Com o auxílio de técnicas avançadas de observação, incluindo o uso de lentes gravitacionais, um grupo de astrônomos conseguiu identificar um buraco negro de proporções colossais. Utilizando supercomputadores para analisar os dados coletados, a equipe foi capaz de determinar que este buraco negro é um dos maiores já encontrados até o momento.
Recentemente, uma equipe de renomados astrônomos anunciou a descoberta de um dos maiores buracos negros já registrados. Trata-se de um monstro ultramassivo, com uma massa estimada em cerca de 30 bilhões de vezes a do nosso Sol. A detecção deste objeto cósmico foi possível graças à aplicação de uma técnica baseada nas teorias de Albert Einstein acerca do espaço-tempo.
Um colossal buraco negro foi revelado em meio a um aglomerado de galáxias localizado a 2,7 bilhões de anos-luz da Terra. Escondido na galáxia mais brilhante do aglomerado Abell 1201, o buraco negro foi detectado por meio de um arco gigante de luz distorcida que foi esticado e manchado pelo poderoso campo gravitacional do objeto cósmico.
Os astrônomos responsáveis pela detecção do colossal buraco negro afirmaram que este objeto cósmico encontra-se no limite superior do tamanho que se acreditava ser teoricamente possível para buracos negros. No entanto, a equipe acredita que esta pode ser apenas a primeira descoberta de muitos outros gigantes cósmicos que poderiam ser encontrados no céu noturno utilizando a técnica de lente gravitacional. Encontrar esses buracos negros ultramassivos é apenas o primeiro passo para compreendermos como essas feras cósmicas conseguem atingir tamanhos tão impressionantes. Em um artigo publicado recentemente na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, os pesquisadores destacaram a importância dessa descoberta para o avanço da pesquisa astrofísica e revelaram suas expectativas em relação a futuras descobertas no campo.
A teoria da relatividade geral de Albert Einstein fornece uma descrição precisa de como objetos massivos afetam o tecido do espaço-tempo. De acordo com Einstein, a gravidade não é produzida por uma força misteriosa, mas sim é resultado da curvatura e distorção do espaço-tempo na presença de matéria e energia.
"O espaço curvo estabelece as regras que governam o movimento da energia e matéria. De acordo com uma das previsões mais notáveis da teoria da relatividade geral, a luz que atravessa uma região extremamente curva do espaço-tempo segue uma trajetória tortuosa – distorcida e curvada através de um espelho gigante de parque de diversões, emergindo como um arco estendido chamado de “anel de Einstein”. Esse fenômeno, conhecido como lente gravitacional, permite aos astrônomos detectar objetos celestes fracos que, de outra forma, seriam invisíveis.
“Na maioria das vezes, os maiores buracos negros conhecidos estão em um estado ativo, emitindo luz, raios-X e outras radiações enquanto atraem matéria para si”, explicou James Nightingale, autor do estudo e astrofísico da Universidade de Durham, no Reino Unido, em um comunicado. “No entanto, as lentes gravitacionais nos permitem estudar buracos negros inativos [que não estão se alimentando e, portanto, não produzem luz], algo que até agora era impossível em galáxias distantes”.
Após avistarem o arco de luz distorcido em torno do buraco negro inativo, os cientistas utilizaram informações precisas sobre como ele deformou a luz para determinar o tamanho do monstruoso objeto. Com o auxílio do Telescópio Espacial Hubble, os pesquisadores capturaram imagens de alta resolução e, em seguida, conectaram as medições obtidas ao supercomputador DiRAC COSMA8. Com base nesse processo minucioso, os especialistas puderam simular com precisão a massa que o buraco negro necessitaria possuir para curvar a luz em tamanha proporção.
Os pesquisadores concluíram que o colosso cósmico possuía uma massa de 30 bilhões de sóis, tornando-o cerca de 8.000 vezes mais massivo que o buraco negro supermassivo no centro da nossa galáxia, a Via Láctea. Para fins de comparação, o maior buraco negro conhecido atualmente é o TON 618, com cerca de 40 bilhões de massas solares.
Analisar buracos negros de maior massa por meio dessa técnica pode auxiliar os pesquisadores a compreender como esses gigantes cósmicos alcançaram tamanhos tão inimagináveis, além de investigar como essas entidades monstruosas influenciam a evolução do universo.
“Esta metodologia pode possibilitar a detecção de um grande número de buracos negros além do nosso universo local e fornecer insights sobre como esses objetos exóticos evoluíram ao longo do tempo cósmico”, afirmou Nightingale.