Seriam os alienígenas visitantes de mundos distantes? Ufólogos, abduzidos e contatados acreditam que sim.
Essa fascinante suposição baseia-se na teoria de que astronautas extraterrestres chegaram à Terra em tempos remotos, estabelecendo colônias além do nosso mundo e influenciando o processo de evolução humana.
Considerando que os alienígenas supostamente provêm de lugares diferentes dos nossos, conclui-se, conforme a teoria, que eles devem ser de fato extraterrestres.
Entretanto, as evidências para apoiar essa crença são escassas. Até o presente momento, nenhum ufólogo, contatado ou abduzido conseguiu apresentar provas convincentes que sustentem a visão de que os alienígenas são realmente seres de outros planetas.
No entanto, existe uma gama de evidências que embasa uma teoria alternativa sobre a natureza ontológica dessas entidades alienígenas.
"Essa perspectiva sustenta que os alienígenas são seres transdimensionais, habitantes das múltiplas camadas de dimensões alternativas que coexistem no Multiverso, intrinsecamente “dentro” de nosso mundo, mas de fato, não verdadeiramente “pertencentes” a ele.
Aleister Crowley e LAM
No início do século XX, um homem extraordinário atravessou os territórios da poesia, do alpinismo, das aventuras e dos amores fugazes. Seu nome: Aleister Crowley.
Ele desbravou a estrutura hierárquica da renomada Ordem Hermética da Aurora Dourada, mergulhando nos segredos da magia ocidental, aprendendo cada teoria e prática desde a base.
No entanto, quando essa ordem mágica se viu envolvida em divisões internas, Crowley, dotado de uma visão singular, decidiu trilhar seu próprio caminho. Assim, ergueu a sua própria e mais aconchegante ordem mágica, a Argenteum Astrum. Mas o destino o reservava um papel ainda maior.
Em 1912, Crowley ascendeu ao posto de Grão-Mestre da Ordo Templi Orientis (OTO) no Reino Unido, onde desenvolveu sua marca peculiar e estilizada de magia sexual.
Inspirado por fontes tântricas e yazidis, ele mergulhou nas profundezas desse poderoso domínio, forjando um método único que transcendia os limites da imaginação.
A definição de magia segundo Crowley é intrigante e provocativa: “a ciência e a arte de provocar Mudança para ocorrer em conformidade com a Vontade”. Por trás dessas palavras, esconde-se a busca pela transformação psicológica e espiritual, uma jornada que requer a ativação dos poderes psíquicos latentes na mente humana.
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A chave para desencadear essa magia reside na conexão com uma entidade alienígena genuína, algo totalmente separado da mente e do corpo do praticante. Crowley denominou essa entidade com um nome singularmente fantástico: “Anjo Guardião Sagrado” (HGA).
Ele descreveu a experiência de entrar em contato com o HGA como uma busca pelo “Conhecimento e Conversa”, uma jornada desafiadora que transcendia a fantasia e se tornava realidade.
O mestre Crowley insistia que o contato com o HGA era absolutamente essencial para que o praticante mágico pudesse desvendar os poderes e energias das entidades menores, como espíritos, elementais e demônios.
Essas forças não podem, de forma alguma, ser dissociadas da mente do próprio praticante.
Por fim, Crowley deixou claro que cada indivíduo na Terra deve buscar a conexão com seu próprio HGA, pois somente assim a humanidade poderá avançar rumo a novos horizontes. Em suas próprias palavras:
“Minha observação do Universo me convence de que existem seres de inteligência e poder de uma qualidade muito superior a qualquer coisa que possamos conceber como humana; que eles não necessariamente se baseiam nas estruturas cerebrais e nervosas que conhecemos; e que a única e exclusiva chance para a humanidade avançar como um todo é para que os indivíduos entrem em contato com tais Seres.”
Este trecho escrito por Crowley é de extrema importância, pois oferece uma visão única sobre entidades alienígenas. Segundo ele, esses seres são verdadeiramente “alienígenas”, transcendentais em relação aos atributos físicos e cerebrais dos seres humanos.
Além disso, possuem uma capacidade intelectual e cognitiva muito superior à nossa. No entanto, o aspecto mais intrigante é que esses alienígenas são seres mágicos e transdimensionais, não se limitando apenas ao âmbito extraterrestre.
Essa última característica está implícita nas palavras de Crowley, mas sua presença é inegável. O praticante da magia é convocado a buscar o conhecimento e a comunicação com a HGA (Sagrado Anjo Guardião) por meio de métodos mágicos e místicos.
