoma pesquisadora da Universidade do Arizona e principal autora do estudo recente, em uma declaração do STScI, este planeta orbita suas estrelas a uma distância de cerca de quatro vezes a distância entre Plutão e o Sol, o que o torna um objeto ideal para ser estudado pelo JWST. Essa condição possibilita que a luz do planeta seja observada sem interferência da luz de suas estrelas, graças à grande separação entre eles. Além disso, VHS 1256 b é um planeta cuja órbita leva cerca de 10.000 anos terrestres para ser concluída, o que significa que as observações que foram feitas nos fornecem uma visão única de um mundo que evolui em escalas de tempo cósmicas.
Os especialistas do STScI afirmam que as informações coletadas pelo Telescópio Espacial James Webb (JWST) revelam de forma clara a presença de água, metano e monóxido de carbono, além de evidências de dióxido de carbono. De acordo com o comunicado emitido pelo STScI, esses dados são apenas o início de uma grande quantidade de informações que serão extraídas da “chuva” de dados coletados pelo JWST, abrindo um novo mundo de descobertas e revelações para os astrônomos.
"Andrew Skemer, professor astrônomo associado da Universidade da Califórnia, Santa Cruz, e co-autor do estudo, destaca a importância desses resultados: “Nenhum outro telescópio conseguiu identificar tantos recursos em um único alvo ao mesmo tempo. Os dados coletados pelo JWST mostram diversas moléculas em um único espectro, o que nos permite compreender melhor os sistemas dinâmicos de nuvens e clima desse planeta”, ressaltou Skemer.
Os dados do JWST revelaram apenas uma pequena fração do que pode ser aprendido sobre esse mundo. “Identificamos os silicatos, mas entender melhor quais tamanhos e formas de grãos correspondem a tipos específicos de nuvens exigirá muito trabalho adicional”, afirma Miles. “Este não é o fim do planeta – é o começo de um esforço de modelagem em larga escala para ajustar os dados complexos do Webb”.