O Sudário de Turim, uma relíquia que intriga a humanidade há séculos. Saiba mais sobre sua história, sua imagem e sua autenticidade.

O Sudário de Turim é um dos objetos mais fascinantes e controversos da história. Trata-se de um pedaço de linho que supostamente envolveu o corpo de Jesus Cristo após a crucificação. O sudário possui uma imagem impressionante de um homem com marcas de feridas compatíveis com as sofridas por Jesus. Mas será que o sudário é realmente autêntico? Como foi feita a imagem? Quais são as evidências a favor e contra o sudário? Neste artigo, vamos explorar essas questões e tentar desvendar esse mistério que desafia a religião e a ciência.
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O que é o Sudário de Turim?
O Sudário de Turim é um tecido retangular de linho puro, medindo cerca de 4,4 metros de comprimento por 1,1 metro de largura. O tecido possui duas imagens frontais e dorsais do corpo inteiro de um homem barbudo com cabelos longos. As imagens são muito fracas e só podem ser vistas claramente em fotografias negativas.
O homem do sudário apresenta diversas marcas de feridas que correspondem aos relatos bíblicos da paixão e morte de Jesus. Entre elas, estão:
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– Uma coroa de espinhos na cabeça;
– Múltiplas perfurações no couro cabeludo, pescoço, ombros, costas e pernas;
– Uma ferida no lado direito do tórax;
– Marcas nos pulsos e nos pés indicando crucificação;
– Contusões no rosto e no peito;
– Manchas vermelhas que parecem sangue humano.
De acordo com a tradição cristã, o sudário é o lençol funerário que envolveu o corpo de Jesus após ele ser descido da cruz. O sudário teria sido levado para Jerusalém por José de Arimateia, um dos seguidores secretos
de Jesus. Depois da ressurreição, o sudário teria ficado na tumba vazia até ser encontrado pelos apóstolos Pedro e João.
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A história do Sudário

A origem exata do sudário é desconhecida. Não há registros históricos ou arqueológicos que comprovem sua existência antes do século XIV. No entanto, alguns estudiosos defendem que o sudário pode ser identificado com outros objetos sagrados mencionados em fontes antigas.
Um desses objetos é o Mandylion ou Imagem Edessa (ou Imagem Edessena), uma relíquia venerada na cidade síria (atualmente turca)de Edessa desde pelo menos o século VI. Segundo uma lenda cristã antiga (possivelmente apócrifa), essa relíquia era um pano com a imagem milagrosa do rosto de Cristo, que ele teria enviado ao rei Abgar V (ou Abgaro) como prova de sua divindade. O Mandylion teria sido salvo das invasões persas em 544 d.C., quando foi escondido dentro das muralhas da cidade. Em 944 d.C., ele foi transferido para Constantinopla (atual Istambul), onde foi recebido com grande honra pelo imperador bizantino Romano I Lecapeno.
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Alguns pesquisadores sugerem que o Mandylion era na verdade o Sudário dobrado várias vezes para mostrar apenas a face do homem. Essa hipótese explicaria porque não há menção ao corpo inteiro nas fontes antigas sobre o Mandylion. Também explicaria como o Sudário poderia ter sobrevivido às perseguições aos cristãos nos primeiros séculos.
Outro objeto sagrado relacionado ao Sudário é a Santa Face ou Véu da Verônica (do latim vera icona ou “verddadeira imagem”). Esse objeto era um véu com o qual uma mulher piedosa chamada Verônica teria enxugado o rosto de Jesus no caminho do Calvário. O véu teria ficado com a impressão do rosto ensanguentado de Cristo. O Véu da Verônica foi venerado em Roma desde o século VIII, na Basílica de São Pedro. Ele era exposto ao público em ocasiões especiais, como na Sexta-Feira Santa.
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Alguns estudiosos acreditam que o Véu da Verônica e o Mandylion eram o mesmo objeto, que teria sido levado de Constantinopla para Roma durante as Cruzadas. Outros defendem que o Véu da Verônica era uma cópia do Mandylion ou do Sudário. Há também quem sugira que o Véu da Verônica era uma parte separada do Sudário, que teria sido cortada e costurada ao longo dos séculos.
O Sudário só aparece claramente na história em 1353, quando foi exibido pela primeira vez em Lirey, na França, por um cavaleiro chamado Geoffroy de Charny. Ele afirmava ter recebido o sudário como presente de um parente que participou da Quarta Cruzada (1202-1204), quando os cruzados saquearam Constantinopla e roubaram muitas relíquias cristãs.
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O sudário causou admiração e polêmica entre os fiéis e as autoridades eclesiásticas. Alguns bispos acusaram Geoffroy de Charny de fraudar a relíquia e excomungaram-no. Outros defenderam a autenticidade do sudário e incentivaram sua veneração.