Essas entidades podem ser invocadas por meio de rituais mágicos, evocações ou invocações. Também é possível encontrá-las durante viagens astrais, sonhos lúcidos ou em estados de meditação e transe místico.
Por outro lado, as entidades extraterrestres não podem ser alcançadas por esses meios. Elas devem ser encontradas face a face, em tempo real, em um espaço-tempo compartilhado e comum. Essa distinção ressalta a natureza especial das entidades mágicas e transdimensionais descritas por Crowley.
Ao longo de sua vida, Crowley teve contato com apenas uma entidade alienígena desse tipo, conhecida como Lam ou Aiwaz. Embora alguns estudiosos ocultistas possam fazer distinções entre os dois nomes, para Crowley, eles eram praticamente sinônimos e, portanto, serão tratados como uma única entidade neste ensaio.
Acredita-se que Lam tenha sido um emissário de outros alienígenas, os chamados “forasteiros”. Foi essa entidade que ditou o notório Livro da Lei, ou Liber AL, para Crowley por meio da vidente Rose Kelley em 1904. Posteriormente, Crowley teve contato direto com Lam durante sua estada nos Estados Unidos, nos anos de 1915 e 1919.
A fascinação de Crowley por Lam foi tamanha que ele até retratou essa entidade em um desenho que fez parte de suas pinturas expressionistas expostas em Greenwich Village, na cidade de Nova York, no ano de 1919.
Esse desenho foi reproduzido pela primeira vez na revista “The Equinox” em 1972. Anos depois, Kenneth Grant também o reproduziu em suas obras “The Magical Revival” (1972) e “Outside the Circles of Time” (1980).
A imagem de Lam é curiosa e intrigante. Seu corpo pequeno e diminuto é visível apenas do peito para cima, coberto por uma túnica áspera com textura semelhante à lã.
A região acima das sobrancelhas e da ponte do nariz é proeminente e sem pelos, com uma forma sutil de cogumelo esculpida na testa ampla. O rosto está afundado entre as sobrancelhas e o queixo, com olhos estreitos e oblíquos, pupilas diminutas, nariz longo e boca reduzida a uma fenda estreita.
Ao compararmos a imagem de Lam com as descrições fornecidas por pessoas que afirmam ter tido contato ou terem sido abduzidas por alienígenas, notamos semelhanças impressionantes.
Relatos de humanoides de pele cinza, com altura entre 3 e 4 pés, cabeças calvas e alongadas, olhos amendoados e boca em forma de fenda, encontram paralelos com a figura de Lam.
Também há descrições de humanoides verdes e diminutos, igualmente calvos, com cabeças alongadas, olhos oblíquos e boca em forma de fenda. Até mesmo relatos de pequenas criaturas prateadas, que lembram os outros dois tipos, foram documentados.
É evidente que os contatados e abduzidos estão testemunhando entidades semelhantes às que Crowley encontrou, embora com a diferença de que a entidade de Crowley não tinha a coloração verde, cinza ou prateada.
Nesse contexto, vale ressaltar que todos esses arquétipos alienígenas são praticamente equivalentes às versões cinematográficas de Hollywood dos anos 1950.
Os homenzinhos de cabeça grande, olhos esbugalhados, verdes ou cinzas, que ainda aparecem ocasionalmente em filmes de ficção científica na TV e no cinema atualmente, encontram paralelos com as descrições de Crowley e de indivíduos que afirmam ter tido encontros com essas entidades.
David J Skal, estudioso do cinema de terror e autor de “The Monster Show: A Cultural History of Horror” (1993), oferece uma interpretação interessante do estereótipo dos alienígenas de cabeça grande e olhos esbugalhados.
Em 1957, o cinema apresentou uma invasão alienígena que deixou o público maravilhado e apreensivo. “A Invasão dos Homens de Disco Voador” exibia uma hipertrofia ocular-cerebral tão exagerada que era difícil desviar o olhar.
Essas criaturas extraterrestres, interpretadas por anões, possuíam cabeças que se assemelhavam a imensas lâmpadas, enquanto seus olhos saltados eram do tamanho de bolas de beisebol. Porém, o impacto não estava na violência que poderiam causar, mas sim na maneira como seus corpos murchavam e atrofiavam.
Naquela época, o futuro se resumia a contemplar imagens e processar informações. Os olhos e o cérebro se tornaram as únicas partes do corpo humano que ainda tinham utilidade.
