Pesquisadores recriaram o rosto de um antigo egípcio que viveu 30.000 anos antes do primeiro faraó.
Os estudiosos realizaram a reconstituição facial do jovem indivíduo, que se presume ser um trabalhador mineiro, a partir da análise minuciosa do seu crânio por meio de uma técnica de varredura avançada.
Por meio de uma notável reconstrução facial forense, um jovem egípcio antigo, que viveu há cerca de 30 mil anos antes do reinado dos faraós, pôde ser trazido de volta à vida, em uma impressionante façanha científica.
Os restos mortais desse jovem, que tinha entre 17 e 20 anos de idade, foram desenterrados em 1980, no sítio arqueológico de Nazlet Khater, localizado no Vale do Nilo. O indivíduo foi enterrado na região há aproximadamente 35 mil anos, o que faz dele o único esqueleto humano moderno completo encontrado na África desde o início da Idade da Pedra.
Um estudo conduzido pelo arqueólogo Dr. Moacir Santos, da Uniandrade, e pelo especialista em computação gráfica Cícero Moraes, trouxe à luz uma fascinante reconstrução facial. O trabalho foi recebido com grande entusiasmo pelos estudiosos da área, tendo em vista a relevância e a complexidade envolvidas em um processo como esse.
"Segundo o Dr. Santos, a reconstrução facial é um importante meio de encurtar a distância que separa o presente do passado. Para ele, o rosto humano sempre foi um elemento crucial para o reconhecimento individual e, dessa forma, a aproximação facial forense torna-se um poderoso recurso para humanizar e resgatar a memória daqueles que, até então, eram reconhecidos apenas como “esqueletos”.
O pesquisador ressalta que tentar reconstruir a aparência de um indivíduo que viveu há milhares de anos é uma maneira de trazê-lo para o presente, aproximando-o do público e permitindo que novas gerações possam ter uma ideia mais precisa daqueles que nos precederam.
Para recriar a aparência do jovem egípcio antigo, a equipe responsável pelo projeto desenvolveu um modelo digital tridimensional de seu crânio, utilizando modernas técnicas de reconstrução facial forense. Com base em dados de humanos contemporâneos, eles foram capazes de construir camada por camada o rosto do jovem, alcançando uma reconstrução objetiva e extremamente precisa.
No entanto, a equipe não se limitou apenas aos aspectos objetivos da reconstrução, adicionando também elementos mais subjetivos, como a cor dos olhos e cabelos. O especialista em computação gráfica, Cícero Moraes, afirmou que as técnicas utilizadas foram testadas em seres vivos, o que lhes permitiu ter certeza de que a semelhança com a realidade seria significativa.
A equipe observou que as excelentes condições do crânio do jovem antigo permitiram que o trabalho de reconstrução fosse simplificado.
De acordo com o Dr. Santos, “o crânio, que é a principal estrutura para a aproximação facial, foi bem preservado, embora algumas deformações tenham ocorrido.”
Por sua vez, Moraes acrescentou: “A parte ausente do crânio pôde ser reconstruída a partir do outro lado, que estava intacto, o que tornou o trabalho menos desafiador”.
Além disso, o grande número de publicações científicas relacionadas ao crânio permitiu que a equipe determinasse a idade, sexo e ancestralidade do indivíduo com base em análises realizadas ao longo de 40 anos de pesquisa.
Moraes continuou a explicar: “De acordo com as informações disponíveis sobre o esqueleto, acredita-se que pertencia a um homem jovem, com idade entre 17 e 20 anos, que apresentava evidências de alterações nas estruturas ósseas, sugerindo variações de peso durante a vida.”
“A presença de um machado de dois gumes ao lado do corpo sugere que ele pode ter trabalhado em uma mina de chert.”
“De forma geral, estima-se que ele tenha falecido há cerca de 35.000 anos atrás.”
Isso significa que ele viveu aproximadamente trinta milênios antes do surgimento do primeiro faraó dinástico, Narmer, que fundou a Primeira Dinastia do Egito em 3100 a.C.
Os resultados completos deste fascinante estudo foram publicados na revista de computação gráfica OrtogOnLineMag.