O Sudário de Turim passou por várias mãos e lugares até chegar à cidade italiana de Turim em 1578, onde permanece até hoje na Catedral de São João Batista. O sudário é propriedade da Casa de Saboia, uma família nobre italiana que governou a região por séculos. Em 1983, o último rei da Itália,
Umberto II, deixou o sudário como herança para a Santa Sé.
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O Sudário de Turim é raramente exposto ao público. A última exposição ocorreu em 2015, por ocasião do bicentenário do nascimento de São João Bosco, fundador dos Salesianos e padroeiro da cidade de Turim. Milhões de peregrinos visitam o sudário quando ele é mostrado, incluindo vários papas e personalidades.
A autenticidade do Sudário
A questão mais intrigante sobre o sudário é se ele é realmente o lençol funerário de Jesus ou apenas uma falsificação medieval. Ao longo dos séculos, muitos cientistas, historiadores, teólogos e fiéis tentaram desvendar esse mistério.
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A autenticidade do sudário depende de vários fatores, como a datação do tecido, a origem da imagem, a análise das manchas de sangue e a comparação com outras relíquias e fontes históricas.
Um dos métodos mais usados para determinar a idade de um objeto é o teste do carbono-14. Esse teste mede a quantidade de carbono-14 que resta em uma amostra orgânica depois de sua morte. Quanto mais tempo passa, menos carbono-14 há na amostra.
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Em 1988, três laboratórios independentes realizaram o teste do carbono-14 em pequenos pedaços do sudário. Eles concluíram que o tecido datava de algum período entre 1260 e 1390 d.C., ou seja, muito depois da época de Jesus.
Esses resultados foram recebidos com ceticismo e contestação por muitos defensores da autenticidade do sudário. Eles argumentaram que as amostras usadas no teste eram contaminadas por agentes externos, como fogo, água, fungos ou bactérias. Eles também sugeriram que as amostras pertenciam a uma parte do sudário que foi remendada ou substituída na Idade Média.
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Outros métodos de datação foram propostos para confirmar ou refutar os resultados do carbono-14. Alguns desses métodos são baseados na análise dos pólens encontrados no tecido, na medição da quantidade de vanilina nas fibras ou na observação das marcas das moedas romanas que supostamente estavam sobre os olhos da imagem.
No entanto, esses métodos não são tão confiáveis quanto o carbono-14 e apresentam muitas dificuldades técnicas e interpretações divergentes. Até hoje, não há um consenso científico sobre a datação exata do sudário.
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Outro aspecto intrigante do sudário é a formação da imagem que aparece nele. A imagem é muito fraca e só pode ser vista claramente em negativos fotográficos. Ela mostra o rosto e o corpo de um homem com marcas de feridas compatíveis com a crucificação.
Como essa imagem foi produzida? Essa é uma questão que ainda não tem uma resposta definitiva. Muitas hipóteses foram propostas ao longo dos anos, mas nenhuma delas conseguiu explicar todos os detalhes e características da imagem.
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Algumas das hipóteses mais conhecidas são:
– A imagem foi pintada por um artista medieval com pigmentos ou corantes. Essa hipótese foi descartada por vários estudos que não encontraram vestígios de tinta ou pinceladas no tecido.
– A imagem foi formada por uma reação química entre os açúcares presentes no linho e as aminas provenientes da decomposição do cadáver. Essa hipótese é chamada de reação de Maillard e foi defendida por alguns cientistas que conseguiram reproduzir parcialmente a cor e a distribuição da imagem em um tecido similar ao sudário.
– A imagem foi formada por uma emissão de radiação ultravioleta ou outra forma de energia que saiu do corpo do homem envolto no sudário. Essa hipótese é baseada na ideia de que a ressurreição de Jesus teria envolvido um fenômeno físico extraordinário que deixou uma marca no tecido.
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No entanto, essas hipóteses também apresentam problemas e limitações. Por exemplo, a reação de Maillard não explica como a imagem tem características tridimensionais e fotográficas. A emissão de radiação exigiria uma potência tão alta que vaporizaria o tecido em frações de segundo.
Portanto, o mistério da formação da imagem permanece sem solução até hoje.
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Além da imagem, o sudário também apresenta manchas de sangue que correspondem às feridas do homem retratado. Essas manchas têm sido objeto de muitas análises científicas para determinar sua origem, sua composição e sua autenticidade.
Em 2017, um novo estudo reexaminou os dados originais usados para o teste de 1988 e concluiu que eles eram inválidos e inconclusivos. Segundo os autores do estudo, os dados apresentavam uma variação inexplicável e inconsistente com a hipótese de que o sudário fosse homogêneo e uniforme.
Portanto, a questão da datação do sudário permanece em aberto e sem uma resposta definitiva. O sudário continua sendo um objeto de fascínio e mistério para muitas pessoas, tanto do ponto de vista científico quanto religioso.