Essa ansiedade ocular e a sensação de despersonalização eram temas recorrentes em filmes como “A Besta com um Milhão de Olhos” (1955), “O Olho que Espia” (1958) e “O Ciclope” (1957), refletindo a inquietude da época.
Curiosamente, esses elementos têm uma perturbadora relevância nos tempos contemporâneos, especialmente entre os jovens millennials. Eles são viciados em seus smartphones, valorizando esses dispositivos mais do que as próprias mãos que os seguram.
Constantemente, bombeiam fragmentos intermináveis de dados sociais e de entretenimento diretamente em seus cérebros, criando uma dependência preocupante.
Podemos então nos perguntar: à medida que nossas tecnologias avançam e se proliferam, estaremos fadados a enfrentar níveis cada vez mais intensos de “ansiedade ocular” e despersonalização, como mencionado por Skal? Essa questão parece ser uma característica inerente à condição humana, permeando os diferentes períodos históricos.
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No entanto, devemos lembrar que nem todas as entidades alienígenas compartilham dessa situação. Um exemplo é Lam, cujas cabeças não são grandes devido ao excesso de informações. Na verdade, elas abrigam mentes superiores, dotadas de uma capacidade craniana expandida.
Essas criaturas utilizam sua energia cognitiva aprimorada para auxiliar a humanidade a dar o próximo passo rumo à iluminação, guiando-nos em direção ao conhecimento superior.
Assim, enquanto lidamos com os desafios da era digital, podemos encontrar inspiração nesse contraste entre a desumanização ocular e a busca pela sabedoria além-fronteiras.
Quem sabe o futuro nos reserva uma harmonia entre a tecnologia e nossa essência humana, onde poderemos utilizar os avanços para aprimorar nossa jornada em direção à iluminação.
Kenneth Grant e a Ufologicks
Após o falecimento de Aleister Crowley, ocultista e fundador da Ordo Templi Orientis (OTO), seu discípulo Kenneth Grant (1924-2011) recebeu uma carta de Karl Germer, o sucessor designado por Crowley como Chefe Externo da OTO, com a finalidade de estabelecer uma filial no Reino Unido desta organização.
A partir do momento de sua concepção, a Nova Loja Ísis, liderada por Grant, passou a refletir as aspirações de Crowley, as quais ele havia registrado em seus diários durante os dois últimos anos de sua vida.
Essas aspirações diziam respeito a uma reestruturação profunda da OTO, que visava direcionar seu foco não apenas para as iniciações ritualísticas, mas também para a promoção e encorajamento da comunicação com entidades alienígenas.
“A elaboração cerimonial e o estabelecimento de Lojas fixas em locais específicos seriam substituídos por uma rede fluida e abrangente composta por zonas de poder telemíticas.
“Essas zonas de poder formariam uma rede frouxamente conectada de grupos ocultistas que utilizariam a Corrente Ofídica para preparar a consciência humana para o intercurso com os habitantes de outras dimensões.”
Grant seguiu à risca o plano de jogo de Crowley, desmembrando sua “OTO Typhoniana” em células distintas, cada uma operada por um praticante de magia dedicado ou por um pequeno grupo de adeptos.
As instalações principais da loja eram reservadas para a visita de praticantes mágicos e artistas performáticos, que tinham permissão para realizar seus próprios rituais criativos por ordem de chegada, com a possibilidade de contar ocasionalmente com o suporte e apoio dos membros da loja.
Assim como Crowley, Grant também estabeleceu contato com o HGA (Anjo Guardião Sagrado). O anjo guardião de Grant atendia pelo nome de Aossic-Aiwass e, para surpresa de poucos, guardava uma notável semelhança com LAM.
Em sua série de Trilogias Typhonianas, Grant apresenta ilustrações que retratam os rostos das entidades alienígenas com as quais ele se comunicou durante seus experimentos mágicos, tanto quando liderava a Loja Nova Ísis quanto depois desse período.
Curiosamente, esses alienígenas também se assemelhavam a Lam. Uma das ilustrações, na Prancha 8 de “Portais Externos” (1994), desenhada pelo próprio Grant, revela Desmodus, um alienígena cujo rosto ocupa apenas a metade inferior de sua cabeça.
O restante é uma testa alta e bulbosa, com uma figura estranha esculpida na pele, de onde emana fumaça pelos olhos. Já na Prancha 29 de “Além da Zona Lilás” (1999), encontramos o desenho de um sacerdote alienígena, também concebido por Grant. Embora o sacerdote tenha uma cabeça grande e bulbosa, seu rosto é mais próximo do convencional.
