A mitologia japonesa do Utsuro-bune, também conhecida como o “Navio Oco”, desperta a curiosidade e a fascinação dos estudiosos da ufologia, pois é considerada um dos mais antigos e intrigantes registros de encontros imediatos do terceiro tipo.
Esta narrativa é minuciosamente abordada em um documento do início do século XIX intitulado “Hyouryuukishuu” (traduzido como “Contos dos Náufragos”), uma compilação de histórias e contos que descrevem as peripécias de diversos pescadores japoneses que alegaram ter explorado terras desconhecidas enquanto se encontravam perdidos no mar.
Dentre as lendas presentes nessa coletânea, destaca-se o relato mais impressionante: o de Utsuro bune, que narra um extraordinário encontro com uma suposta forma de vida alienígena ocorrido em fevereiro de 1803.
Conforme a lenda, uma embarcação estranha emergiu nas proximidades de uma pequena vila conhecida como Harashagahama, situada na costa leste do Japão. A mencionada embarcação possuía aproximadamente 10 pés de altura e 17 pés de largura, apresentando uma forma circular.
A parte superior da embarcação exibia uma coloração avermelhada, assemelhando-se a materiais como jacarandá ou sândalo, enquanto a parte inferior era constituída por múltiplos painéis metálicos.
"Além disso, a nave apresentava portais ou aberturas confeccionadas em um material translúcido, assemelhando-se a cristal ou vidro.
Essa ocorrência peculiar, naturalmente, despertou considerável interesse por parte dos habitantes locais, resultando em uma aglomeração de espectadores na praia, ansiosos por presenciar o desenrolar dos eventos.
O objeto em questão ficou conhecido como Utsuro-bune (“navio oco”), devido aos relatos recorrentes sobre sua estrutura interna vazia, conforme descritos por diversos aldeões.
Testemunhas relataram que as paredes internas da embarcação apresentavam decorações e inscrições em uma linguagem desconhecida. Após examinar alguns dos elementos internos da nave, como roupas de cama e provisões alimentares, uma mulher surgiu do interior da embarcação.
A lenda Utsuro-bune
A narrativa descreve a figura feminina como uma jovem, com idade aproximada entre 18 e 20 anos, exibindo grande atratividade e comportamento amigável. Seus cabelos e sobrancelhas eram de tonalidade avermelhada, enquanto sua pele apresentava uma palidez rosa muito delicada.
Ela trajava vestimentas longas e esvoaçantes, descritas como confeccionadas com materiais de excepcional qualidade e origem desconhecida. Apesar de seus esforços para se comunicar com os pescadores, a mulher falava em uma língua obscura, talvez oriunda de um mundo distinto.
Um dos aspectos mais enigmáticos desse encontro reside em torno de uma caixa retangular que a mulher mantinha em seu alcance. A caixa possuía aproximadamente sessenta centímetros de comprimento e era composta por um material desconhecido de coloração clara.
Apesar da incapacidade de estabelecer comunicação verbal com os pescadores e moradores locais, a mulher deixou claro, por meio de seus gestos e comportamentos, que não permitiria que qualquer pessoa tocasse ou manuseasse a caixa, mesmo diante de solicitações amigáveis.
Muitos pesquisadores da ufologia especulam que essa caixa possa ser algum tipo de objeto ou dispositivo extraterrestre que possua poder próprio ou que contenha alguma forma de tecnologia alienígena de relevância.
Dado que todas as versões da lenda corroboram o fato de que a jovem não permitiu que a caixa escapasse de suas mãos, resta-nos apenas especular sobre a verdadeira natureza desse artefato e qual poderia ter sido seu propósito.
Dois livros populares que descrevem o incidente foram publicados no início e meados do século XIX. O primeiro deles é Toen Shousetsu (publicado por volta de 1825), enquanto o segundo é Ume no Chiri (publicado por volta de 1844).
Embora a maioria das histórias presentes nesses livros seja considerada folclore ou “pulp fiction”, elas continuam a ser relevantes, pois foi confirmado que ambas as obras foram escritas muito antes do surgimento da era moderna dos OVNIs.
O incidente Utsuro-bune é, sem dúvida, alvo de ceticismo e críticas por parte de muitos, os quais argumentam que a mulher em questão não era um ser extraterrestre, mas sim uma princesa estrangeira que teria sido exilada de sua terra natal em uma embarcação especial de formato circular.
Por outro lado, os defensores da perspectiva extraterrestre frequentemente ressaltam que as numerosas ilustrações detalhando o incidente retratam uma nave de origem evidentemente sobrenatural, assemelhando-se mais a um disco voador do que a um simples barco.
Essas representações visuais são frequentemente citadas na comunidade ufológica como algumas das primeiras imagens registradas de OVNIs.
Embora alguns livros e documentos façam menção ao incidente Utsuro-bune, não há qualquer reconhecimento oficial desse evento em documentos japoneses. Infelizmente, nesse estágio, são mais as perguntas do que as respostas acerca da veracidade do incidente Utsuro-bune.
Seria a embarcação realmente um objeto voador não identificado (OVNI) ou apenas uma versão ornamentada de um simples barco? Seria possível que o folclore em torno desse incidente tenha raízes na realidade, ou poderia ser explicado como nada mais do que uma mulher perdida no mar?
Podemos nunca ter certeza, mas, independentemente disso, é inegável que o incidente Utsuro-bune conquistou um lugar especial na história do paranormal.