As polêmicas múmias de três dedos apresentadas por Jaime Maussan na Câmara dos Deputados do México como sendo “não humanas” provocaram intenso debate e escrutínio entre a comunidade científica. Maussan proclamou com confiança que a análise de DNA mostrou que as múmias tinham de 14 a 36% de DNA de Homo Sapiens, sendo o restante não identificado. Ele destacou a datação por carbono, que as coloca com 900 anos de idade. Entretanto, uma análise mais profunda mostra que a história é mais complexa.
Maussan fez questão de evitar rotular definitivamente as múmias como “extraterrestres”, mas ele já se referiu explicitamente a elas como tal anteriormente. Por exemplo, em março de 2019, na Televisa, ele declarou: “Esses dois seres que evidentemente não são da Terra são seres, eu digo, não quero dizer isso, mas tenho que dizer: extraterrestres”. Seu colaborador Thierry Jamin também afirmou que as múmias representam “répteis humanoides” extraterrestres.
Na realidade, as evidências indicam que as múmias são falsificações elaboradas com partes de animais. Especialistas peruanos respeitados afirmam que elas foram construídas a partir de partes de animais combinadas com múmias pré-hispânicas. Isso explicaria logicamente os resultados anômalos do DNA e a datação por carbono. As múmias são semelhantes às múmias de animais modificados, como a sereia do Japão ou o tritão de Banff.
No entanto, apesar das crescentes evidências em contrário, Maussan continua afirmando que as múmias são genuínas. Ele até realizou uma tomografia computadorizada ao vivo de uma delas, chamada “Clara”, para provar seu argumento. No entanto, a tomografia apenas destacou a implausibilidade de Clara ter sido um ser vivo.
O médico intérprete apontou várias anormalidades chocantes. A coluna vertebral de Clara é perfeitamente reta, o que limita muito a mobilidade. As articulações do quadril não se articulam claramente, o que também restringe os movimentos.
"Os ossos únicos do pulso e do tornozelo em cada membro impedem os movimentos de pronossupinação. Há até costelas dentro do canal espinhal! Em outras palavras, Clara é mais uma estátua do que uma criatura funcional. Suas diferentes densidades ósseas também indicam uma construção artificial.
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Mesmo assim, a equipe de Maussan concluiu que Clara “não foi montada” e insistiu em sua natureza extraterrestre. Sua posição vai contra a lógica e as críticas crescentes de especialistas como a Dra. Ana Maria. Ela destacou um estudo anterior sobre os crânios das múmias que joga mais água fria sobre as alegações.
O artigo de 2019 comparou o crânio da múmia “Josephina” com o de uma lhama. Ele encontrou semelhanças impressionantes em termos de dimensões, forma, espessura, características do ouvido interno e aberturas no exterior. O autor sugere que o crânio de Josephina foi alterado física ou quimicamente para ocultar suas origens. Entretanto, eles também admitem que pode ter ocorrido uma decomposição óssea real.
O mais chocante é que o autor principal desse estudo é José de la Cruz Ríos – o mesmo biólogo que apresentou as múmias como não humanas para começar! Isso levanta sérias questões sobre as posições inconsistentes do Dr. de la Cruz Ríos, o estudo foi publicado no International Journal of Biology and Biomedicine.
Ele diz uma coisa para os acadêmicos e outra para a equipe de Maussan? Será que ele mudou de ideia após uma inspeção mais detalhada? De qualquer forma, seu trabalho publicado contradiz completamente suas afirmações fantásticas anteriores.
O artigo de 2019 chega a afirmar que “foi identificada uma forma desconhecida de ‘animal’ que tinha uma cabeça composta por um crânio de lhama deteriorado”. Ele conclui dizendo que “as culturas peruanas usavam elementos do corpo de animais para expressar arte ou crenças religiosas”, o que se encaixa em sua veneração às lhamas.
Então, como e por que esse cientista cometeu essa aparente reviravolta? Os motivos não são claros. Mas quando combinadas com as pesquisas existentes que sugerem que as múmias são parcialmente caninas, surge uma explicação bastante plausível. As entidades são falsificações elaboradas feitas pela combinação de partes de animais e múmias humanas.
Jaime Maussan e seu círculo têm se mantido firmes em suas afirmações extraordinárias, mesmo quando as evidências revelam cada vez mais uma história muito mais mundana. Embora as múmias modificadas sejam, sem dúvida, criações habilidosas, elas parecem ser apenas isso – criações habilidosas, não evidências de alienígenas. Esse é mais um lembrete de que afirmações extraordinárias exigem evidências extraordinárias, e o ônus da prova recai diretamente sobre aqueles que fazem tais afirmações.