Esses exemplos incontestáveis evidenciam que as entidades alienígenas que assombravam as câmaras mágicas de Grant e povoavam sua imaginação eram as mesmas criaturas diminutas, porém de mente brilhante, que aparecem a inúmeros contatados e abduzidos.
Além disso, Grant compartilhava da visão de Crowley de que as entidades alienígenas eram transdimensionais.
Em “Fora dos Círculos do Tempo” (1980), Grant questiona a dicotomia entre extraterrestres e seres transdimensionais, ao enxergar o espaço exterior como uma manifestação do espaço interior, sobretudo no que diz respeito aos seres alienígenas.
Dessa forma, os alienígenas deixam para trás suas naves metálicas, encontrando seu lugar de direito em dimensões alternativas.
“Se a intrusão ocorre ou não por meio de entidades reais do espaço exterior é problemático, o espaço exterior pode ser apenas outra forma daquele espaço interno que compreende o universo mental ou subjetivo.”
Em uma análise mais profunda e penetrante sobre a natureza dos seres alienígenas, presente em sua obra “Portais Externos” (1994), Grant observa com acerto que a maioria dos encontros envolvem seres que não possuem forma física, mas são seres mágicos em essência.
Grant desenvolve a teoria de que esses alienígenas são predominantemente “etéricos”, seres que não se encaixam perfeitamente na categoria de entidades astrais, mas estão mais próximos em sua essência ao reino astral do que ao plano físico. E é justamente nessa teoria que ele vai além, incluindo também as naves espaciais alienígenas.
De acordo com Grant, essas naves possuem uma natureza etérica, sendo estruturas astrais ou cápsulas concebidas pelos alienígenas transdimensionais como um necessário subproduto para facilitar sua manifestação no plano físico. São como veículos que auxiliam na materialização desses seres em nossa realidade.
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“A substância da manifestação parece ser de natureza etérica, distinta da natureza astral. Essa suposição é sugerida pela qualidade tangível de muitos dos objetos observados.
“Avistamentos dessa categoria parecem ser muito mais frequentes do que aqueles em que os ocupantes dos OVNIs são considerados seres de carne e osso… isso sugere que os ufonautas são de uma substância mais sutil do que seus veículos, assim como o corpo astral do homem é mais sutil, ou menos denso, do que seu corpo físico.
“Isso pode ser o caso, por exemplo, se uma entidade astral fabricasse para si mesma uma cápsula ou casca etérica, como na prática conhecida como a assunção mágica de formas divinas.”
Grant cunhou o termo “ufologicks”, uma expressão que ressoa de forma semelhante a “magicks” (magias). Em uma definição enigmática, ele associou a ufologicks às vibrações mantricas da Gematria e à poderosa onda que irradia do além.
Ao deixar de lado a terminologia inflada, compreendemos que a ufologicks é, ou será, um novo sistema mágico focado em rituais meticulosamente concebidos para permitir que os praticantes da magia estabeleçam contato com entidades alienígenas, tais como Lam, Aossic-Aiwass ou Desmodus.
Infelizmente, Grant partiu antes de poder realizar passos práticos para concretizar esse novo sistema. No entanto, ele deixou algumas anotações sobre um rito mágico improvisado, capaz de evocar Lam. Grant instrui o praticante a contemplar o retrato de Lam, concentrando-se intensamente nos olhos.
À medida que a concentração se aprofunda, os olhos se ampliam e parecem sugar você para dentro do próprio retrato, proporcionando a sensação de estar imerso na mente da entidade.
Em seguida, Grant nos revela que há duas possíveis direções a seguir: um caminho “descendente” e um caminho “ascendente”.
Grant não explana sobre as possíveis ocorrências caso se escolha o caminho ascendente, mas ele é muito explícito quanto à opção descendente. Os resultados são marcantes e merecem ser citados na íntegra.
“Se escolher o caminho descendente, a descida será acompanhada por uma sensação de ar em turbilhão… Uma escuridão profunda envolverá a mente enquanto adentra-se o túnel escuro sob a boca de Lam, e o vento será substituído pelo som de águas turbulentas… [isso] despertará a imagem de uma entidade octopoide, cujos tentáculos são os ramos do túnel abaixo da boca de Lam… [Uma] fusão ocorrerá entre os olhos de Lam, na região do chakra ajna, e a chama se elevará na vasta luminosidade de um crânio que parece infinito em extensão e deslumbrantemente resplandecente.”
Este rito serve como um exemplo notável de como os ritos formais de uma loja ufologista poderiam ser se Grant tivesse vivido para estabelecer seu sistema mágico proposto.
Como uma derradeira concessão aos futuros ufologistas, encontramos uma narrativa curiosa e peculiar, centrada em OVNIs, sobre a criação do mundo em um dos últimos livros de Grant, intitulado “Além da Zona Lilás” (1999).
Grant descreve a aparição de um astronauta alienígena na Terra em tempos antigos, pré-humanos (o período não é especificado). O extraterrestre se manifesta na forma de um cientista excêntrico e recluso.
Em seu laboratório, o alienígena ergue um santuário para a deusa Nu-Isis, composto por uma estátua da divindade e uma chama eterna que arde diante dela. A estátua é confeccionada com um metal que não pode ser encontrado em nosso planeta.
Ela é uma mulher metálica, biomecânica, evocando a lembrança das inúmeras alienígenas femininas biomecânicas que povoam as obras do artista suíço H. R. Giger. O cientista alienígena alimenta a estátua com fluidos extraídos de entidades elementais e astrais.
Eventualmente, o laboratório é consumido por uma explosão massiva e o alienígena sucumbe ou escapa para sua própria dimensão. Muito tempo depois, uma mulher humana emerge das cinzas do laboratório, nascida do apocalipse provocado pela explosão.
Ela é Lura, filha da estátua biomecânica, descrita por Grant como “a imagem vitalizada adorada e nutrida pelo cientista em segredo, dentro de seu laboratório”.
Com o advento de Lura, a humanidade começa a povoar a Terra. Alguns desses seres humanos são diretamente descendentes de Lura, filhos das relações sexuais mantidas por ela com homens terrestres. Esses indivíduos são especialmente aptos para estabelecer comunicação com entidades alienígenas transdimensionais.
Nos dias de hoje, os descendentes de Lura são os praticantes mágicos – magos, místicos e psiconautas – que anseiam pelo conhecimento e pelo poder que ultrapassam os limites do humano.
Real ou Não Real?
Anteriormente, mencionei que há escassas evidências empíricas para a existência de alienígenas. Essa lacuna é ainda mais evidente quando nos referimos aos seres extraterrestres. Contudo, é importante ressaltar que as evidências para a existência dos alienígenas transdimensionais são igualmente frágeis.
Aqui nos encontramos diante de um dilema: a confiabilidade do testemunho de Crowley e Grant é realmente superior àquele dos ufólogos, contatados ou abduzidos? A questão se desdobra entre o mundo imaginário e o que chamamos de “realidade”. Qual é o verdadeiro? Seriam ambos verdadeiros? Ou talvez nenhum deles?
Nas últimas décadas, a física quântica tem abalado nossas percepções sobre a realidade, e as teorias dos cientistas contemporâneos começam a ecoar as teorias dos praticantes de magia, tanto do passado quanto do presente.
A linha que separa o que é considerado real do que é tido como ilusório já não é tão nítida, e diante dessa falta de certezas, somos livres para acreditar no que desejarmos.
Nesse contexto, recordo-me do encontro final de Harry Potter com seu mentor, Alvo Dumbledore, próximo ao desfecho do sétimo livro da série “Harry Potter e as Relíquias da Morte” (2007), escrita por J.K. Rowling.
Potter se vê em uma dimensão alternativa que se assemelha à estação de King’s Cross, porém desprovida de trens e passageiros, envolta por uma névoa resplandecente.
Inicialmente, Potter se surpreende ao encontrar Dumbledore, pois este havia falecido no livro anterior. Após uma conversa entre os dois, Potter indaga a Dumbledore: “Isso é real? Ou está acontecendo apenas em minha mente?”. E a resposta de Dumbledore ecoa: “É claro que está acontecendo em sua mente… mas por que diabos isso significaria que não é real?”
John L. Steadman é um estudioso de HP Lovecraft e ocultismo ocidental e tem sido um praticante de magia por mais de trinta anos, trabalhando com vários covens e pequenos grupos de iniciados. Ele é bacharel em Artes pela Michigan State University; um mestrado em artes pela Universidade da Virgínia; e Mestre em Administração de Empresas pela Universidade de Wisconsin. Atualmente, ele trabalha como professor universitário em Michigan.
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